Eloir Perdigão
O mecânico Jorge Comba, que tem uma indústria mecânica em Conselheiro Paulino, a RC Tec (www.rc-tec.blogspot.com), é conhecido por dar solução e tornar realidade qualquer ideia ou projeto. O principal produto da empresa (já mostrado em uma reportagem deste jornal) são as máquinas de pultrusão, que produzem o material chamado pultrudado, que pesa um quarto do aço e tem a mesma resistência do ferro, com a vantagem de não enferrujar, muito usado nas plataformas de petróleo. Usando a simplicidade acima de tudo, Comba, entre outros projetos, defende a madeira plástica, isso mesmo, um material assim chamado por ser resultante da reciclagem de todo tipo de plástico. E, como qualquer tipo de madeira, pode ser usada para fabricação de móveis, construção de grades e cercas, entre outras tantas aplicações. Numa época em que causa polêmica a proibição das sacolas plásticas e quando o presidente sanciona a nova lei de reciclagem, o processo de produção da madeira plástica parece que vem a calhar. Uma boa sugestão em defesa do meio ambiente.
Jorge Comba chama a atenção para a necessidade atual da reciclagem de plástico. Acima de tudo, ela é viável, embora seja feita em pouca escala em relação ao que existe no meio ambiente. Mas a tecnologia da reciclagem é complexa e, para reaproveitamento industrial do plástico, ele precisa ser separado, o que é uma grande dificuldade. Para essa separação, é necessário alguém que conheça profundamente de plástico. “O pet é um material, polietileno é outro, o PVC, e se estiverem misturados não há como serem aproveitados”, frisa Comba.
MADEIRA PLÁSTICA – Por isso surgiu a chamada madeira plástica, material resultante da moagem de todo o material plástico. Esta, segundo o mecânico, foi a saída encontrada para a reciclagem se tornar mais viável. Várias empresas hoje em dia produzem a madeira plástica. Apresentando um pedaço de madeira plástica, Jorge Comba diz que em sua indústria mecânica são fabricados os equipamentos capazes de produzir a madeira plástica. Tudo é feito através de um processo de trituração, adição de resina e outros materiais, secagem, entre outros detalhes para formar a madeira plástica.
Comba cita que atualmente a madeira plástica é utilizada para os mais diversos fins, como construção de decks, carrocerias de caminhões, móveis, bancos de praça, entre outros, com a vantagem de não dar cupim ou broca, sem lascas e ser resistente ao tempo. Ele lamenta a falta de conhecimento deste e de outros produtos no Brasil, até os desenvolvidos em sua empresa, como o pultrudado (citado no início desta matéria), bem como o processo de sua produção, a pultrusão.
Quem olha o pedaço de madeira plástica apresentado por Jorge Comba não difere o material da madeira comum. Ali tem para-choque de carros, cadeiras e sacolas plásticas, enfim, todo tipo de plástico. “É uma forma de utilizar esse material”, afirma. A Marinha, por exemplo, já o utiliza para convés de navio, as prefeituras estão comprando para fazer banco de praça, está sendo utilizado para fazer casa, portão, réguas, móveis. E a tendência é a utilização cada vez maior da madeira plástica, pois significa menos matéria prima extraída da natureza.
Segundo Comba, no Brasil a consciência da reciclagem do plástico ainda está engatinhando, mas no exterior já se encontra avançada. Ele cita o exemplo dos chineses, que estão indo ao Japão desaterrar aterros sanitários, feitos há anos, para retirar plástico. No exterior são realizadas feiras somente abordando reciclagem e já começam a atrair a atenção de empresários brasileiros. O próprio Jorge Comba tem trocado ideias com amigos seus. Ele crê que em cinco anos haverá um grande boom da reciclagem, podendo a madeira plástica ser encontrada até nas lojas para comprar.
UM GRANDE NEGÓCIO - Mas Comba cobra incentivo do governo para esse processo, porque desenvolvê-lo com os próprios recursos de cada um é difícil. “Hoje o Ministério da Ciência e Tecnologia deveria estar olhando um pouco mais para as empresas, porque todo financiamento do governo, tudo que se queira produzir, que se invente para a Petrobras ou qualquer órgão do governo tem que passar pela universidade. Aí é que está o erro, pois quem desenvolve é a indústria, somos nós que descobrimos. E se leva para a universidade para quê? Para arrumar um parceiro que vai tirar dinheiro do Finep, conseguir financiamento e nós mesmos não vemos nada. Acontece comigo isso”.
Além de incentivo do governo, segundo Comba é preciso que os empresários despertem para este grande negócio. “A tecnologia já está dominada. É preciso investimento”, diz. O primeiro passo pode ser procurá-lo, e ele mostrará o caminho.
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