Dom Edney Gouvêa Mattoso fala de seus primeiros meses na Diocese de Nova Friburgo

quarta-feira, 29 de setembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Dom Edney Gouvêa Mattoso fala de seus primeiros meses na Diocese de Nova Friburgo
Dom Edney Gouvêa Mattoso fala de seus primeiros meses na Diocese de Nova Friburgo

O bispo da Diocese de Nova Friburgo, d. Edney Gouvêa Mattoso, está em Roma, junto ao Papa Bento XVI, para a visita “Ad Limina”, que acontece em conjunto com todos os bispos do Regional Leste 1 da CNBB. Mas neste setembro ele completa seis meses de pastoreio na Diocese de Nova Friburgo. Empossado em 13 de março, em celebração eucarística que reuniu mais de seis mil pessoas na Praça Dermeval Barbosa Moreira, d. Edney assumiu em substituição a d. Rafael Llano Cifuentes, que durante cinco anos comandou a Igreja Particular de Nova Friburgo. Neste período, o bispo já implantou algumas mudanças que se faziam necessárias, continuou o trabalho de seu antecessor, no que se refere à organização da Diocese, visitou praticamente todas as paróquias e com pouco tempo conquistou o carinho dos católicos.

Natural do Rio de Janeiro, o bispo tem 53 anos e exercia a função de bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, comandada por dom Orani João Tempesta. Foi elevado ao episcopado no dia 12 de março de 2005, na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Durante a vida acadêmica, realizou três cursos: Filosofia, Teologia, na Faculdade de Teologia do Rio de Janeiro, e licenciatura em Ciências Biológicas. Entrou para o Seminário Arquidiocesano São José já adulto, em 1984, onde se destacou nos estudos de Teologia. Já era diplomado em Ciências Biológicas e havia trabalhado durante oito anos no magistério.

D. Edney fala e lê Italiano e espanhol. Foi ordenado sacerdote em 29 de agosto de 1987, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, pelo cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, e de imediato recebeu provisão para as paróquias São Marcos, na Barra da Tijuca, e São Pedro do Mar, no Recreio dos Bandeirantes.

A VOZ DA SERRA: Que balanço o senhor faz dos primeiros seis meses de governo pastoral? Como o senhor encontrou a Diocese, no que se refere à equipe de trabalho e o clero, o que já mudou e quais as propostas?

D. EDNEY GOUVÊA MATTOSO: São seis meses, já é algum tempo, embora não seja tanto tempo assim, mas nesses seis meses tenho aproveitado o máximo que posso para conhecer as diversas realidades da Diocese de Nova Friburgo. Ela, por sua extensão, é uma diocese que comporta não só variedades de climas, tem a própria exuberância da natureza, que se manifesta de formas tão diversas, mas também as realidades culturais de cada lugar, bastante diferentes em alguns pontos, o que certamente influencia no encaminhamento pastoral. Nesses seis meses, tenho aproveitado um pouco para andar na Diocese, conhecer o máximo que posso do povo de Deus, dos padres, diáconos, religiosos. Tenho feito um governo muito itinerante, de muitas visitas, encontros... E o balanço que faço é o melhor possível. Para mim, é uma grata surpresa perceber que me foi confiada uma Diocese com uma riqueza e um potencial imensos, que precisam ser muito bem explorados, principalmente no que diz respeito à expansão do anúncio do evangelho.

AVS: É pensamento do senhor a construção da nova catedral? Há preferência por algum local no centro da cidade? Existe esta possibilidade?

D. EDNEY: Olha, pensamento, sem dúvida alguma, há. Graças a Deus um dos projetos que eu tinha para Nova Friburgo, por graça de Deus, pude concretizar faz pouco tempo. Agora nós precisamos ver o que é necessário para o bom funcionamento. Um sonho meu sempre foi ter a Casa do Padre, que pudesse abrigar os nossos sacerdotes, que pela idade deixam de exercer o ministério nas paróquias. Ela fica bem próxima à Casa dos Pobres. A catedral, sem dúvida alguma, é o grande anseio da Diocese, mas depende de uma doação que me foi prometida, que estou ansiosamente aguardando, junto com todo o povo, que se concretize. Nos foi dada uma opção muito boa de local, mas me reservo ao direito de não dizer qual é este local. Mas, garanto que será no centro de Nova Friburgo.

AVS: Devido à grande extensão da Diocese, qual é a sua estratégia de governo?

D. EDNEY: De início, olhando a realidade que já comecei a concretizar, é a transferência provisória do governo da Diocese para os vicariatos, claro e evidentemente, a sede oficial continuará sendo Nova Friburgo, mas no período de inverno passarei um mês e meio no Vicariato Norte e um mês e meio no Vicariato Litoral, convivendo com as realidades próprias de cada lugar. É uma medida importante, porque me aproxima mais do povo e do clero, ajudará no discernimento das decisões que devem ser tomadas.

AVS: Como o senhor pretende atrair os católicos diante da apelação das igrejas evangélicas e da mídia?

D. EDNEY: A Igreja Católica não faz alarde nem está dentro de uma competição por maior número de fiéis. A Igreja Católica deve exercer a sua atração pela maneira, pela forma como o povo de Deus vive, como os cristãos vivem. Eu aposto muito nisso. Nós não precisamos ter medo do avanço de seitas, ou seja lá o que for, se nós estivermos vivendo plenamente o evangelho. Nós somos uma comunidade que vive a palavra de Deus e vive mais ainda intensamente o ensinamento de Jesus Cristo. Não vamos precisar temer isso ou aquilo, porque é como nos diz o Atos dos Apóstolos: “O povo era um só coração e uma só alma”.

AVS: Sabemos que as assembleias paroquiais e vicariais já estão sendo preparadas. Fale um pouco sobre o assunto.

D. EDNEY: Desde que cheguei, já no meu discurso de posse, esta é uma das muitas intenções de governo que trago no coração. Logo que comecei a me mexer governando a Diocese, constituí uma comissão, o secretariado de pastoral, que está se articulando com representantes dos vicariatos para que a assembleia possa, de fato, espelhar a igreja diocesana de Nova Friburgo. Esta comissão, composta de padres e leigos, profundamente engajada, está preparando o material que está sendo levado para os vicariatos, um texto base de estudo, no qual as paróquias começarão a se debruçar, para que possamos partir para a assembleia, que terá como grandes frutos as diretrizes diocesanas.

AVS: Que avaliação o senhor faz da Unidade Diocesana?

D. EDNEY: A Unidade Diocesana é verdadeiramente um grande espetáculo de fé e de unidade mesmo. Uma das coisas que sempre tenho dito é que a Unidade não pode estar resumida a uma grande festa. Ela tem nesta festa o grande símbolo da Unidade, mas é fruto de um trabalho, um caminhar juntos, e é nesse sentido que se constrói verdadeiramente a Unidade Diocesana.

AVS: O que o senhor acha de políticos imiscuídos na religião?

D. EDNEY: A Igreja, como mãe que é, em primeiro lugar, procura incentivar aqueles seus filhos que se lançam na vida pública. Nós precisamos ter católicos conscientes de que estão à frente de cargos públicos, que não olhem seus interesses, mas os interesses do bem comum. Se isso acontecer, com certeza estarão caminhando muito afinados com a Igreja. O que a Igreja quer é que eles olhem para o povo de Deus, que sejam animadores e incentivadores da verdade, trabalhando na justiça, na fraternidade, na capacidade de lutar contra essa atmosfera de corrupção que cerca a sociedade, nunca se esquecendo da ética. Esses são os bons políticos.

AVS: A atual estrutura da Renovação Carismática Católica lhe agrada?

D. EDNEY: A Renovação Carismática foi e é um grande bem para a igreja. Algumas dificuldades havidas, num clima de obediência, concórdia e amor à igreja, acima de tudo, são facilmente superadas. A Renovação Carismática tem uma capacidade enorme de trazer os fiéis que estão afastados, trazer de volta ao rebanho aqueles que já há algum tempo estão por aí, à margem, então, louvo a Deus pela existência da Renovação Carismática Católica, como louvo a Deus pela existência de muitos outros movimentos, novas comunidades. O Santo Padre já dizia que os movimentos e novas comunidades são como uma nova primavera na Igreja, portanto, nós só podemos incentivar, e se houver alguma coisa a corrigir, como eu disse, num clima de obediência, amor, respeito, tudo isso a gente consegue com tranquilidade.

AVS: Fale um pouco sobre a visita “Ad Limina”.

D. EDNEY: É um momento de profunda comunhão com o Santo Padre, onde nós, bispos do Regional Leste 1 da CNBB, estamos nestes dias. E vamos estar nos diversos dicastérios, que tratam das principais dimensões da Igreja, certamente um momento de crescimento, amadurecimento, onde estamos com o sucessor de Pedro. Este talvez seja o laço mais bonito de uma visita “Ad Limina”, que manifesta a comunhão do episcopado com o sucessor dos apóstolos. Estamos com muita alegria e esperança no coração de termos esse encontro bonito, paternal, fraterno com o Santo Padre, os dicastérios e, a partir daí, trazermos os frutos dessa visita para a nossa Diocese.

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