Texto e fotos: Eloir Perdigão
O Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (Napes) é um órgão da Secretaria de Estado de Educação e da Coordenadoria Regional da Região Serrana II, que compreende os municípios de Nova Friburgo, Bom Jardim, Carmo, Sumidouro e Duas Barras. As professoras especialistas integrantes do Napes são Adriana Macedo de Faria Silvestre, Jaqueline Batista Corrêa, Marcia Bandeira Dias e Natalina Schimidt El-Jaick. A coordenadora estadual de Educação Especial é Roseni Silvado Cardoso. É competência do Napes assegurar recursos e serviços educacionais especiais, visando apoiar os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades de ensino, em consonância com a Política Nacional de Educação Especial. O Napes promove capacitações e orientações aos professores das classes comuns de forma itinerante, garantindo atendimento pedagógico adequado às necessidades educacionais dos alunos com deficiência, deficiência múltipla (surdocegueira), transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Como parte dos serviços prestados às pessoas com deficiência visual, o Napes promoveu um curso de sorobã, na quarta-feira, 15, no auditório da Coordenadoria Regional Serrana II, ministrado pelo professor deficiente visual da cidade de Mesquita, Francisco Antônio de Souza. O curso constou da capacitação de cerca de 30 professores dos municípios de abrangência da coordenadoria, para que ensinem os deficientes visuais a fazer todos os cálculos no sorobã, ou ábaco, instrumento surgido no oriente.
O SOROBÃ – Atualmente o estudo do sorobã não está mais limitado à comunidade de descendentes orientais. Nas escolas é crescente o interesse de não descendentes pelo seu uso. Embora haja a presença da calculadora eletrônica – de mesa, de bolso, em agendas eletrônicas, relógios, etc – cada vez mais pessoas têm percebido que o exercício de pensar está sendo relegado a segundo plano, sempre em favor da comodidade de apertar alguns botões e ter a resposta pronta. Embora o ábaco tenha surgido em uma época sem caixas registradoras e com trole computadorizado de estoque, seu valor como instrumento de exercício mental, de treino de atenção e concentração, entre outros, não entra em choque, nem muito menos é ofuscado por máquinas que realizam milhões de cálculos por segundo.
O início do uso do sorobã por pessoas cegas ou de baixa visão (visão subnormal), nos anos 40 e 50, veio a melhorar o trabalho matemático antes feito no cubarítmo, que consiste em uma grade onde são colocados cubos (daí o nome) com os números em braile, montando as contas como em tinta. Ainda que hoje sejam vendidas calculadoras falantes, a prática de cálculos com o sorobã supre a falta de instrumentos à mão, pois permite, com o tempo, que o praticante desenvolva habilidades de cálculo mental, ou seja, começa-se a efetuar os cálculos sem o apoio físico do instrumento.
HISTÓRIA DO SOROBÃ – Este instrumento passou por diversas mudanças até ser obtida a configuração atual. Foi ‘importado’ da China para o Japão, em 1622. Para o Brasil foi trazido em 1908, ainda em sua versão antiga, mas já modificada do modelo chinês. Em 1949 o sorobã foi introduzido no ensino da matemática para deficientes visuais pelo professor Joaquim Moraes e é utilizado até os dias de hoje.
As origens primordiais do ábaco remontam a um método de calcular usando sulcos na areia e pequenas pedras, pelos árabes. Em seguida houve a substituição da areia por uma tábua de argila; posteriormente as contas passaram a ser orientadas por uma haste que as transpassavam. O modelo chinês, devido ao sistema de pesos e medidas ser hexadecimal, possuía duas contas na porção superior e cinco na inferior, possibilitando registrar valores de 0 a 15 em cada coluna.
Pela portaria 1.010, de 10 de maio de 2006, do Ministério da Educação, ficou autorizado o uso do sorobã a pessoas com deficiência visual em concursos públicos, vestibulares e outros exames.
O CURSO – Não somente os deficientes visuais podem se valer do sorobã. Qualquer pessoa pode utilizá-lo, tanto que em alguns lugares já está sendo pensado o ensino deste instrumento na rede regular de ensino. No curso ministrado em Nova Friburgo, na quarta-feira, o professor Francisco deu uma noção do manuseio do sorobã para professores, como as quatro operações, fração, potência, raiz, entre outros cálculos. Muitos professores de matemática que participaram do curso não conheciam o sorobã. E, segundo o professor, ficaram muito entusiasmados. Francisco espera que em breve o ensino do uso do sorobã seja mais difundido, não só para pessoas com necessidades especiais como também no ensino regular. “É mais uma ferramenta no auxílio da aprendizagem”, encerra.
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