Henrique Amorim
uem mora no Prado, distrito de Conselheiro Paulino, na Rua Mauro Luiz Ceccon Salarini (antiga Avenida Brasil), sofre neste período de estiagem com a poeira às margens do Rio Bengalas. A dona de casa Valdinéia Monteiro Pedro tem constantes alergias e falta de ar por respirar grande quantidade de pó, principalmente quando um carro passa em frente a sua casa. “Todo dia limpo toda minha casa, mas, antes do almoço, dá para escrever sobre os móveis. A poeira chega a enfumaçar todo o ambiente”, reclama a moradora do local há pelo menos dez anos.
Ela sonha com o tão propalado asfalto da Mauro Luiz Ceccon, mas, por incrível que pareça, Valdinéia e muitos vizinhos ainda preferem a poeira dos dias secos que as enchentes dos períodos de chuva forte. Com a proximidade do verão, os moradores do Prado ficam temerosos com a possibilidade de novas cheias no Rio Bengalas, já que muitas ruas de grande movimento, como Herdy e Pacheco do Almo, estão situadas abaixo do nível do rio. O pedreiro Marcos Afonso Pimentel já teve grandes prejuízos com a perda de móveis e utensílios em sua casa devido a enchentes no bairro e admite que sonha conseguir comprar a casa própria em outro lugar. “Tenho muitas lembranças tristes daqui”, diz.
A esperança, tanto dos moradores como da Prefeitura, é que a canalização do Bengalas, no trecho entre a confluência com o Córrego Dantas e a barragem do Catete, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, reduza as enchentes no bairro. “O ideal é que essa canalização fosse realizada ao longo dos bairros Duas Pedras, Jardim Ouro Preto e Prado, pois, do jeito que está, a maior vazão se dará apenas no final do Prado. Se chover muito, diversos moradores ficarão prejudicados”, observa o morador Pedro de Alcântara, que reclama também da deficiência na limpeza pública no bairro.
O secretário Especial de Conselheiro Paulino, Jorge Muniz, lembra que dispõe de apenas 80 funcionários para frentes de obras e manutenção do maior distrito do município, e, infelizmente, não há cooperação dos próprios moradores, que insistem em despejar lixo doméstico e descartar papéis e dejetos nas ruas, calçadas e margens do Bengalas. Só nas últimas semanas, por exemplo, cerca de 200 caminhões de detritos e entulhos foram retirados de terrenos, encostas e ruas de todo o distrito, muitos deles no Prado.
Jorge Muniz aponta ainda como o grande problema do Prado a falta de redes de esgotamento sanitário, que resulta no comprometimento e sobrecarga das galerias de captação de águas pluviais (das chuvas), com o despejo irregular de esgoto. “Durante as chuvas fortes, com o aumento do nível do leito do rio, as galerias ficam sufocadas e o esgoto retorna para as ruas e invade até mesmo algumas casas. É um caos que precisa ser revisto com investimentos”, destaca ele, lembrando que a Prefeitura espera resolver a situação com o sistema de captação e tratamento do esgoto, já em implantação pela concessionária do setor.
Calçadas e acostamentos transformados em estacionamento: um transtorno
Uma das principais reclamações dos moradores do Prado é a dificuldade para caminhar nas calçadas e acostamentos da Avenida Roberto Silveira. No sentido Centro, em diversos trechos o acostamento é tomado por veículos estacionados e aos pedestres resta caminhar em meio ao tráfego intenso ou se arriscar na margem do Bengalas, onde não há grades de proteção. Em outros trechos a erosão já compromete o piso: um risco iminente de acidentes.
Do outro lado, no sentido Conselheiro Paulino, as calçadas e o acostamento também são utilizados como estacionamento. A afronta é tanta que até mesmo algumas lojas utilizam o espaço público com demarcação de vagas para seus clientes, conforme já mostrado recentemente por A VOZ DA SERRA. “É um verdadeiro absurdo. Outro dia, quase que uma senhora com uma criança ao colo foi atropelada por um carro aqui, ao ter que passar pela pista, já que o espaço, que era para ser uma calçada, estava ocupado com veículos estacionados. Cadê as autoridades?”, reclama o morador Antônio José de Pinho. Quanto à prestação de serviços das concessionárias de serviços públicos, não houve reclamações dos moradores.
Autran proibirá estacionamento em trechos da Roberto Silveira e Nossa Senhora do Amparo
O superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito (Autran), Vanor Pacheco, o Vanozinho, anunciou que nas próximas semanas proibirá o estacionamento de veículos na Avenida Roberto Silveira, ao longo de todo o acostamento às margens do Rio Bengalas, permitindo, assim, maior comodidade aos transeuntes. A Autran também delimitará as áreas de estacionamento ao longo da Avenida Nossa Senhora do Amparo, com o intuito de garantir a melhoria no fluxo de veículos nesta via alternativa à Avenida Roberto Silveira.
A Secretaria Especial de Conselheiro Paulino acredita ainda que, após a realização da obra de recuperação do pavimento da Avenida Nossa Senhora do Amparo, prometida pelo estado, assim como da Avenida dos Ferroviários, ambas as vias passem a ser mais utilizadas pelos motoristas, reduzindo o tráfego na Avenida Roberto Silveira, que possui diversos semáforos. “Nossa grande luta é tentar conseguir que o estado e a União estendam a canalização do Bengalas e incrementem as obras de drenagem do Prado com recursos do PAC”, torce Jorge Muniz.
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