No Jardim Ouro Preto, o trânsito é o grande problema
Flávia Namen
Localizado entre Duas Pedras e Prado, o Jardim Ouro Preto é caracterizado pelo tráfego intenso, já que é passagem obrigatória para o distrito de Conselheiro Paulino e os municípios do Centro-Norte do estado. Apesar de localizado num dos trechos mais movimentados da RJ-116, o bairro concentra várias instituições de ensino e entidades assistenciais, como Apae, Creche Colmeia do Senhor, Cefet, Ciep Glauber Rocha, Centro de Educação Infantil Professora Letícia Coutinho Soares, Colégio Estadual Vicente de Moraes e Ginásio Frederico Sichel. Órgãos estaduais, como o escritório regional da Emater-Rio e o Centro de Recurso Integrado ao Adolescente (Criaad) – antigo Criam –, também estão situados no Jardim Ouro Preto.
O bairro, que também reúne indústrias como a metalúrgica 3F, várias confecções e lojas de material de construção, tem ainda outras refrências, entre as quais a Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição e o barracão da escola de samba Acadêmicos do Prado. Mesmo sendo um dos maiores polos sociais do município, o Jardim Ouro Preto tem uma série de problemas que prejudicam o cotidiano da comunidade, conforme constatou a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA em visita ao bairro.
A desordem no trânsito é a principal queixa de quem mora, trabalha ou estuda no bairro. E é fácil constatar a alta velocidade dos veículos e as muitas infrações cometidas. Acidentes e atropelamentos costumam ser registrados com frequência no trecho, onde o acostamento é utilizado como calçada por muitos estudantes. “As crianças caminham na beira da estrada, próximas a carretas velozes. É um perigo”, diz o jornaleiro João Carlos Ruiz, que há quatro anos trabalha numa banca na esquina da Rua Plácido Lopes Martins. Segundo ele, o desrespeito às leis de trânsito é comum naquele trecho. “É proibido contornar à esquerda, mas a maioria dos carros sai desta rua e vira direto na RJ-116. Já presenciei até acidentes fatais aqui e acho que deveriam atender a um pedido antigo da comunidade e instalar redutores de velocidade nesse trecho da estrada. Os agentes da Autran já estiveram aqui durante um período, mas não adiantou muita coisa”, disse João Carlos.
Para a diretora da escola infantil Letícia Coutinho Soares, Fátima Lopes, a questão do trânsito é bastante preocupante. “Os sinais demoram a abrir para os pedestres e o tempo de parada é muito curto e não é suficiente para as pessoas atravessarem, principalmente os idosos e os alunos da Apae”, disse. Segundo ela, é preciso disciplinar o trânsito, já que os carros avançam o sinal com frequência. O coordenador de eventos da Apae, Flávio Mello, e o diretor geral da Acadêmicos do Prado, Antônio Carlos da Silva, engrossam o coro dos descontentes com o tráfego no bairro. “Nosso maior problema é o trânsito, que está uma bagunça e coloca a comunidade em risco. Sem contar que o acostamento da RJ-116 virou estacionamento de veículos, o que é proibido pelo Código de Trânsito”, destacam eles, reivindicando maior fiscalização e a presença de um guarda de trânsito para reprimir as irregularidades.
Ruas sujas, mal iluminadas, cheias de buracos e muitos detritos no leito do rio
A pavimentação é outro problema do bairro, que não dispõe de calçadas asfaltadas em diversas ruas, prejudicando os pedestres, que precisam enfrentar poeira nos dias de sol e lama quando chove. O excesso de buracos vem incomodando a comunidade, principalmente nas ruas Érico Coelho e Ventura Spargolli. Nesta última, os quebra-molas foram destruídos nas laterais para que as motos passem em alta velocidade. “Essa área aqui está abandonada há muito tempo e precisa de mais atenção, porque temos muitas escolas aqui. Além dos serviços de manutenção, acho que o estacionamento deveria ser proibido num lado da rua, para facilitar a passagem das mães que trazem os filhos à Apae nos carrinhos ou cadeiras”, diz Carlinhos, da Acadêmicos do Prado. Ele reclama também da falta de iluminação pública. “À noite isso aqui é uma escuridão”, diz.
As ruas do bairro também necessitam de serviços de capina e limpeza e colocação de tampas nos bueiros. Muitas estão quebradas, oferecendo risco a quem passa. São poucas as cestas de lixo ao longo das vias e é possível observar que detritos e embalagens vazias acabam sendo jogados no chão.
O leito do Rio Bengalas, que corta o bairro, continua sendo utilizado como lixeira por muita gente. Neste período eleitoral, o problema se agrava e é possível ver folhetos e placas de candidatos boiando no rio. O mau hábito contribui para a ocorrência de enchentes, um problema crítico do bairro no período do verão. “Já perdi um carro naquela enchente de 2005”, diz Carlinhos.
Marcas dos constantes alagamentos ocorridos no bairro ainda podem ser vistos, como o desmoronamento de um trecho da Avenida Governador Roberto Silveira, próximo à ponte que corta o bairro. Quem passa no local precisa ter cuidado redobrado. Para evitar os transtornos causados pelas constantes enchentes, a comunidade reivindica a limpeza das margens e a dragagem do rio.
No setor de lazer, o bairro tem algumas opções para as crianças e jovens, como os projetos Atitude e Atleta do Futuro, que oferecem aulas de ginástica artística e basquete, numa parceria da Firjan e Prefeitura. Mesmo assim, o Jardim Ouro Preto carece de mais espaços públicos para diversão e recreação dos moradores e dos muitos estudantes que por lá passam diariamente.
Concessionárias, Prefeitura e
Autran respondem as principais
queixas da comunidade
Segundo nota enviada pela Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Nova Friburgo, o novo secretário de Conselheiro Paulino, Jorge Muniz, assumiu a função há menos de um mês, mas já retirou do bairro cerca de 400 caminhões de entulhos e lixo. “O secretário afirma ainda que as equipes de limpeza e capina estão percorrendo as localidades do distrito para atender às solicitações dos moradores. Quanto às outras requisições, Jorge terá reunião com a Secretaria de Obras para tratar do assunto”, destaca a nota.
Quanto ao envio de agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (Autran) para disciplinar o tráfego de veículos no local nos horários de entrada e saída das escolas, o superintendente do órgão, Vanor Breder Pacheco, informa que a Autran não dispõe de número suficiente de agentes para atuar em todas as áreas críticas do município.
As outras reivindicações relativas ao trânsito, como a instalação de redutores de velocidade e o aumento no tempo de parada dos sinais na pista da Avenida Governador Roberto Silveira, que corta o bairro, foram encaminhadas à concessionária Rota 116, responsável pelo trecho. Até o fechamento desta edição, a assessoria informou apenas que a concessionária pretende iniciar um trabalho em parceria com a Autran para solucionar os problemas de tráfego no bairro.
A queixa referente à falta de iluminação será apurada pela Energisa, conforme comunicado enviado pela concessionária. “Apesar de não termos qualquer reclamação de iluminação pública pendente, no que diz respeito à manutenção, iremos fazer uma revisão geral nas localidades mencionadas ainda esta semana. Caso a reclamação refira-se à falta de iluminação, ou seja, à necessidade de instalação de novos pontos, este pleito deve ser dirigido à Secretaria de Serviços Públicos”, destaca a nota.
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