Embora tenha assumido recentemente, o secretário municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Trabalho, Christiano Huguenin, considera os quatro Centros de Referência de Assistência Social – conhecidos como CRAS – existentes na cidade, como “verdadeiras portas de entrada para quem precisa de auxílio no setor”. Mais do que possibilitar a abertura de portas e receber cada cidadão, os profissionais capacitados – psicólogos e assistentes sociais – dão a atenção necessária para identificar as reais situações do indivíduo e encaminhá-lo ao serviço necessário mais urgente e, por etapas, ir devolvendo-lhe a autoestima e os direitos básicos de todo cidadão.
“O primeiro contato com quem procura ajuda é para saber o que o indivíduo realmente precisa naquele momento. Sempre que possível são feitas visitas à família, e aí sim cadastramos em programas de níveis estadual e/ou federal. São oferecidos cursos e atividades gratuitas também nos CRAS e instituições da rede de assistência social, o que ajuda muito a resolver diversas questões”, explica Christiano, acrescentando que no município, os quatro Centros (Suspiro, Olaria, Conselheiro Paulino e Campo do Coelho) funcionam de segunda a sexta-feira.
Cada um possui particularidades formadas em virtude dos próprios usuários e, aos poucos, vão se tornando grupos, que acabam desempenhando atividades ocupacionais em alguns casos mais eficazes do que os remédios antidepressivos.
Fonte de renda e combate à ociosidade
No CRAS do Suspiro, localizado na rua Plínio Casado, 4 (ao lado da Policlínica Centro Sylvio Henrique Braune), vem sendo desenvolvido o projeto Arte-Vida Biscuit, no qual um grupo trabalha manuseando e dando formas ao biscuit, a partir da massa feita da mistura de amido de milho, cola branca, vaselina líquida (ou creme para as mãos) e conservante (que pode ser limão ou vinagre).
O Arte-Vida Biscuit foi lançado pela Secretaria de Assistência Social e pela coordenadora do CRAS Suspiro, a psicóloga Lidiane Schumacker. A ideia foi da assessora do CRAS, Ana Paula Cortes Rodrigues, atual coordenadora do projeto, a qual, antes mesmo de passar por uma experiência na Argentina, onde esteve recentemente participando de intercâmbio sobre a atuação de um Centro de Atenção à Vítima de Delito, já pesquisava sobre trabalhos artesanais da atualidade, que não só ajudassem a preencher o tempo ocioso das pessoas, mas que também fossem fontes de renda extra.
Orientadas pela instrutora de artesanato Stella Moreira, as alunas praticam há um mês (as segundas, terças e quartas, das 9 horas às 12 horas) a arte do biscuit. Assim que a técnica foi apresentada, as alunas resistiram, pois só conheciam o tricô, crochê, bordado, tear, fuxico e a ‘fofoca’ – nome com o qual batizaram outra técnica, utilizada para a confecção de almofadas.
Caricaturas do Prefeito e Secretários
A instrutora Stella já trabalhava com o biscuit para decoração de potes e passou a ensinar às alunas a não só fazer a massa, também encontrada em lojas de artesanato, mas também a dar a cor desejada à determinada quantidade de massa, dependendo da peça a ser criada; a dar formas à massa, que vai sendo sobreposta para criar a miniatura, que pode ser um ímã de geladeira, uma peça para decoração, um acabamento para uma caixa, e tudo mais que a imaginação e a criatividade permitirem.
E foi assim que surgiram as caricaturas de biscuit. A ‘utópica’ Ana Paula, como ela mesma se intitulou, sugeriu a criação de boneco retratando a figura do prefeito Heródoto Bento de Mello. E a instrutora tratou logo de aperfeiçoar seus conhecimentos com o artista plástico Chico Joy, e não demorou muito para a peça ficar pronta, tendo sido entregue ao prefeito pelo ex-secretário de Assistência Social, vereador Isaque Demani, no último dia 7 de agosto, durante solenidade de entrega das casas aos desabrigados e a inauguração da infraestrutura (redes pluviais, saneamento e asfalto) do conjunto habitacional da localidade de Lagoa Seca.
Alunas e instrutora fizeram outra caricatura do prefeito – exposta na sala onde o curso é oferecido gratuitamente –, assim como outra caricatura do subsecretário de Assistência Social, Gilberto Paulo de Souza; uma da própria coordenadora do projeto, Ana Paula, entre outras. Secretários municipais e assessores, que viram o trabalho, gostaram tanto que já estão fazendo pedidos.
A aluna Maria dos Anjos, 73 anos, natural do Maranhão e moradora da Chácara do Paraíso, há cinco anos frequenta o CRAS Suspiro. Animada, ela comenta: “estou gostando de aprender biscuit. Sempre que posso viajo, participo de outros grupos, mas, assim que puder, vou levar o que fizer para dar de presente aos meus parentes. Antes, eu só fazia tricô, crochê, bordados, fuxico e ‘fofoca’. Será que vai ser bom para vender?”
Outra aluna, Geralda Edis da Silva Louback, de 67 anos, moradora de Amparo, está tendo a oportunidade de aprender uma nova arte. Ao lado de suas novas amizades, Geralda aprende novo ponto de crochê e manuseia a massa que lhe trará novas possibilidades de criação: “eu andava muito preocupada, desde que perdi meu marido, mas aqui sei que vou aprender muitas coisas, que são importantes pra gente”.
Dona Célia Emerick Gomes, aos 70 anos, também frequenta o CRAS do Suspiro há anos e não sabia como fazer os trabalhos em biscuit. Segundo a instrutora, o seu professor Chico Joy ensina a não utilizar fôrmas e a criar toda a peça manualmente, cada detalhe, o que contribui para alunas e a instrutora saírem ganhando com o aprendizado.
“Em breve teremos o Cão Sentado, em miniatura. No mundo todo, a arte do biscuit é reconhecida. Além de acabar com o processo de ociosidade de algumas pessoas, o convívio em grupo é muito bom”, comenta a coordenadora Ana Paula, que está cheia de ideias: “Por que não fazer imãs de geladeiras com miniaturas de peças de lingerie para vender como souvenir? Estamos conversando sobre a possibilidade de comercialização, na feirinha da praça, dos trabalhos das alunas que quiserem”, explica a psicóloga Lidiane.
Para a equipe do CRAS do Suspiro, o que não falta é motivação para dar andamento a este projeto, cuja tendência é tornar-se uma referência dos demais Centros de Nova Friburgo. A miniatura de um balão feita em biscuit com os ‘Mandamentos do CRAS - Suspiro’ demonstra o que nunca pode faltar por lá: paz, amor, união, bondade, carinho e respeito.
O CRAS Suspiro (Rua Plínio Casado, 4) está aberto para receber novos alunos para o Arte-Vida Biscuit. E quem quiser e puder doar materiais a serem utilizados nas aulas deve entrar em contato pelo telefone 2528-7274. Há necessidade de bases para as miniaturas e ingredientes para a fabricação da massa.
Mudando o que é possível
O dia do assistente social é 15 de maio, e o do psicólogo, 27 de agosto. Ambos profissionais trabalham juntos, diariamente, para atender aos que buscam modificar o que é possível, através da oferta de serviços de assistência social. Somente os profissionais que gostam do que fazem são capazes de olhar o ser humano como uma autêntica joia criada por Deus.
Numa das salas da Secretaria de Assistência Social pode-se ler a ‘Oração da serenidade’, de autoria desconhecida, mas podendo ser adotada por todos: “Deus, conceda-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar o que posso e sabedoria para reconhecer a diferença”. Ciente de que muitos são os desafios, o secretário Christiano Huguenin está planejando ações para dinamizar a secretaria. Uma delas será realizada a partir do próximo mês, no chamado ‘Mutirão da Inclusão’, cujo objetivo será percorrer bairros da cidade para reconhecer famílias que podem ser beneficiadas com programas do governo federal e/ou estadual.
Outra iniciativa será a unificação do cadastro para distribuição de cestas básicas no município. Segundo o subsecretário Gilberto Paulo de Souza Filho, atualmente são distribuídas pouco mais de mil cestas básicas mensais. “Felizmente, instituições e iniciativas particulares doam cestas básicas em Nova Friburgo. Mas se tivermos um único cadastro, tanto da Secretaria quanto das instituições ou iniciativas particulares, poderemos ampliar o número de pessoas atendidas. Não queremos que ninguém perca nada, só queremos poder fornecer outras cestas básicas a quem não recebe nenhuma ainda”, explicou o secretário.
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