A carga tributária no Brasil é percebida como alta ou muito alta por mais de 95% da população das seis principais regiões metropolitanas do país. A redução da carga é vista como melhor solução para a população por 89,2% das pessoas, embora 69,9% reconheçam que poderia faltar recursos para investimentos públicos. Embora a imensa maioria (89,4%) saiba da incidência de impostos nos produtos, mais da metade não tem ideia sobre quais são os percentuais. Perguntados sobre a importância de se tratar do tema na campanha eleitoral, 85,1% responderam que é importante ou muito importante.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa Impactos dos Tributos sobre a População, uma iniciativa da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), divulgada na semana passada. Foram 2.482 entrevistas realizadas em Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
O objetivo foi avaliar o nível de conscientização sobre a carga tributária, investigar o conhecimento sobre o volume incidente nos produtos e serviços e verificar o que as pessoas fariam com uma sobra mensal caso a carga fosse reduzida. A margem de erro é de 1,9%, para mais ou para menos.
A percepção sobre a alta carga tributária passa para 97,1% quando os entrevistados são estimulados a comparar a arrecadação e a qualidade dos serviços prestados pelo estado. Para 80,3%, seria relevante ter o imposto pago discriminado na nota fiscal.
Uma pergunta sobre a finalidade dos tributos demonstrou que 64,9% sabem que o destino da arrecadação é manter e melhorar serviços públicos, mas também mostrou respostas indignadas: 21,8% disseram que o dinheiro vai parar no bolso dos governantes. Outros 8,8% responderam que a verba “não é aplicada como deveria”, e 6,8%, que o estado “não investe o dinheiro arrecadado”. Nesta questão foi permitido marcar mais de uma opção.
Numa eventual redução de carga tributária, os entrevistados citaram como maiores benefícios o aumento de renda (55,7%), aumento de consumo (32,9%), redução de preços (29,3%) e aumento da oferta de empregos (26,2%). A pesquisa também apurou que impostos, taxas e contribuições os brasileiros conhecem.
Deu IPTU em primeiro (65,3%), seguido de IPVA (44,2%), Imposto de Renda (43,5%) e a contribuição para o INSS (42,4%). Os menos conhecidos são o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), com 1,7%, e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), com 1%.
Injeção de recursos na economia com redução de carga pode chegar a R$ 107 bi
Para medir o que as pessoas fariam com uma sobra mensal decorrente de uma eventual redução na carga tributária, a pesquisa ofereceu dois cenários. Se o total liberado pela queda fosse de 5% do orçamento familiar, 44,3% poupariam o dinheiro; 37% aproveitariam para consumir mais; e 18,7% quitariam dívidas. Entre os que disseram que gastariam mais, os tipo de produtos mais citados foram alimentação (54,7%), vestuário (16,1%) e lazer (15,8%). Esse consumo injetaria, segundo estimativas da Firjan, R$ 57 bilhões na economia brasileira.
No cenário de uma redução de carga que liberasse 10% do orçamento familiar, o resultado foi parecido: 48% poupariam; 35,5% consumiriam mais; e 16,5% quitariam dívidas. Entre os que gastariam a sobra, além de alimentação, vestuário e lazer, aparecem entre as categorias citadas saúde (planos de saúde e remédios) e educação (cursos de línguas e de especialização). Neste caso, a injeção estimada de recursos na economia seria de R$ 108 bilhões.
Firjan faz campanha para discutir carga, transparência e aplicação de impostos
A Firjan lançou na última semana a campanha Dieta do Impostão, de conscientização da população sobre a alta carga tributária do país, a falta de transparência do sistema e o baixo retorno nos serviços prestados.
No lançamento da pesquisa Impactos dos Tributos sobre a População foram apresentadas as peças publicitárias e o filme da campanha. A intenção é envolver a população e contribuir para que o assunto ganhe visibilidade no período pré-eleitoral, entrando para a pauta de discussão dos candidatos.
“Nas campanhas dos principais candidatos à Presidência da República não percebemos o interesse em debater as questões tributárias”, disse o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. Para ele, é preciso envolver o cidadão no tema: “A Dieta do Impostão tem o objetivo de mostrar ao brasileiro quanto ele paga de impostos”, acrescentou.
A estrela da campanha de mídia e de mobilização nas redes sociais é o Impostão, personagem que representa o impacto da alta carga tributária e devora parte de tudo que encontra pela frente.
O site Dieta do Impostão (www.dietadoimpostao.com.br) esclarece os visitantes sobre tributação, seus impactos na economia e a necessidade de uma Reforma Tributária. Conta com tabela de impostos sobre os produtos consumidos no dia a dia do brasileiro, abaixo-assinado e material promocional da campanha para download. Um blog reúne discussões e notícias sobre o tema. A mobilização em torno do assunto estará também nas redes sociais como Facebook, Orkut, Twitter e YouTube.
A pesquisa Impactos dos Tributos sobre a População está disponível para download em HTTP://www.mailsender.com.br/clientes/firjan/201008_Dieta_do_Impostao_Pesquisa.pdf
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