Henrique Amorim
A preocupação em Nova Friburgo em resgatar sua memória desde o período da pré-colonização suíça, há 192 anos, é tanta que o município pode se orgulhar por ser um dos poucos a possuir uma fundação encarregada de cuidar de sua história mantendo-a viva. É a Fundação Dom João VI, que teve seu primeiro conselho gestor empossado na última sexta-feira, 13, em solenidade no gabinete do prefeito Heródoto Bento de Mello, presidente do conselho, além dos conselheiros Nelson Bohrer, o Guguti; o bispo diocesano dom Edney Gouvêa Mattoso; o diretor de A VOZ DA SERRA, Laercio Rangel Ventura; o historiador Carlos Jayme Jaccoud; o advogado Marcelo Braune; o empresário Oswaldo Antônio Lucho Júnior; o diretor da Energisa, Amaury Damiance; Helênio Campos da Silva; a grande mentora do arquivo de documentos e história de Nova Friburgo, o Pró-Memória, Thereza Albuquerque de Mello; e a professora Dilva Maria de Moraes. Todos terão mandato de dois anos e posteriormente assumirão os cargos de conselheiros eméritos.
A Fundação Dom João VI já se envolve com a digitalização do rico e vasto arquivo Pró-Memória, em que se encontram pelo menos 168 mil páginas de diversos jornais que ajudaram a escrever a história friburguense; mais de 14 mil fotografias, além de atas da Câmara de Vereadores, documentos, cartas, manuscritos e até discos em 78 rotações da Rádio Sociedade de Nova Friburgo AM. O trabalho já vem sendo executado e nos últimos dois anos já foram digitalizadas sete mil páginas de jornais antigos (4% de todo o acervo).
Já é possível, portanto, acessar através do site www.fundacaodjoaovi. com.br todo o conteúdo das edições de A VOZ DA SERRA de 1945 a 1947, além de exemplares dos extintos jornais locais A Paz, O Nova Friburgo, O Pharol, O Progresso, O Friburguense e Cidade de Friburgo, de 1884 a 1964. Também já estão disponíveis na internet as edições dos periódicos estaduais O Diário do Rio de Janeiro, Jornal do Commércio, Gazeta de Cordeiro, O Cantagalo e Jornal do Brasil, além do álbum comemorativo da Independência de 1922. Também já estão sendo inventariados documentos sobre as colonizações européias, livros de registros de hotéis, de falecimento de escravos, juramentos de estrangeiros e até casamentos protestantes. Após a digitalização, todo o material é lacrado e guardado.
“Todo o material é fotografado e digitalizado, numa atividade extremamente minuciosa, detalhista e, acima de tudo, prazerosa. É o fiel resgate de nossa história”, valoriza Guguti, entusiasmado com a atividade. Ele aposta ainda que a fundação seja o primeiro passo para a criação do Arquivo Público Municipal de Nova Friburgo. “Se isso acontecer, nosso município será o primeiro do Brasil, com exceção das capitais a possuir um arquivo público”, destaca ele, satisfeito com sua contribuição pela promoção da pesquisa e produção de mais conhecimento.
Prefeito lança ideia de transformar o Palácio Barão de Nova Friburgo em sede da Fundação D. João VI
Durante a posse do conselho, que deu vida jurídica e operacionalidade à Fundação Dom João VI, o prefeito Heródoto Bento de Mello rendeu merecida homenagem à grande mentora do Pró-Memória, Thereza Albuquerque de Mello, definida por ele como “uma heroína que dedica grande parte de sua vida à luta pela preservação da nossa rica história, apesar de todas as dificuldades”. O prefeito destacou ainda que atualmente Nova Friburgo pode saber muito do seu passado, graças à dedicação e ao empenho de Thereza. “Somos muito gratos a você”, disse Heródoto à pesquisadora, que lembrou a instituição do Pró-Memória, graças a uma iniciativa do próprio prefeito, em gestão anterior.
Na ocasião, Heródoto admitiu que o Palácio Barão de Nova Friburgo, antiga estação ferroviária e atual sede da Prefeitura, devido ao seu valor histórico, poderá futuramente abrigar a sede da Fundação D. João VI, já que ele pretende transferir os departamentos administrativos da Prefeitura para o prédio da antiga Telemar, na Avenida Alberto Braune, adquirido recentemente. Atualmente a fundação funciona na Usina Cultural Energisa, na Praça Getúlio Vargas, em espaço cedido. “Temos que guardar a Nova Friburgo do passado e construir a do futuro”, frisou o prefeito. Guguti emendou destacando a intenção da fundação em promover eventos, treinamentos e pesquisas históricas, através de convênios com universidades.
“Depois que se criou o Pró-Memória, nunca se escreveu tanto sobre fatos e acontecimentos em Nova Friburgo. Isso porque se sabe hoje que existe um órgão interessado em preservar essa memória. Todo esse acervo que está sendo formado um dia vai acabar e a digitalização manterá nossa história acessível para pesquisas por pelo menos mais de sete décadas”, observou.
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