Polícia - 14 a 16 de agosto.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Acusados de matar jovem e balear sua

namorada serão julgados nesta semana

Sobrevivente lembra com tristeza o dia do crime e diz acreditar na condenação do traficante Cristiano e de seus comparsas

Quem vê hoje a ex-estudante de enfermagem Déborah Teixeira Lamblet, 23 anos, fazendo faculdade de direito e trabalhando como secretária não imagina o drama que ela viveu há pouco mais de dois anos. Vítima de um crime bárbaro, quando o namorado Rafael Frez foi assassinado, ela vive à base de remédios para dormir, ficou depressiva e chegou a tentar suicídio. Na próxima quarta-feira, 18, às 9h, será o julgamento dos acusados de terem atirado contra ela e matado Rafael.

Presos em penitenciárias do sistema Polinter no Rio de Janeiro, Cristian José Borges dos Santos, o Cristiano, 27 anos, Wendel Marins, o Toco, 26 anos, André Pereira Feitosa, 39, e sua esposa Ana Claudia Almeida dos Santos voltam a Nova Friburgo para responder às acusações do Ministério Público, com base nas investigações da Polícia Civil e nos depoimentos dos policiais militares que prenderam os acusados, e ainda três adolescentes que participaram das agressões.

O crime aconteceu na noite do dia 13 de abril de 2008, quando o cortador de lingerie Rafael Frez e a namorada Déborah vinham de um churrasco no bairro Bela Vista e subiram o Jardim dos Reis, em Nova Suíça, para levar os amigos Leonardo e Jane, que estavam com um bebê. “Nós chegamos ao pé do morro e perguntamos ao casal se não tinha problema subir naquele horário, e eles disseram que não”, lembrou Déborah.

Segundo ela, quando estava na parte alta do bairro, eles foram parados por Cristiano, que estava armado. “Ele indagou ao Rafael por que ele não tinha piscado o farol antes de subir, já que é uma atitude comum em locais onde há tráfico de drogas. Neste momento Leonardo, que morava lá, disse que nós estávamos com ele, e então Cristiano mandou a gente ir embora. Quando estávamos indo, ele parou o carro de novo e mandou que Rafael descesse do veículo. Cristiano perguntou onde ele morava e quando Rafael respondeu, ele teria dito às pessoas que estavam com ele: ‘Então é você mesmo que eu procuro’, dando uma coronhada no olho de Rafael”, contou Déborah. Segundo as investigações, Cristiano se referia a um integrante de uma quadrilha rival, chefiada por um traficante conhecido pela alcunha de Sumiço.

Casal apanhou por cerca de duas horas

“Comecei a gritar e tentei correr na direção da residência do casal que tínhamos deixado em casa. Fui agredida e fiquei tonta, caindo poucos metros depois. Depois disso, eles passaram a nos agredir. Os homens batiam no Rafael e três adolescentes passaram a me chutar. Uma delas tirou minha bota e pisou várias vezes na minha cabeça, chegando a afirmar que ia a meu velório com a minha bota”, relatou a vítima.

“Depois de cerca de duas horas, quando já estávamos desfigurados de tanto apanhar, o Toko segurou Rafael pelo cabelo e disse que já havia percebido que ele não era mesmo quem estavam pensando, mas que agora era tarde demais, e bateu com a cabeça de Rafael num muro mais uma vez”, relatou Déborah.

“Depois disso, eles nos colocaram no banco de trás do meu carro e o Leonardo, que havíamos levado em casa, assumiu a direção do veículo. Segundo ele, Toko havia ficado em sua casa armado com a Jane, coagindo-o a nos levar para o Parque das Flores, onde seríamos executados. Atrás de nós estava Cristiano, no Monza de André e Ana Cláudia, que participaram das agressões e são acusados ainda de terem furtado o som do meu carro durante a ocorrência”, continuou Déborah.

Segundo a vítima, os dois veículos subiram o Parque das Flores e quando chegaram à parte alta do bairro, a cerca de dez quilômetros do Nova Suíça, Leonardo parou o carro, puxou o freio de mão e saiu do veículo. Cristiano apareceu na porta e descarregou um revolver calibre 38 contra Rafael e Déborah. Rafael levou dois tiros, um fatal no pescoço. Déborah foi atingida seis vezes, uma delas na cabeça, tendo ficado inconsciente, o que fez o traficante acreditar que estava morta.

Algum tempo depois, Déborah acordou e percebeu que Rafael ainda respirava. Mesmo tonta ela conseguiu sentar-se no banco do motorista e dirigiu o carro até um posto de gasolina no trevo de Conselheiro Paulino, onde a polícia foi acionada e onde foi constatado que Rafael havia morrido. Déborah foi levada para o Hospital Raul Sertã, onde ficou internada por um dia, e saiu direto para a 151ª DP para prestar os depoimentos que resultaram na ação dos agentes da P2, que prenderam os acusados.

Cristiano foi o primeiro a ser preso. Ele entregou os outros participantes do crime e todos foram presos dois dias depois do homicídio. O revólver calibre 38 usado na morte de Rafael e outra arma, uma espingarda calibre 12, foram encontrados com Cristiano. Duas das adolescentes foram levadas para a delegacia junto com os outros participantes, e uma delas foi levada pela própria mãe.

Vítima diz que as adolescentes foram mais cruéis

“Não tenho mais vida social. Quando vejo uma menina com as características das adolescentes que me espancaram na rua fico logo com medo. Elas foram as mais cruéis. Aquele dia ficou gravado em minha mente, não consigo esquecer. Não desejo para ninguém, nem mesmo para os autores desta barbaridade, o que sofri. Se não fosse o apoio de minha mãe e da mãe do Rafael, não sei como sairia dessa”, concluiu.

Aumenta número de furtos em residências

Vem aumentando o número de registros de furtos a residências. Algumas vítimas chegaram a informar à polícia que há casos não comunicados pelos lesados. Só no dia 12 deste mês foram comunicados quatro casos em diversos pontos da cidade. A costureira Daiane Moreira Diniz, 28 anos, registrou o furto de diversos bens, como secador de cabelo, CDs e DVDs, uma Bíblia, um nebulizador e um vidro de perfume, avaliados em torno de R$ 400. O material estava na casa da vítima, no Loteamento Santa Terezinha, em Conselheiro Paulino.

Na última quarta-feira, 11, outra costureira registrou um furto ocorrido em sua residência. Arline da Hora Terra, 26 anos, teve a casa invadida na Rua Jorge Martins, no Jardinlândia, onde foram furtados um videogame, relógio, aliança e anel de ouro avaliados em R$ 2 mil, além de documentos e cartões de banco em nome de Jeferson Lima de Carvalho. A vítima acredita que o ladrão tenha entrado pela janela.

Na Rua São Paulo, em Olaria, o empresário Jaime do Nascimento, 47 anos, encontrou a janela de sua casa arrombada e constatou o furto de R$ 10.800 em dinheiro, US$ 300, um notebook, um cordão de prata e uma pasta Louis Vitton, tudo avaliado em torno de R$ 9 mil. Segundo o empresário, este foi o segundo furto na casa este ano. Ele disse ter ouvido comentários de que outras nove casas tinham sido furtadas na mesma rua.

Na tarde de quinta-feira, 12, por volta das 17h, na Estrada Flamengo, na localidade de Três Cachoeiras, em Conquista, uma casa também foi invadida pela segunda vez este ano. Desta vez foram levados um quadro de arte moderna, uma caixa de ferramentas, pratos e talheres, cobertor e mantimentos diversos. A casa é de veraneio e foi arrombada.

Comerciante preso com arma no Stucky

Policiais militares receberam a informação de o proprietário de um bar na Estrada Mury-Lumiar, no Stucky, possuía uma arma de fogo e seguiram para o local na tarde de quarta-feira, 11, onde constataram a veracidade da informação.

Logo que chegaram ao bar de José Adilson da Silva Albuquerque, os policiais disseram o motivo da diligência, tendo o suspeito confirmado a informação de que tinha um revólver. A arma estava na casa do comerciante, onde ele recebeu voz de prisão.

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