TOC: Transtorno Obsessivo Compulsivo

segunda-feira, 26 de julho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Por Alessandro Lo-Bianco

“Só quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá pro... (?)” – Assim, há cinco anos, sem cantar a última palavra do refrão (‘inferno’) em um show, Roberto Carlos terminou a música “Quero que vá tudo pro inferno”. Ao perceber que não conseguia mais pronunciar determinadas palavras, o cantor procurou ajuda e diagnosticou uma doença que, cada vez mais, vem sendo identificada e discutida pelos brasileiros: o Transtorno Obsessivo Compulsivo, mais conhecido como TOC, uma das maiores incidências de transtorno psiquiátrico do mundo.

A doença desperta no portador pensamentos e idéias repetidas que produzem padrões obsessivos acompanhados de grande ansiedade. O TOC produz comportamentos insistentes, como uma espécie de rituais, nos quais o indivíduo acredita que se agir de maneira diferente da qual esta habituado (condicionado) pode correr perigo. No geral é difícil uma pessoa perceber que tem algo de diferente ou estranho consigo mesma, podendo notar apenas quando o problema é sinalizado por terceiros. Por isso, é importante observar e, até mesmo comparar, se outras pessoas agem da mesma maneira, se comentam suas atitudes, ou se o evitam.

Segundo a professora e especialista em Neuropsicologia do Centro Universitário do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação – UNI-IBMR –, Cláudia Capitão, quando a pessoa se dá conta de que tem apresentado ideias obsessivas gerando angústia e afetando a forma como tem se comportado, é extremamente necessário observar e perceber o quanto isso está interferindo em sua vida, tanto no contexto pessoal quanto sócio-ocupacional. “Se o individuo está notando que tem adotado certos protocolos, como lavar as mãos várias vezes, verificar seguidamente se fechou a porta de casa ou do carro, é importante que procure maiores informações e auxílio de um profissional, como um psiquiatra e um psicólogo, para uma avaliação mais criteriosa do caso”, orienta a especialista.

As formas mais comuns deste tipo de transtorno são: manias de limpeza, bloqueio de contato direto com objetos e pessoas, assim como evitar o ingresso em determinados locais por medo de contaminação de doenças e crenças de perigo. “Talvez, o que mais se observa atualmente seja o cuidado exagerado com a higiene”, relata a neuropsicóloga. “O estágio mais avançado do TOC é o isolamento do meio social e a interrupção das atividades ocupacionais do sujeito”, completa.

A população de Nova Friburgo que se interessar pelo assunto pode procurar um psicoterapeuta ou um psiquiatra da cidade por meio particular ou pela rede pública de saúde – o SUS – ou se informar melhor nos institutos públicos de saúde mental do Rio de Janeiro, como o Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPUB –, o Instituto Philippe Pinel ou o Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, o CPRJ. Segundo Cláudia, uma das técnicas mais utilizadas é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a desenvolver estratégias para minimizar o impacto dos sintomas no seu cotidiano e melhorar sua qualidade de vida. Dessa forma, a pessoa vai aprender a controlar sua ansiedade e mudar o seu comportamento diante das ideias obsessivas e rituais.

“O importante é a pessoa se desfazer do preconceito e procurar auxílio, pois o TOC tem tratamento e seus sintomas podem ser remediados, fornecendo assim uma vida mais feliz ao sujeito”, finaliza a professora.

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