Chácara do Paraíso: moradores querem mais atenção das autoridades

sexta-feira, 16 de julho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Henrique Amorim

A apenas quatro quilômetros do centro de Nova Friburgo, o bairro Chácara do Paraíso reúne mais de dez mil moradores que são privilegiados pela tranquilidade do lugar, mas a carência de serviços públicos e o perigo iminente para quem caminha pela única via de acesso ao bairro, a rodovia RJ-150 (Nova Friburgo-Amparo-São José do Ribeirão), preocupa. O perigo começa logo na entrada do bairro, na conhecida Ponte do Maduro, na confluência da RJ-150 com a Avenida Nossa Senhora do Amparo. Sem acostamento e com duas faixas de rolamento estreitas, os pedestres correm verdadeiro risco de vida ao caminharem naquele trecho. Na pista de sentido Amparo, a margem do Córrego dos Inhames desbarrancou e não há sequer uma grade de proteção.

“Sempre que caminho por aqui eu tenho que parar e esperar o trânsito diminuir. Se vier um ônibus ou um caminhão, corremos o risco de cair nas águas imundas desse córrego. Nem sempre os motoristas cooperam trafegando no meio da pista. Se cruzarem dois ônibus ou caminhões nesse trecho, coitado dos pedestres”, comenta o morador Ênio Barbosa Sorrentino, 57 anos, que já testemunhou acidentes no local. Para piorar a situação, no mesmo trecho, na pista de sentido Centro, o muro de uma casa impede a construção de acostamentos. Para o pedestre, ‘salve-se quem puder’ é um lema constante. E o pior é que muitos moradores da Chácara do Paraíso utilizam a estrada para acessarem o Centro ou o bairro Duas Pedras a pé.

Os riscos de atropelamentos continuam ao longo da estrada na maior parte do bairro. Nas imediações do Hospital Unimed, na pista de sentido Centro, um barranco cedeu com as chuvas de 2007, comprometendo parte da pista. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que administra a rodovia, apenas colocou uma massa de asfalto no local que ocupou o pequeno espaço utilizado pelos pedestres. A estes resta ter que caminhar pela pista em meio ao tráfego. A situação dos pedestres ainda é agravada pelos guard-rails instalados no trecho, na pista de sentido Centro, entre o Loteamento Parada Raquel e o Hospital Unimed.

Os artifícios dificultam ainda mais a passagem dos transeuntes. No reduzido espaço destinado a eles, há muitos buracos e mato. Resta, então, caminhar pela pista. “Quando descem carros, ônibus ou caminhões, temos que correr para o mato, pois muitos motoristas sequer reduzem a velocidade. Outro dia, meu filho levou um esbarrão de um caminhão, nas proximidades da Parada Raquel. Ele teve a manga do casaco rasgado e o braço ficou roxo durante uma semana. O caminhoneiro sequer parou para prestar socorro”, disse a moradora Andréa de Mello Franca.

Os moradores também se queixam do perigo na travessia da estrada no acesso ao Loteamento Parada Raquel. Os ônibus desembarcam os passageiros em meio a duas curvas fechadas que impedem a visibilidade do pedestre. Diversos pedidos de instalação de quebra-molas no local já foram feitos ao DER, mas até agora a solicitação não foi atendida.

“Temos sempre que nos arriscar ou contar com a ajuda de alguém que esteja no ponto aguardando ônibus para o Centro para nos avisar se não vem nenhum veículo. Como esse trecho é de descida, os carros circulam em alta velocidade”, observa o morador Antônio José de Campos. Ele destaca ainda que no acesso ao Morro do Orfanato, também entre curvas, esse risco foi minimizado com a instalação de um quebra-molas. Os motoristas que utilizam a RJ-150 com frequência também reclamam do estado de conservação da rodovia que apresenta diversos buracos e irregularidades no piso, entre o Colégio Estadual Júlio Salusse e o Hospital Unimed.

De acordo com o DER, a instalação de novos quebra-molas na RJ-150 estão em estudo. Já quanto à possibilidade de construção de acostamentos, há projeto para ampliá-los somente nos trechos onde houver espaço. O órgão também pretende incluir a rodovia nas próximas operações de recapeamento asfáltico.

Comunidade reivindica mais linhas de ônibus

Os moradores dos loteamentos Parada Raquel, Morro do Orfanato, Vale do Paraíso e Alto da Chácara reclamam também da escassez de transporte coletivo, pois com a implantação do sistema linha direta na linha Centro-Amparo (cujo desembarque de passageiros é feito somente a partir da usina de asfalto), o trecho entre o Hospital Unimed e a usina passou a ser atendido apenas pela linha Centro-Nova Suíça. Os usuários sugerem à empresa de ônibus Faol que sejam implantados reforços na linha Centro-Nova Suíça, pois em alguns horários ela é operada com apenas quatro coletivos, que circulam lotados.

Parquinho da Praça Lino da Fonseca está quebrado há mais de dois anos

Única opção de lazer das crianças que moram na Chácara do Paraíso, o parquinho da Praça Lino da Fonseca está danificada há pelo menos dois anos, sem que a Prefeitura providencie qualquer tipo de manutenção. As escadas de madeira foram arrancadas e os balanços danificados. Às crianças restam apenas dois escorregadores ainda intactos. “Sempre evito trazer meu filho para brincar aqui. Além dos brinquedos quebrados, há sempre muita sujeira na praça. Geralmente até cavalos defecam aqui. Os poucos bancos da praça também estão quebrados. É um descaso”, lamenta o morador Geraldo Pires Gonçalves, 34 anos.

Na RJ-150, nas imediações da fazenda Paraíso, há constantemente muito lixo espalhado próximo a uma caçamba, o que dá mau aspecto a quem se dirige ao polo comercial do bairro, localizado às margens da estrada, onde há sempre também muito lixo espalhado também por imprudência dos moradores, já que a coleta de lixo e a varrição das ruas do Loteamento Jacina são regulares. A falta de capina também é motivo de queixa dos moradores. “Recentemente a Prefeitura capinou diversas ruas aqui, depois de mais de quatro meses. Em algumas ruas, foi preciso o mato invadir calçadas para que o serviço, que deveria ser rotineiro, fosse providenciado”, observa o morador José Eleutério de Pinho, 56 anos.

Ele sente a falta também de um posto de saúde no bairro. “Temos uma escola municipal, a Hermínia dos Santos Silva, e uma creche, mas quando precisamos de um atendimento médico temos que nos dirigir ao Centro ou a Conselheiro Paulino”, reclama a esposa dele, Angélica Sebastiana. No Loteamento Bom Jesus, a principal reclamação é quanto ao estado de conservação de algumas ruas que necessitam de manutenção. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras, a Chácara do Paraíso está incluída no roteiro de melhorias previstas, porém, não há ainda data para início dos reparos.

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