Nova Friburgo oferece poucas opções de lazer?

terça-feira, 13 de julho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Dalva Ventura

Muita gente diz que em Nova Friburgo não há nada para fazer, que aqui nada acontece. Os jovens, então, costumam reclamar muito da falta de opções de lazer. A VOZ DA SERRA saiu às ruas para ouvir os friburguenses sobre este assunto que dá margem a muitas polêmicas. Ao contrário do que esperávamos, a maioria das pessoas ouvidas – com exceção das mais novas – se diz satisfeita com os programas oferecidos. Confira.

“Claro que não estamos no Rio nem em São Paulo, mas quem diz que em Friburgo não tem nada para fazer é realmente muito desinformado ou tem muita má vontade. Eu acho que não temos do que reclamar. O friburguense é que não costuma prestigiar o que acontece aqui. Já vi músicos magníficos se apresentando para meia dúzia de pessoas. Assim como os músicos locais não costumam ir aos shows de seus colegas, os artistas plásticos também não aparecem nas exposições, os atores e atrizes não prestigiam as peças de teatro montadas por seus colegas daqui e assim por diante”.

Liliana Sarquis, jornalista, Parque D. João VI

“Não entendo quem diz que aqui em Friburgo não acontece nada. Acontece sim e em todas as áreas. Há alguns anos isso até era verdade, mas agora, não. Se a gente quiser sair de casa todas as noites, teremos o que fazer. Shows, peças de teatro, cinema, exposições... E o que dizer da nossa gastronomia? Temos restaurantes excelentes e para todos os bolsos. Acho que os friburguenses não estão sendo justos quando falam que não tem nada para fazer aqui”.

Tania Montechiari, empresária, Braunes

“O que falta em Friburgo é uma política cultural, isto é, que tenha continuidade, que você possa identificar como uma coisa de Friburgo. Muitas coisas acontecem, mas fica tudo solto, disperso. A gente não sabe para que lado elas estão indo. No que diz respeito à leitura, por exemplo. Em termos de atividades independentes do poder público, a Arabesco está fazendo uma atividade constante e o Sesc também, mas isso ainda não tem uma cara, ainda não tem uma resposta de público para isso. E tem também a questão da divulgação. Acho que a única divulgação que funciona aqui é o boca a boca. Para que um evento lote em Friburgo a pessoa tem que ter um renome nacional. Mas, eu pergunto: e os valores daqui, aqueles capazes de sustentar a cultura o ano inteiro? Por exemplo, vamos ter um Festival de Inverno que vai trazer um monte de gente de fora. E o resto do ano? Não são estes eventos que seguram. Seria o resultado de uma política cultural, e isso é que eu não vejo. Não vejo o poder público, não vejo os empresários, o comércio, as instituições que têm dinheiro para aplicar, engajados em vender Friburgo. Eles querem que a gente compre Friburgo, mas não querem se engajar para fazer parte disso”.

Raquel Nader, 57 anos, professora, Tingly

“Lógico que tem de melhorar, mas temos boas atrações, sim. Em minha opinião, falta divulgar mais. Também seria preciso ter continuidade e uma periodicidade certa. Por exemplo, o Festival de Inverno ficou anos sem acontecer, no ano passado foi em maio e neste ano mudou a data, está sendo em julho”.

Fabrizio Salarini, 28 anos, gerente do Sine/RJ, Centro

“Opções nós temos, mas já tivemos muito mais. Antigamente, embora a cidade fosse menor, tínhamos muito mais coisas para fazer. Três, quatro cinemas, pelo menos dez boates. Triplicamos o número de moradores, mas as opções se reduziram muito. Na área esportiva também. Tínhamos cinco, seis times de futebol, grandes times de basquete, de vôlei, fora eventos de mountain bike, encontro de jipes, canoísmo... Não dá nem para comparar com os dias de hoje”.

Fábio Ferraz, 44 anos, empresário, Centro

“Poderia ser melhor. Ter o que fazer, tem, mas fraco. Tem casas noturnas? Sim. Fracas, pouco exploradas. Temos bons restaurantes, mas podem melhorar. Acho a vida cultural enfraquecida também. Por exemplo, temos um belo teatro, mas a maior parte do tempo ele fica fechado, às moscas. A Prefeitura deveria investir mais na cidade, especialmente no turismo”.

Fernando Foffano, 33 anos, cabelereiro, Centro

“Não sou muito de sair, mas acho até que tem coisas para fazer na cidade, sim. Na realidade, são muitas as opções. Agora, não sei o que as pessoas querem. Casas noturnas a gente tem também, embora, no momento, sejam poucas. Os jovens se queixam muito disso. Quanto a mim, estou satisfeito”.

Gerson Santiago, 51 anos, radialista, Parque Imperial

“Eu acho que a cidade não oferece opções de lazer para os jovens. Com exceção de um ou outro show, de vez em quando, na maior parte do tempo a gente não tem nada para fazer aqui. Para sair à noite, ou a gente vai na Mais 1 ou na Emporium, que fica longe, para quem não tem carro, fica difícil. Na parte cultural, também não temos programações fixas. Tivemos agora o Cineamor, que foi legal, mas será que vai ter no ano que vem?”

Luana Santana, 23 anos, estudante, Centro

“As pessoas falam muito, mas não prestigiam, principalmente quando é coisa da terra. Isso é uma verdade. Na questão de gastronomia, não ficamos a desejar em nada, temos variedade e qualidade. Então, um programa light, sair com os amigos para jantar fora, ir a um barzinho. Mas até pouco tempo atrás tínhamos mais opções de shows e peças de teatro. Hoje, porém, acho que isso está voltando e fico feliz com isso”.

Geisa Lobosco, produtora de moda, Centro

“O que o jovem espera não é propriamente cultura, e sim, entretenimento, que é uma coisa bem diferente. Porque, em termos de coisas para fazer em Friburgo, sempre tem. Peças de teatro, exposições, shows, inclusive com entrada franca. Mas para o jovem, que busca unicamente o lazer, isso é pouco. E tem mais: o friburguense não valoriza o que se faz aqui. Santo de casa não faz milagre”.

Camila Athayde, 27 anos, publicitária, Jardim Ouro Preto

“O que eu percebo, na verdade, é que faltam opções para os menores de 18 anos. Outro problema é que os preços cobrados aqui talvez sejam altos demais para esta faixa etária, que pode não se interessar por eventos culturais gratuitos, como um espetáculo de dança ou um concerto de música clássica, por exemplo”.

Monique Schwabb, 37 anos, responsável pelo blog Transparência Nova Friburgo, Ponte da Saudade

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