O JORNAL résPÚBLICA

sexta-feira, 09 de julho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

João Carlos Moura

Fizemos cinco números impressos e tivemos a sorte de ver nascer – e agora de participar – de uma das maiores invenções de todos os tempos – a internet.

Comecei a minha vida na imprensa (primeiro emprego) na mais famosa revista que o Brasil já teve: O CRUZEIRO, que chegou a tirar 800.000 exemplares. Era o ano de 1969 e a ditadura estava exuberante no seu esplendor assassino: invadia lares, redação de jornais e revistas, prendia, torturava, matava. De O CRUZEIRO saíram os dois marcos fundadores da nova imprensa no Brasil: o jornalismo da TV GLOBO (respeitável à época), e o PASQUIM, oposto às benesses da ditadura; debochava de tudo e de todos. Mário de Moraes, que dirigiu O CRUZEIRO ( esteve na fundação da GLOBO), se tornaria meu mestre e amigo. Com ele aprendi a diagramar, escrever, escolher fotos de acordo com os textos etc. Era entusiasmado pelo meu trabalho – já premiado em artes gráficas – e chegou a me dar a incumbência de reformar graficamente a revista que foi a menina-dos-olhos do seu fundador, Assis Chateaubriand. Eu tinha apenas 23 anos de idade. Mario foi o primeiro Prêmio Esso de Reportagem no Brasil, a maior láurea da imprensa – talvez da América Latina – e entre outros feitos extraordinários foi um dos primeiros repórteres a entrar e fotografar morto o presidente Getúlio Vargas, que acabara de se matar. Relembrando que de O CRUZEIRO saíram direto para fundar o PASQUIM, entre outros, Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil e outros craques da imprensa, daí dá também para entender o sucesso do mais irreverente, inteligente e lúcido jornal já feito no Brasil; que não se amedrontava com os milicos e nem com a censura.

Mário de Moraes morreu há poucos dias. Foi o diretor responsável pelo nosso résPÚBLICA desde o primeiro número e me disse certa vez : “o que você fizer eu assino em baixo”. Essa homenagem agora com o nosso jornal na internet é para ele.

*João Carlos Moura

Editor do www.respublicabrasil.com

Julho de 2010

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