Ponte da Saudade: comunidade unida em prol da melhoria do bairro

sexta-feira, 02 de julho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Por Bruno Pedretti / Fotos: Leonardo Lima

Muito conhecida pelo destacado polo de moda íntima da cidade, a Ponte da Saudade é um dos bairros mais visitados por turistas. Grande parte dos empregos gerados pelas fábricas de lingeries se concentra no local e constitui uma das forças da economia do município. O Terminal Rodoviário Sul, que abriga várias linhas de ônibus intermunicipais, está instalado na Ponte da Saudade, gerando também um grande e diário movimento de pessoas.

Dotado de grande beleza natural, o bairro tem ainda alguns pontos tradicionais, como a Academia Sol Nascente, o Bar do Mocotó e a Sauna do Chiquinho, entre outros. Recentemente uma loteria foi instalada no bairro e o desejo da comunidade é que o mais breve possível possa também contar com uma farmácia. A maioria dos moradores gosta do bairro, por ser um lugar onde os maiores registros de violência ficam por conta do trânsito, já que boa parte da localidade se estende ao longo da RJ-116.

Os professores do único espaço de atividades físicas existente na Ponte da Saudade, Gustavo de Almeida e Willian Amaral, ressaltam que a academia é mais que um lugar para a prática de musculação. “Aqui todos são amigos, na maioria são moradores da própria Ponte da Saudade, que se beneficiam da academia e não precisam pegar condução para praticar exercícios físicos no centro da cidade ou em Mury”, diz Gustavo, que está há 11 anos no local. O morador Nicolau Meyer confirma que a Sol Nascente serve para integrar os residentes. “É um grande ponto de encontro entre nós que moramos na Ponte da Saudade. Podemos nos socializar e fazer novos amigos através da academia”, atesta.

Na Rua Felipe Camarão fica outro ponto de encontro tradicional: o Bar do Mocotó. A atual proprietária, Maria das Graças Chagas, conhecida como Graça, diz que tenta manter um ambiente familiar e que não tem problemas com seus clientes. “A Ponte da Saudade sempre foi um lugar muito tranquilo, estou aqui há oito anos e nunca houve maiores confusões”, afirma. Uma das reclamações de Graça é com relação à inexistência de pintura nos meios-fios num dos lados da Felipe Camarão, pois muitas vezes seus clientes estacionam os carros nos dois lados da rua, já que não há sinalização proibindo a parada, o que dificulta a passagem do coletivo. “Isso incomoda principalmente à noite, quando o movimento do bar aumenta. Deveria haver uma sinalização que alertasse as pessoas a não parar os carros dos dois lados da rua. Atrapalha o trabalho do motorista do ônibus e também a distração dos clientes”, diz a comerciante.

A Escola Municipal Dante Magliano é um dos orgulhos da comunidade da Ponte da Saudade. Em 1977 o médico e morador do bairro, Manoel Bastos da Silva, cedeu o terreno para a construção da escola, mas nos últimos anos o colégio estava ficando depredado. Moradores reivindicaram junto à Prefeitura a reforma da escola, que estava em situação precária. Em 2008, após algumas manifestações, o prédio foi reformulado, beneficiando os pais que moram na Ponte da Saudade. Infelizmente, o médico que doou o terreno faleceu pouco antes de ver a nova escola. Cerca de 300 alunos estudam no Dante Magliano, que vai desde o primeiro período até o nono ano.

O diretor da escola, Cláudio Pires, elogia a boa estrutura do colégio, que conta agora com quadra poliesportiva, laboratório de informática com internet, biblioteca, refeitório, banheiros amplos e rampas para o acesso de deficientes físicos. “É uma escola inclusiva por ter rampas, sala da comunidade, onde acontecem aulas ministradas pelas próprias moradoras, de tricô, crochê, fuxico, tear e artesanato, além de uma sala de recursos, que é um espaço destinado para o atendimento especializado de crianças com deficiências”, comenta Cláudio. Duas vezes por semana uma profissional habilitada para trabalhar com crianças especiais atende na sala de recursos, para estimular o desempenho em sala de aula. “Aqui são atendidos, além dos nossos próprios alunos, estudantes das escolas municipais JK, em Varginha, Maximillian Falck, de Mury, e João Vicente Valadares, no Debossan. É um trabalho muito sério”, afirma o diretor.

A escola foi reformada há pouco tempo, mas a preocupação de manter o espaço sempre limpo e conservado é uma das metas de Cláudio. Ele realiza frequentemente trabalhos de conscientização com os estudantes. Recentemente o muro da escola foi pichado, o que deixou não só o diretor, como toda a comunidade, extremamente indignados. “Fizemos a denúncia e segundo os policiais eles já sabem quem cometeu o ato de vandalismo”. Outro problema relativo à escola é a questão de vazamentos e goteiras na rampa que dá acesso ao segundo andar, deixado pela empresa que construiu a escola. Mas a Prefeitura já está ciente do fato.

Algumas pessoas que moram na Rua Prefeito César Guinle pedem que seja construída uma quadra, para que as crianças possam jogar bola com mais segurança. “A bola ultrapassa a cerca, que foi colocada por nós, e elas acabam pulando muros de vizinhos para resgatar a bola, sem contar que o ônibus circula ao lado do campinho, num risco eminente para elas, já que não há grades”, afirmam moradores.

Além de reivindicar uma quadra, a comunidade denuncia que algumas pessoas vêm jogando lixo na antiga linha férrea, a iluminação pública é precária no local e os buracos dificultam a passagem dos carros.

Um dos moradores mais antigos do bairro, o comerciante Assis Luiz Fernandes, conta que a Ponte da Saudade cresceu bastante nos últimos tempos. “Moro há 48 anos aqui. Quando vim pra cá não tinha nem calçamento e no máximo havia seis casas. Tenho a mercearia faz muito tempo, mas o movimento já foi melhor. Agora muitos fazem compras no Centro, pela facilidade do ônibus que circula no bairro”, diz Assis, um apaixonado pelo lugar.

A Prefeitura informou que, quanto à iluminação pública na antiga linha férrea, as secretarias de Obras e de Serviços Públicos orientam os moradores que formalizem tal solicitação no protocolo geral da Prefeitura (atualmente funcionando no prédio da OI/Telemar), para que seja feita uma vistoria, pois nestes casos sempre é necessário que um engenheiro eletricista vá até o local para proceder um levantamento da demanda da energia e do material necessário para a instalação da rede elétrica, o que ficará a cargo da Energisa, no caso de aprovação do orçamento.

Quanto ao calçamento de algumas ruas, a Secretaria de Obras informou que enviará uma equipe ao bairro para proceder o devido levantamento e, assim, programar a realização dos serviços necessários, de acordo com o cronograma de trabalho do setor.

O secretário municipal de Esportes também se pronunciou através de nota oficial. Frank James Fernandes informa que a municipalidade tem todo o interesse em construir uma quadra de esportes na Ponte da Saudade, mas ainda não há previsão de quando será possível colocar em prática este plano.

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