A imprensa e a cultura friburguenses estão de luto. Morreu ontem, 21, aos 67 anos, o jornalista e escritor Augusto Carlos Curvello de Muros. Ele foi vítima de parada cardíaca no início da tarde, quando caminhava pela Avenida Alberto Braune. Chegou ainda a ser socorrido por uma equipe de resgate do Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Raul Sertã, onde não resistiu aos primeiros socorros. Muros era um dos colunistas mais antigos de A VOZ DA SERRA, em que, nos últimos 30 anos, publicou crônicas sobre os mais variados temas. A última, intitulada, Como não falar da Copa?, foi publicada na edição do fim de semana passado. Seu corpo foi velado desde o fim da tarde de ontem no salão nobre da Academia Friburguense de Letras, entidade que ele presidiu entre 2005 e 2007. Seu corpo será cremado hoje, 22, às 13h30, no Crematório do Cemitério Luterano de Nova Friburgo.
Macaense, aposentado do Banco do Brasil e também ex-escriturário do Banco Predial do Estado do Rio de Janeiro. Autor de cinco livros, Augusto Muros dedicava-se atualmente à finalização do romance Dona Guiomar e o fantasma. Há dois meses lançou, no Centro de Arte, Um morto na carona, narrando curiosidades do dia a dia vivenciadas e ambientadas em Nova Friburgo, a partir do transporte de um passageiro que morre no banco do carona de um táxi durante uma corrida.
O primeiro livro de Muros foi lançado em 1980, com uma coletânea de crônicas publicadas em A VOZ DA SERRA, com o mesmo título de sua coluna na época, Aqui Friburgo. Cinco anos depois, lançou o romance Martini com cereja e em 1994, Minha doce Mila, uma reunião de contos. Em 2005, comemorando 25 anos de A VOZ DA SERRA, lançou outra coletânea de textos publicados no jornal em O índio paraguaio, que lhe rendeu um prêmio em Brasília.
Amante do jazz, tricolor convicto e fã ardoroso de Dorival Caymmi e Ary Barroso, Augusto Muros atualmente se rendia ao charme da serra em Nova Friburgo e o veraneio em Rio das Ostras, batizada por ele como a querida Rivière, mote ainda de muitas de suas últimas crônicas neste jornal. Defensor ferrenho da cultura local, Muros foi um dos fundadores do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama), pelo qual participou de diversos espetáculos no município, entre eles A moratória, Auto da Compadecida, O noviço, Faz escuro, mas eu canto, A história de muitos amores, A história do zoológico e Liberdade, liberdade, este último produzido em 2003.
“Tenho plena certeza de que perdi um grande amigo e Nova Friburgo ficou sem um grande talento”, disse ontem o atual vice-presidente cultural do Gama e amigo pessoal de Muros, Júlio Cézar Seabra Cavalcanti, o Jaburu. No cinema teve participação no documentário de Sergio Madureira, Parada de um caminho.
Augusto Muros atuou também como diretor cultural e vice-presidente social e relações públicas do Nova Friburgo Country Clube, do qual também foi presidente; diretor social do extinto Clube dos 50; presidente da Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape) e ainda como secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo no governo do ex-prefeito Paulo Azevedo, entre 1997 e 2000. Na imprensa regional, além de A VOZ DA SERRA, Muros também atuou nos extintos jornais O Debate, Correio de Macaé, O Nova Friburgo, Rádio Friburgo AM e A Folha.
No biênio 2006-2008 foi também vice-presidente da Associação Friburguense de Imprensa (AFI), no primeiro mandato do atual presidente José Duarte. Augusto Muros deixa viúva a professora aposentada Clélia Maria e os filhos Juliano e Carolina. À família enlutada, direção e equipe de A VOZ DA SERRA enviam o mais profundo pesar.
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