A abertura das discussões sobre o novo Código Florestal, às vésperas das eleições, está causando revolta entre os ambientalistas em todo o país. No Rio de Janeiro, por exemplo, o deputado estadual André Lazaroni, presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente (CDMA), da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, propõe que a questão seja analisada com maior profundidade e cuidado, em função de sua importância para a nação, como um todo.
“A situação é preocupante, porque a bancada ruralista do Congresso tem interesse direto no assunto e está se aproveitando do fato de estarmos em ano eleitoral, com as atenções desviadas para a escolha do novo presidente, dos governadores e de senadores, deputados federais e estaduais”, assinala Lazaroni, que tem baseado sua carreira política na defesa da ecologia e recentemente criou o movimento PMDB Verde.
A seu ver, é preciso ter o máximo de cautela com a discussão do Código Florestal, porque, da forma como está redigido hoje, vai facilitar os desmatamentos e até atenuar a legislação já existente sobre crimes ambientais.
“O maior patrimônio do Brasil é o meio-ambiente, com sua extraordinária biodiversidade, que não tem similar em nenhuma região do planeta. E já existe um Código Florestal, o qual precisa de avanços, não de retrocessos”, afirma o parlamentar, acrescentando: “Por causa da expansão descontrolada de suas fronteiras agrícolas, o Brasil se tornou o quarto maior emissor de gases de efeito estufa. Antes, éramos apenas o 18º emissor”.
Diante dessa realidade, que não pode ser contestada, André Lazaroni adverte que a bancada ruralista está tentando apressar a tramitação do projeto, para votar ainda este mês, em plena Copa do Mundo, o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Segundo o criador do PMDB Verde, uma das preocupações dos ambientalistas é a possibilidade de regularização de todas as ocupações ilegais hoje existentes. “Esse tipo de anistia seria deplorável, pois na verdade significaria um ato tão criminoso quando as próprias ocupações ilegais, demonstrando a que ponto chegam as pretensões dos chamados ruralistas do Congresso”.
“Temos que apoiar o fortalecimento da agricultura, mas de uma forma sustentada e responsável. Caso contrário, as futuras gerações vão pagar caro. Muito caro, mesmo”, prevê o parlamentar ambientalista.
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