Na segunda-feira deixamos Paris para trás e fomos para Vernon, cidade às margens do rio Sena, com quase 25 mil habitantes e conhecida, também, como a entrada da Normandia. Como nosso hotel ficava nessa cidade, aproveitamos para fazer um reconhecimento do local a pé, que terminou com uma agradável caminhada pelas margens do Sena. Na realidade nosso objetivo era visitar a casa do pintor impressionista francês Claude Monet e seus famosos jardins, na cidade de Gyverni, a 10 minutos de carro de Vernon.
Monet nasceu em Paris no ano de 1840 e aos 43 anos, viúvo e com dois filhos mudou-se para Gyverni onde se casou de novo com uma francesa que tinha seis filhos. Apaixonado por jardinagem e pelas cores, o pai do impressionismo criou o jardim das flores e o jardim das águas; este ultimo, aliás, uma de suas grandes fonte de inspiração. Nessa época sua obra começa a atrair a atenção do público e da crítica, seus tempos de penúria ficam para trás e em 1890 ele tem condições de comprar a propriedade em que já vivia com a família. Nessa casa enviuvou pela segunda vez e foi nela em que faleceu, em 1926.
O local é de rara beleza e creio que mesmo nós, simples mortais, seríamos capazes de pintar alguma coisa se lá ficássemos por algum tempo; é como se a energia positiva que dali emana operasse milagres. Flores de todas as cores, tamanhos e matizes se sucedem pelas várias áleas que dividem a propriedade. Por uma passagem subterrânea chega-se ao jardim das águas, na realidade um grande lago em que Monet criou uma atmosfera oriental ao construir uma ponte japonesa e plantar mudas de bambu, de ginkobiloba, de bordo vermelho, de salgueiro chorão, de flor de lis e de nympheas, essa da mesma família da nossa vitoria regia. Era nesse lugar que ele gostava de receber seus convidados e aí permanecia várias horas a contemplá-lo.
Com a morte do artista a propriedade ficou sob a guarda de Blanche Monet, sua nora e filha adotiva, até seu falecimento em 1947; a partir dessa data a casa e os jardins ficaram abandonados. Michel Monet, segundo filho do artista, morre em 1966 e como não tinha herdeiros deixa tudo, em testamento, para a Academia de Belas Artes de Paris. A partir de 1980 a academia cria a Fundação Monet, atual mantenedora do local, e é somente a partir dessa data que a visitação é aberta ao público.
Por Max Wolosker
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