Intervenção federal em Brasília
As comemorações pelo transcurso dos 50 anos de Brasília (1960-2010) foi sem muita empolgação popular e pontilhada de protestos de parte de estudantes e sindicatos versando sobre o mensalão do DEM, como ficou conhecido o esquema de pagar propinas aos políticos engajados nas artimanhas do ex-governador José Roberto Arruda cuja a eclosão, ao vivo e em cores, levou ao país o mar de lama que atingia o palácio do governo, secretarias, Tribunal de Contas, Câmara Distrital e departamentos administrativos. O governador-tampão, Rogério Rosso (PMDB), ex-secretário do deposto é o quarto político a ocupar o cargo em apenas dois meses e foi eleito em manobra articulada na Câmara Distrital por aliados, companheiros e até cúmplices de Arruda, alguns com mandato e egressos do Presídio da Papuda. Dos 13 deputados distritais que elegeram Rosso, oito estariam supostamente envolvidos no mensalão e foram filmados escondendo dinheiro em meias, sacolas, cuecas e bolsas femininas.
Para o procurador-geral da República Roberto Gurgel a eleição indireta foi uma farsa que coloca Arruda no poder por intermédio de seus amigos e ex-secretários e a intervenção federal é a única maneira isenta de sanear a atividade político-administrativa da capital, dando-lhe o aspecto de seriedade e transparência necessária. “A intervenção é um remédio amargo mas é a única solução”, enfatizou. Informou ainda que circulam rumores de que teria havido graves irregularidades nas eleições do recente ‘governador’, legitimidade que foi contestada, em meio às festividades do cinquentenário, por grupos fantasiados de palhaços que chegaram a interpelar Rosso sobre quanto tempo ele duraria no cargo. A Polícia Militar em forte esquema de segurança, mas sem violência, demoveu e desarticulou os protestos mais vigorosos.
Brasília é uma realidade social, política, demográfica e histórica ainda que economicamente seja um apêndice sem possibilidades de autonomia do Orçamento da União, com desconto automático. Os setores mais expressivos da sociedade têm se manifestado a favor da intervenção federal, principalmente em razão do iminente perigo de retorno de grupos de políticos já conhecidos, que, com chances de vitória nas urnas, se preparam para assaltar o poder virtualmente. Os ‘pais dos pobres’ que inauguraram uma política assistencialista e formaram ‘currais eleitorais’ nas áreas menos favorecidas ou nas favelas no entorno de Brasília.
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