Editorial - Limpeza na política

terça-feira, 04 de maio de 2010
por Jornal A Voz da Serra

A CÂMARA dos Deputados vota hoje requerimento de urgência para o projeto ficha limpa. Caso seja aprovado, o plenário votará o mérito em sessão extraordinária ainda nesta terça. A votação promete ser difícil e chega num momento que mostra a fragilização da classe política com a série de escândalos de corrupção de mandatários legalmente eleitos pela população.

O ASSUNTO não tem a unanimidade dos congressistas e entra na pauta para apreciação e votação em plenário através de emenda popular proposta originalmente pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O pedido recebeu mais de 4 milhões de assinaturas, sendo 2 milhões pela internet, e prevê a proibição de candidatura para quem fosse condenado em primeira instância.

O PROJETO ficha limpa não é o único que tenta barrar o avanço da corrupção na política brasileira. No Congresso existe uma colcha de retalhos da reforma política, cujos principais tópicos são o financiamento público das campanhas eleitorais; proibição das coligações; restrição à divulgação das pesquisas eleitorais; redução do horário gratuito eleitoral nos veículos de comunicação; fidelidade partidária; criação do voto distrital puro ou misto; e o voto facultativo.

A REFORMA política é um dos principais pontos da agenda de mudanças estruturais do governo, mas lamentavelmente não foi incentivada nos oito anos do governo Lula. Sem ela, o cidadão brasileiro se desencanta cada dia mais com relação ao processo político, fato este comprovado a cada período eleitoral, evidenciado pelo crescente número de votos brancos, nulos e abstenções verificadas em cada pleito.

A PROTELAÇÃO da reforma atinge a todos os municípios, indistintamente e a mudança poderá pôr fim a uma série de dissabores e escândalos que hoje assolam a sociedade, transmitindo a perspectiva de melhores dias para a nossa democracia. O desafio é grande, mas a vontade popular poderá obter êxito na medida em que os parlamentares forem pressionados pelos eleitores a concretizar o mais rápido possível a reforma.

A FALTA DE rigor na fiscalização e nos critérios de punição dos culpados permite que a corrupção chegue a níveis tão indesejados como hoje. Da pequena multa ao acerto de um grande contrato, tudo se resolve com o dinheiro, um favor, um benefício, um voto. O que o projeto ficha limpa quer é impedir que este círculo vicioso continue agindo de maneira perversa sobre a política brasileira.

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