A onda de assaltos praticados por menores no centro de Nova Friburgo (cujos estudantes aparecem como principais vítimas) que vem assolando a cidade parece estar chegando ao fim. Ações das polícias civil e militar resultaram no levantamento de informações sobre suspeitos e na realização de cadastros, alguns deles, inclusive, com fotos.
O trabalho culminou com a apreensão de dois menores e na prisão de dois vendedores, acusados de receptação. Uma varredura realizada por policiais da 151ª DP nas praças Getúlio Vargas e Dermeval Barbosa Moreira e na Avenida Alberto Braune, associada a um trabalho de investigação realizado pela equipe do delegado José Pedro da Costa Silva e por agentes do serviço reservado do 11º BPM resultou em diversas ocorrências e na apreensão dos adolescentes infratores.
Cientes do crescimento acelerado de furtos e roubos no Centro, agentes da P2 checaram na manhã de terça-feira a informação de que dois suspeitos estavam numa casa da Rua Manoel Duarte, nº 129, fundos, em Olaria e seguiram para o local. Os menores confessaram estar praticando os furtos na cidade e também que os crimes eram “encomendados” por dois funcionários de uma loja de doces no Centro.
Os agentes da P2 foram, então, a esta loja, dando voz de prisão em flagrante por receptação e formação de quadrilha, aos vendedores Julio Combat Teixeira da Mota, 25 anos, e Ângelo dos Santos Domingues, 21. Foram apreendidos três celulares de procedência não confirmada, provavelmente produto de um dos crimes praticados pelos menores. No feriado do dia 21, os dois vendedores foram colocados em liberdade provisória e responderão ao inquérito soltos.
Menores são reincidentes e assumem diversos crimes
Ocorrências anteriores envolvendo adolescentes ajudam na elucidação de assaltos contra estudantes
Os policiais que realizaram a ocorrência que resultou na prisão dos vendedores Julio Combat Teixeira da Mota e Ângelo dos Santos Domingues, acusados de receptação e formação de quadrilha, disseram que os dois menores apreendidos na mesma ação já são velhos conhecidos da polícia.
Para os agentes da P2 a apreensão destes menores resolve a maior parte dos furtos de celulares que aconteceram na cidade. Segundo o chefe da P2, tenente Castro, os dois chegaram a enumerar cerca de treze crimes que teriam praticado. Na delegacia da Vila Amélia, três casos já foram imputados à dupla, e os policiais pedem que vítimas compareçam à 151ª DP para uma possível identificação dos acusados.
Esta é a terceira ocorrência, em pouco mais de uma semana, em que agentes da P2 apreendem menores envolvidos em crimes. Há alguns dias dois homens em uma motocicleta trocaram tiros com policiais do11º BPM e BPRv de Conquista e conseguiram fugir. Dias depois agentes da P2 identificaram os dois, um deles menor de idade, mas não ficaram presos porque estavam sem as armas usadas contra os PMs. No início desta semana outro adolescente foi apreendido em flagrante com uma réplica de pistola, depois de praticar um roubo no Paissandu. Sobre ele estão sendo atribuídas a autoria de outros crimes.
“A sociedade que cobra a ação da polícia é a mesma que sustenta o criminoso”
O título é parte da observação de um policial da 151ª DP indignado ao saber que os compradores (receptadores) dos celulares furtados pelos adolescentes eram cidadãos comuns, que tinham emprego e que não levantavam a mínima suspeita. Para ele, assim como acontece com o tráfico de drogas, onde o viciado sustenta o crime organizado, quando há quem compre mercadoria roubada ou furtada, sempre haverá o crime.
A expressão usada pelo policial reflete o momento em que a sociedade friburguense vem cobrando uma ação enérgica da polícia no combate aos roubos e furtos ocorridos principalmente no Centro. O que se viu nesta ocorrência, é a possibilidade de se acabar com parte de um esquema que tem como ponta do iceberg o próprio cidadão, que muitas vezes reclama da insegurança.
Quando um cidadão compra da mão de uma pessoa que ele não conhece um celular que vale R$ 1.500 por um preço muitas vezes inferior a R$ 300, ele tem consciência de que aquela mercadoria não tem boa procedência. Neste caso, há lojas que podem estar colocando em suas vitrines, aparelhos que são revendidos por receptadores que mantêm contato com os infratores. Outra situação que contribui para o envolvimento de menores nos crimes é o fato de não terem uma punição maior por parte da Justiça. Os menores apreendidos pela P2 que confessaram os roubos e furtos de celulares, já foram apreendidos outras vezes, mas não ficaram muito tempo nas instituições para menores infratores e logo que voltaram reincidiram em suas ações criminosas. Desta vez, segundo fontes policiais, eles serão levados para o instituto Padre Severino, no Rio de Janeiro.
Deixe o seu comentário