Os primeiros japoneses em Nova Friburgo - 6 de outubro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Publicamos hoje a quarta das seis partes em que, para caber no nosso espaço na A VOZ DA SERRA, dividimos esta história, escrita por Toko Kassuga, a matrona da família Kassuga em nossa terra, os primeiros japoneses a aqui se fixarem, em 1927. Nova Friburgo produtora de kakis Devido ao desconhecimento total da fruta, foi muito difícil a propagação do kaki, seguida de constantes críticas. Entretanto, esta dificuldade não intimidou os Kassuga que prosseguiram enviando-os para o mercado do Rio de Janeiro, dando assim continuidade ao que começara com o sr. Kamijo Oikava dois anos antes. A venda dos kakis em Nova Friburgo era difícil pela sua cica e o sr. Kassuga tinha problema com a sua dificuldade em se explicar, em português, de que bastava deixá-los amadurecer um pouco mais. E o preço obtido não passava dos 6 a 12 mil réis a caixa. Kassuga estava desanimado com esses incidentes quando conheceu o sr. Vertúcio Campos, do Sanatório Naval. Este senhor apreciava muito os kakis e tendo um grande tino comercial, percorreu pelas melhores casas de doces e frutas do Rio de Janeiro fazendo propaganda, indo, pessoalmente, de casa em casa. Graças ao seu esforço, o kaki tornou-se conhecido na praça. Nesse tempo começou a aparecer, na cidade de Taubaté, uma outra qualidade de kaki que ganhou o nome do local. Estes kakis foram trazidos pelos colonos portugueses e eram colocados em pó de serra para amadurecerem e não em vapor de álcool, como era feito pelo Kassuga. Estes kakis eram mais vistosos pelo seu colorido e mais rápida era a extração da cica. O sr. Vertúcio animava Kassuga para que, também, os cultivasse. Kassuga era teimoso e não concordava, alegando que as frutas de Taubaté não tinham o verdadeiro sabor do kaki japonês. Para inovar, Kassuga resolveu fazer “passas de kaki”, com o que obteve grande êxito. O produto foi tão bem aceito que ele não conseguia atender as encomendas e desistiu daquela produção. Sua esposa, no entanto, continuou a fazer as passas para distribuir entre os amigos. Talvez elas tenham sido as primeiras passas produzidas no Brasil. Por volta de 1933, começou a ser publicada em São Paulo uma revista japonesa intitulada Agricultura no Brasil, para a qual Kassuga colaborou umas três vezes escrevendo sobre o cultivo dos kakis. Lendo esses artigos, o sr. Kuniba, de Mogi das Cruzes, veio conhecer Nova Friburgo e buscar por um terreno. Kassuga auxiliou-o na procura de um terreno que acabou sendo adquirido na região da Chácara do Paraíso. Os arredores da cidade de Mogi das Cruzes era núcleo de japoneses especializados no plantio de hortaliças. Assim sendo, o sr. Kuniba dedicou-se ao plantio de tomates e outras verduras que eram de sua especialidade. Isto era, sem dúvida, uma novidade e de grande utilidade para Kassuga que, mais tarde, passou a cultivá-las entre as safras de kakis. A família Kuniba regressou ao Japão antes da Guerra.
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Carlos Jayme Jaccoud

Um pouco de história

Carlos Jayme Jaccoud é historiador.

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