Linha aérea Friburgo-Rio - 6 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Já contei, nesta coluna, algumas histórias sobre os aviões em Nova Friburgo, como a do primeiro avião que sobrevoou a cidade, sobre a vez em que aqui vieram três aviões da Marinha para “tentarem” inaugurar o campo de aviação preparado no Prado, sobre a segunda tentativa de inauguração em que nenhum dos dois aviões programados para isso aqui apareceram e, talvez, alguma coisa mais que não vem à minha já fraca memória. Pois agora vou contar a vocês uma outra história sobres aviões que encheu os friburguenses de uma vã esperança sobre o assunto. Outro dia, visitando o site da Fundação D. João VI que já está implantado em Nova Friburgo e que pode ser visto aqui ou em qualquer lugar do mundo, tendo interesse no conhecimento da sua passada, bela e já esquecida história, encontrei uma joia de algo que eu presenciei, exultei com ela mas que, passado sessenta e cinco anos, a minha memória já havia jogado para um cantinho esquecido do cérebro. Percorrendo as páginas de A Voz da Serra daqueles velhos tempos, encontrei, na primeira página do dia 26 de agosto de 1945 , a seguinte manchete: TÁXI AÉREO LIGANDO FRIBURGO AO RIO. Naquela data, o jornal dava essa notícia e informava que no número seguinte do jornal seria publicada uma reportagem com uma entrevista do engenheiro aeronáutico Miguel Böhrer, em que falaria sobre a criação de uma linha aérea Nova Friburgo-Rio de Janeiro. Naquele dia, dizia o jornal: “Tivemos a grata satisfação de recebermos aquele engenheiro aeronáutico, acompanhado do sr. Augusto Spinelli, grande empreendedor em Nova Friburgo”. Resumindo, o dr. Böhrer disse o seguinte: que o poder público estava providenciando o campo de aviação da cidade e mais, sendo ele diretor técnico da Aéreo-Viação Transbrasil S/A, estava interessado em que a sua companhia organizasse uma linha de táxis-aéreos entre as Nova Friburgo e a Capital logo que o campo estivesse funcionando. No dia 16 de setembro seguinte, por convocação do prefeito Dante Laginestra e com a presença dos importantes da terra, realizou-se uma reunião para a elaborarem os estatutos do Aeroclube de Nova Friburgo, cuja fundação ocorreria nos próximos dias. Disse mais que o terreno em Conselheiro Paulino (o Prado) já havia sido doado pela Prefeitura e, em breves dias, seria lançada a “pedra fundamental” do hangar e que o campo de pouso seria ultimado imediatamente. O coronel Hermenegildo Peixoto, ligado ao governo do Estado, declarou que assim que o campo e o hangar estivessem prontos seria aberta a linha aérea com o Rio de Janeiro. Tudo ficou no blá-blá-blá. Não mais se falou no assunto. A linha de táxis-aéreos Rio-Nova Friburgo-Rio morreu no nascedouro. OBSERVAÇÃO: como já tive oportunidade de dizer em uma outra crônica, um punhado de anos depois do acima relatado e numa emergência, fiz uma viagem Rio-Nova Friburgo-Rio, num teco-teco da então Viação Friburguense, do progressista e saudoso Lindolpho Chevrand, que mantinha a excelente linha de ônibus entre as duas cidades. Já disse, depois daquela viagem aérea, que nunca mais a faria. A viagem era boa e confortável. Mas a chegada e saída em Nova Friburgo era de espantar. A Avenida Presidente Costa e Silva ainda não existia. O campo (?) de aviação em Nova Friburgo era um grande pasto que existia à margem esquerda do Rio Bengalas, entre o atual quartel da Polícia Militar e as ruínas da antiga Fábrica de Carbureto, em Duas Pedras. Antes da decolagem e da aterrissagem do aviãozinho, era necessário ir alguém espantando os burros e cabritos que por lá pastavam. Não sei descrever os “sufocos” que aqui senti na aterrissagem e na decolagem do aviãozinho...
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Carlos Jayme Jaccoud

Um pouco de história

Carlos Jayme Jaccoud é historiador.

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