A VOZ DA SERRA lava a alma da gente

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Cruzando a esquina das ruas Augusto Cardoso e Eugênio Müller, dei de cara com o geógrafo Thomaz Morett. Antes de um “boa tarde”, eu o intimei: “Você tem o dever de fazer uma palestra sobre sua  trilha – Lumiar a Teresópolis!” E expliquei que viver uma experiência dessa e não a transmitir, seria como receber a luz e perdê-la. Agora, tenho diante  de mim o “Diário de um peregrino solitário”, no Caderno Z. E mando aqui meu agradecimento: “Thomaz, você cumpriu muito bem o seu dever!”.

Do primeiro ao último dia da peregrinação, Thomaz relata sua vivência, com detalhes, nos colocando dentro de seu aprendizado: “Na altitude em que estava, as coisas passam rápido... Tudo fica mais simples e tranquilo, a leveza da vida aparece, pois, não é possível deter essa fluidez do momento...”. E ele dorme com “a cabeça nas estrelas...”. Quer coisa melhor? E Thomaz entrou num “estado de ânimo”, se transformando no próprio caminho percorrido.

É assim que acontece com quem busca o caminho da existência. Para o casal Lúcia e José Carlos Alves, o caminho percorrido até Santiago de Compostela foi uma busca pelo tempo. Ela, que deixou o conforto da casa e o frescor “dos seus cremes”, saindo só com duas peças de roupas e uma mochila singela, concluiu que “precisamos de tão pouco para viver”. Os dois viveram a rara oportunidade de “sair da rotina da casa, de cuidar dos filhos, de trabalhar, de pagar contas, de um cotidiano muitas vezes massacrante...”.

Diante de tantos depoimentos, eu paro e penso em Carlos Drummond, quando escreveu que o homem chegaria ao tempo de “fazer a dangerosíssima viagem de si a si mesmo...”. Pois esse tempo já chegou para muita gente. Embora, como diz Wanderson Nogueira, tenhamos a “mania de agrupar  o tempo”, quando o tempo é fragmentado em “antes, agora e depois...”. Ufa! O Caderno Z nos deu um banho lições de vida, lavando a alma da gente!

Muito simpática a coluna “Sociais”. Dois gigantes de Nova Friburgo aniversariando em novembro. Pelo dia 22, todos os vivas e salves para o ilustre Mário Bastos Jorge, nosso gentleman da Cultura; o Marinho, músico, maestro, que ama as orquídeas, dono de uma humildade incrível. Já na quarta-feira, 27, o dia é todo de nossa diretora, a competente e querida Adriana Ventura. A cosmopolita que nos deve palestras e vídeos de suas viagens pelo mundo. Mil venturas para ela, saúde, paz e amor!

Enquanto a Geração Z, “dos nativos digitais” nascidos a partir de 1990, tem sua fonte de lazer em navegações pela internet, a mocidade dos anos 70, a chamada Geração X, aguardava a chegada de faculdades a Nova Friburgo, como nos recorda a coluna “Há 50 anos”. Era um sonho a vinda de duas escolas superiores: Odontologia e Engenharia Operacional. O então governo, tendo a liderança do então prefeito, dr. Amâncio Azevedo, não media esforços para o grande feito.

Em vias paralelas seguem o sonho de um mundo melhor e a violência contra a mulher. O jornal trouxe dados sobre o aumento de casos de feminicídio, em relação ao mesmo período de 2018. A data de 25 de novembro foi declarada pela ONU, em 1999, como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher. A data foi  escolhida em razão da tortura e do assassinato de três irmãs, na República Dominicana, em 1960, que lutavam “por soluções para problemas sociais”.

A Copa Libertadores deu pano pra manga do Mengão. Muita gente roeu as unhas, cruzou os dedos, mas, no final, a torcida rubro-negra caiu nos braços da folia. Ainda bem que o torcedor Ítalo Schumaker não quebrou sua rotina de ver o jogo na casa da sua “tia Leila, sentado no meio do sofá, com sua camisa branca”. Essas superstições, se não forem respeitadas, costumam dar um azar danado. E o carnaval se fez em pleno novembro azul.

O esporte é essa coisa doida, cheia de juízo, que move as emoções. O lutador de jiu-jitsu, o friburguense Kleiton Teixeira, que acabou de chegar da Europa, com cinco medalhas na bagagem, é quem deixa a mensagem: “Nesses dois anos eu aprendi que o maior obstáculo que a gente tem é a desculpa que nós damos para tudo, adiando coisas por causa de uma chuva, por exemplo”. E conclui: “Nada cai do céu”... Não, mesmo!

TAGS:
Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.