Uma jovem de 196 anos

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Salve, 16 de maio, aniversário da cidade e Dia do Gari! O brinde hoje é com "Guaraná Adonis e Caledônia”. O Caderno Light abre a porta da saudade para festejar os 196 anos de Nova Friburgo. Não sei se começo desembrulhando o pacote de "balas cor de rosa em forma de bonequinho” ou se me perco no colorido da embalagem do Drops Dulcora... Entretanto, se um gênio me concedesse um pedido, eu escolheria uma bela fatia de bolo de Luzia. É uma delícia sem igual! Histórias e nostalgia combinam muito e relembrar o "leite em garrafas” é rever a nata de um tempo precioso. Na Filó, onde morei, o leiteiro trazia os latões num carrinho de madeira e a vizinhança corria a pegar o leite, que, por ser um produto natural, precisava ser fervido. Quando esfriava, na superfície criava uma crosta espessa, boa para se fazer biscoitos. (Saudades!)

 Na fartura das receitas de Chico Figueiredo, vou ficar mesmo é com água na boca, mas, em compensação, vou saborear o Light, que traz Friburgo de ontem, de hoje, sempre linda. A "Camisaria Friburgo tem 109 anos”. A Libaneza, "com z”, já entrou na casa dos 90. A Farmácia Esperança não dá bola para a idade e a gente nem se dá conta da heroica resistência dos comércios diante da invasão do modernismo. As fotografias e anúncios que embelezam o caderno formam uma vitrine saudosista, capaz de trazer de volta uma cidade dando seus passos rumo ao que se chama progresso. Na "versão 1.96” do "Doutor Schaustz”, em lugar dos antigos trilhos, Friburgo, agora, espera as trilhas de uma cidade digital, de internet sem fio. Boas falas!

Meia página de viagem e confesso aos leitores que estou embaraçada para prender na folha A4 o que há de mais importante na edição. Tudo é especial. Friburgo, como disse Wanderson Nogueira, "por estar no alto, convida a sonhar”. E é justamente o sonho que nos move — o sonho de melhorias. Mesmo nos depoimentos mais críticos há uma só voz: uma cidade feliz para todos.

Com "Mania de preservar história”, é bom saber que temos na cidade o caminhão Escada Magirus, de 1956, e o que é melhor, ainda em atividade. Em Rememorando, o bucolismo da antiga praça encanta! Ainda no passado, na vida do Major Marques Braga ficou fácil entender a antiga rivalidade entre Euterpe e Campesina. Republicanos ou monarquistas, todos com espírito musical, o lucro foi para a cidade. 

Mas... E o cemitério em Olaria, promessa de construção do governo municipal? Calma! Ninguém se irrite! A promessa foi publicada na edição nº 953 – Há 50 Anos, quando Friburgo comemorava 146 anos. De brinde, um comércio do bairro abriria um concurso para premiar o primeiro defunto que estreasse o local. Parece até coisa do famoso prefeito Odorico Paraguaçu! 

A reportagem com Miguel Ruiz é um alento de que viver 92 anos pode ser um campeonato feliz. Ninguém se dê por vencido, porque a prorrogação é uma oportunidade para os jogos da lembrança e das lições de vida. Experiência é algo que só se adquire com o passar do tempo e, nisso, a escritora Yedda Santos dá olé. Em seu poema de amor por Nova Friburgo, ela expressa um sentimento que fala por todos nós — daquele apego nosso de ver a cidade se expandindo, "perdendo a meiguice”. 

É a natureza peculiar do progresso. Se já tivemos, outrora, a noite do "quebra lampiões”, hoje os fios pendurados, que enfeiam a paisagem, estão por um fio, pois se cogita, com atraso, a fiação subterrânea. Impressiona saber que temos 33 mil postes no território friburguense. Não é sem razão que temos tantas mentes iluminadas, pensando uma cidade melhor, como é o caso do biólogo Sandro Oitaven que, em Ponto de Vista, alerta sobre o potencial agrícola do 3º distrito e sua preservação com estratégias de práticas agrícolas sustentáveis. E com tantas boas intenções para um município perfeito, em seus196 anos, Friburgo merece ganhar de presente um povo verdadeiramente feliz! 

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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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