Colunas
O carnaval começou!
Diante do jornal A VOZ DA SERRA do fim de semana, eu me sinto como "a menina que roubava textos”. Tamanha é a admiração com a leitura, que tenho vontade de sair roubando as ideias, assinando as páginas, porque essa turma trabalha e escreve muito bem. Sem ser um poema, o jornal é poético! Sem ser pedagogo, educa! Sem ser um missionário, transmite lições de vida!
Não tenho dúvidas! O carnaval começou! Já vesti minha fantasia de leitora e me entreguei aos caprichos do bloco Unidos do Light. Se "água de coco é um santo remédio”, então, me deixem beber cada palavra e me embriagar de conhecimentos no "grande caldeirão das etnias”. Eu também recomendo "Até quarta-feira”, pois o livro de David, sem exagero, é o santuário das festas de Momo. Só não se aplica em Nova Friburgo a filosofia de Mario Quintana, porque aqui, ao contrário, a "Saudade” faz as coisas se movimentarem no tempo. Aliás, nos depoimentos de Ziá, a "roxo e branco” se movimenta o ano inteiro, rompendo as "quatro estações”, para fazer bonito na avenida.
O Unidos do Light está uma delícia, mas, enquanto costuro a fantasia para o próximo desfile, faço uma parada em Ponto de Vista: - "Cadê o futebol de várzea?”, Bonan pergunta, com saudade dos campinhos de pelada. Esse tempo já vai longe, meu caro, porque as peladas, hoje, estão nas capas de revistas e a liberdade de brincar na rua foi sucumbida pela vigilância constante, em meio aos perigos da modernidade. Basta olhar a foto comparativa de Lúcio César e, "sobretudo”, refletir que, assim como a cidade, as gerações enfrentam mudanças e, então, fica outra pergunta: o que haverá de chocante para os pais da juventude da serra, lá pelos anos 2040?
Imaginar o futuro é coisa incerta. Bom mesmo é testemunhar o que passou. Assim, no fim de semana de 15 e 16 de fevereiro de 1964 parece que, literalmente, o bloco dos sujos se embrenhou pela cidade. Não se viu sequer uma vassoura pelas ruas! Como cai bem na atualidade a frase "a nossa fortaleza é maior e o nosso desejo de recuperação é infinito”. Entre outras reclamações, a "belíssima fonte” não estava funcionando e, agora - que pena! - nem há mais fonte! Entretanto, nem tudo está perdido ou regrediu, pois era fato que em 64 nem todo mundo possuía televisão, ainda artigo de luxo. Havia problemas com as repetidoras. Tamanho era o caos que o jornal noticiou: "Quem possui aparelho de televisão está se martirizando...”. Incrível esse "Há 50 anos” e o povo, sempre otimista, acreditando no milagre da reviravolta da "apatia enervante” do poder público!
Otimismo e milagre caminham juntos e são coisas de paixão. Paixão como a de doutor Dermeval, que para cada cliente pagante, atendia "de três a quatro pessoas sem recursos”. Paixão como a de Maria Cybele, que leva Belinha e sua Malinha pelos bairros da cidade, distribuindo alegrias. Paixão como a do Frizão, que "sofre e acaba aprendendo”. Paixão como a da vovó de Wanderson Nogueira, que mesmo após 68 anos, espera notícias de Cândido!
"Quanto dura uma paixão?”
A pergunta faz pensar:
- Dura enquanto o coração
tiver tempo para amar!
Elisabeth Souza Cruz
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário