Das cerejeiras às transformações promovidas pelo tempo

domingo, 29 de junho de 2014

É impossível não gostar do Inverno quando se percebe a floração das cerejeiras. O Caderno Light nos brindou com um espetáculo! Contemplar as fotos de Regina Lo Bianco é dar ao espírito a chance de se embrenhar na quietude do tempo. É como cruzar o portal da Natureza e se deixar invadir pela soberania singular da beleza. Tudo inspira a criar viagens poéticas! Imagino quantos e quantos leitores, à luz da sensibilidade, estão, da mesma forma, embevecidos com o belo presente de capa. 

Com isso, o caderno esbanja singularidades. Ana Blue me fez lembrar que eu também passei do Rock para a MPB. "Meninas crescidas” do meu tempo curtiam Elvis Presley. Foi quase a mesma coisa comigo, Ana! "Não sei o que me deu”, mas um dia (estava à toa na vida) e vi A Banda passar num festival e pronto: passei a consumir MPB, numa Disparada que me levou à Travessia do Clube de Esquina de Milton Nascimento. Eu só queria uma Casa no Campo, de Zé Rodrix, e o silêncio das línguas cansadas bastava para ser feliz! E, falando tanto em música, Cristina Gurjão, entre outras sugestões, recomenda Tom Jobim e, por hoje, arrematamos o assunto! 

O Outono se despediu de nós e levou Rose Marie para outras estações, além do nosso horizonte perceptível. Ela, que soube "mergulhar na compaixão de Deus”, deixou-nos um legado de sabedoria infinita. O Light marcou bem essa transição, apresentando a relíquia de matéria produzida no ano 2000. E tudo é tão atual que valerá sempre uma reapresentação. 

Com os sabores do creme de inhame e na espuma provocante da cerveja Buzzi, é hora de curtir as boas novas na Praça do Suspiro. A inauguração da obra de drenagem na praça e o retorno do teleférico são dois indícios de que o Suspiro suspira novamente. E tudo isso leva a crer que a reconstrução da fonte poderá sair do sonho e entrar na realidade, para a alegria de todos nós. Afinal, o que desejamos é uma cidade cada vez melhor. Entretanto, essa conquista é um processo de esperas e lutas. Basta olhar a foto do Anchieta, em Rememorando, e refletir sobre o tempo percorrido para que  os jardins e as palmeiras se tornassem exultantes. Coisa alguma se processa antes do tempo e dona Juracema Brust, festejando seus 91 anos, certamente, há de ter acompanhado muitas transformações, não só na cidade, mas nas pessoas e nos modos da existência. 

São etapas a transpor e na história de vida do Pastor Meyer, em "Ruas de Nova Friburgo”, quantos desafios, quantas dificuldades! Se hoje percorremos distâncias com rapidez impressionante, o pastor, para chegar a São José, fazia um trajeto de quatro horas, a cavalo. Achamos estranho isso, mas, à época, era o que se podia dispor. Ainda bem que as coisas mudam, pois fosse o tempo uma eterna estagnação, estaríamos na Sunab, reclamando sobre a adição de água ao leite, como em "Há 50 Anos”. 

Parece que as surpresas de viagem deste fim de semana ficam mesmo por conta das transformações promovidas pelo tempo. Em Ponto de Vista, a doutora Cristina, especialista no campo da saúde mental, abre seu depoimento, dissertando sobre os avanços ocorridos, há cerca de trinta anos, nos trabalhos da assistência psiquiátrica. Causa impacto saber que, por mais de um século, o Brasil chegou a ter cem mil leitos psiquiátricos de "baixíssima ou nula efetividade terapêutica”. Como um salto de ousadia, vencendo as controvérsias de quem não acreditava no novo modelo, a  proposta se estabeleceu e é de se tirar o chapéu para os profissionais que abraçaram a causa. Mesmo que seja ainda uma caminhada de desafios para a "real consolidação”  do projeto, pela elucidação do tema, pressentimos a grande conquista, porque "cuidar sem segregar” e "em liberdade” é, antes de tudo, uma vitória do amor e do respeito ao ser humano. Duvidar de tamanho poder, isso sim, seria uma loucura!

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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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