Primeira chuva

Num de nossos primeiros encontros por aqui dedicamos uma coluna a falar sobre as peculiaridades da direção em condições de pista molhada. O momento atual, no entanto, sugere a necessidade de um novo texto, que possa tratar especificamente das condições que serão encontradas por friburguenses quando pegarem a estrada neste fim de ano repleto de feriados.

Quem mora ou trabalha próximo a alguma via movimentada sabe bem que veículos deixam resíduos, e não são poucos. Coloque nessa lista aí a fumaça do escapamento, a poeira transportada pelo deslocamento de ar, lubrificantes que pingam, fragmentos minúsculos dos pneus e por aí vai. E se as construções próximas já sofrem com o acúmulo destas partículas, imaginem então a quantidade de detritos que se acumulam na pista, em especial às suas margens.

É evidente que toda esta fuligem afeta a aderência estabelecida entre pneus e pavimento, mas em pista seca raramente isso é sentido pelo condutor. As exceções óbvias ficam por conta de eventuais poças de óleo, que praticamente zeram o atrito e podem facilmente levar a acidentes. Quando começa a chover, no entanto, o cenário muda drasticamente.

Quando as primeiras gotas de chuva encontram a pista após um longo período de estiagem, temos o mais perigoso dos cenários. Forma-se uma película muito escorregadia, sobretudo sobre superfícies impermeáveis, como faixas pintadas ou paralelepípedos. Sob estas circunstâncias, encarar descidas acentuadas ao volante de um carro equipado com freios traseiros a tambor ou numa moto sem sistema ABS (que evita o travamento das rodas) pode se revelar uma situação bastante perigosa.

Para alguns deve soar paradoxal, mas a situação torna-se menos perigosa após longos períodos chuvosos, quando a pista é “lavada” de todas essas impurezas. Desde, é claro, que a densidade pluviométrica não seja excessiva a ponto de formar poças, nas quais pode ocorrer a chamada aquaplanagem – condição na qual o volume d’água supera a capacidade de escoamento dos pneus, fazendo com que estes percam contato com a pista.

Levando-se em conta que estamos num fim de ano atípico, com índice de chuvas abaixo do esperado, e que temos pela frente grande quantidade de feriados e a estação mais chuvosa do ano, é importante que todos tenham essas informações bem fresquinhas na mente antes de tomarem a estrada.

Lembrem-se: férias são preciosas demais para serem desperdiçadas em atitudes descuidadas ou apressadas. Viva e deixe viver! Dirija com cuidado, e boa viagem!