O futuro dos capacetes – Parte 1

sábado, 12 de maio de 2018
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Ao longo das últimas décadas muitas evoluções significativas foram incorporadas aos capacetes, melhorando sensivelmente aspectos como aerodinâmica, peso, resistência e praticidade. Ainda assim, pode-se dizer que o conceito básico permaneceu o mesmo: providenciar uma espécie de reforço ao crânio, um pedaço de exoesqueleto concebido para se sacrificar diante de impactos que poderiam ser fortes demais para a proteção óssea.

Duros por fora e macios por dentro, não restam dúvidas de que capacetes já salvaram incontáveis vidas ao ajudarem a dissipar a absorção da energia de tais impactos. Especialmente no contato com objetos pontiagudos, posto que desaceleração é transmitida à cabeça através de uma área muito maior (e consequentemente mais suave).

O formato que ainda é padrão na atualidade, no entanto, destaca-se muito mais pela resistência – e aqui vale destacar os capacetes em fibra de carbono – do que pela dissipação de energia, que basicamente fica a cargo da camada de espuma e de eventuais deformações ocorridas na parte externa. Na prática isso significa que em muitas situações de forte desaceleração o crânio permanecerá inteiro, mas dentro dele o cérebro pode sofrer fortes danos ao chocar-se com violência contra as paredes que deveriam protegê-lo.

A boa notícia a este respeito é que, a exemplo dos airbags que vimos na semana passada, uma nova frente de proteção começa a ser oferecida a quem se desloca constantemente sobre duas rodas: a introdução de aparatos voltados ao amortecimento destes impactos na própria estrutura do capacete, que prometem proteção a diversos cenários de colisão nos quais os capacetes normais deixam a desejar. Hoje veremos a solução apresentada pela Bell, e em nosso próximo encontro esmiuçaremos o caminho adotado pela 6D Helmets.

Tradicionalmente, os capacetes de rua são cascos duros com uma única camada de Poliestireno Expandido (EPS), que funciona bem para absorver grandes quantidades de energia em colisões de alto impacto. A Bell Helmets, no entanto, lançou recentemente seus capacetes Star Series revisados ​​e dois dos modelos, o Star Race  e o Star Pro, apresentam a nova tecnologia de segurança da empresa, chamada de Flex Impact Liner. Em essência, este sistema inovador incorpora três revestimentos diferentes para gerenciar impactos de alta, média e baixa velocidade.

Cada forro é feito de diferentes materiais que funcionam em conjunto para fornecer uma gama mais ampla de proteção do que o que o EPS sozinho pode oferecer. Além disso, o Flex Impact Liner é projetado para proteger a cabeça do piloto contra as perigosas forças rotacionais que são criadas quando um capacete é impactado de maneira angulada. Ao contrário dos capacetes tradicionais, o revestimento mais interno destes cascos pode atuar como um plano de deslizamento e mudar em relação aos outros dois revestimentos para ajudar a reduzir a potência dessas forças de rotação. A Bell também lançou recentemente o seu capacete de rua Qualifier DLX MIPS que utiliza a tecnologia MIPS (Multi-Directional Impact Protection System).

Descrevendo desta forma, os progressos podem não parecer grande coisa. Mas a introdução de estruturas deformantes adicionais represente uma verdadeira revolução para a indústria dos capacetes, e promete reduzir sensivelmente as desacelerações impostas ao cérebro de um motociclista acidentado.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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