Neblina

sábado, 20 de outubro de 2018

Todo friburguense que se preze já passou pela experiência de trafegar à noite em meio a densa neblina, quer seja de carona, em transporte coletivo ou dirigindo. Localidades como as partes mais altas da RJ-116, entre Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu, ou na RJ-142, que leva aos distritos de Lumiar e São Pedro da Serra, são conhecidas pela incidência do fenômeno, popularmente também conhecido como “russo”.

Mas, a despeito da beleza e do charme para se admirar ou fotografar, a verdade é que a neblina pode representar um fator de enorme risco a quem conduz. Em casos mais severos a visibilidade pode ser quase nula, tornando praticamente impossível seguir viagem. Cabe, portanto, sobretudo nesta época do ano, observar algumas dicas para quem se descobre dirigindo em meio à bruma.

Bom, para começar é preciso dizer que há muitos níveis ou tipos de neblina. A rigor, as gradações estão até mesmo previstas no léxico, sendo chamada de névoa a incidência que permite visibilidade de mil metros ou mais, e neblina a que prejudica a visão em profundidade menor que um quilômetro. No mundo real não existe um padrão sobre o qual dissertar, ao contrário do cenário perigoso e repetitivo emulado pelo clássico jogo Enduro, do Atari, que os leitores com 40 anos ou mais devem conhecer.

Diagnosticar corretamente as condições apresentadas, portanto, é o primeiro passo para encontrar as condições mais seguras de trafegar – ou de parar por completo, se for o caso. O motorista deverá fazer algumas experimentações, por exemplo, para avaliar qual opção de farol lhe oferece maior visibilidade. Na maior parte das vezes o farol baixo se revelará mais eficiente do que o alto, e também mais apropriado para não reduzir ainda mais a visibilidade de quem trafega em sentido oposto.

Além disso, muitos veículos possuem faróis de neblina ou de condução, geralmente instalados um pouco abaixo dos faróis convencionais, e dirigidas ao chão na parte da frente do veículo. O feixe de luz criado pelas luzes de neblina é normalmente amplo e com um padrão plano. O padrão plano serve para ficar perto da superfície da estrada e minimizar o reflexo criado pela névoa, e o feixe amplo serve para iluminar melhor as laterais da estrada, onde o motorista costuma buscar referências para não sair da estrada ou invadir o lado oposto.

Já as luzes de condução são pontuais e fortes, geralmente projetadas para atravessar a escuridão da noite de forma mais eficaz que os faróis normais. Ainda que evidentemente as luzes de neblina sejam melhores para o nevoeiro, os dois tipos de iluminação são mais eficientes nessas circunstâncias do que os faróis convencionais. Com um detalhe importante: mesmo que o motorista opte por não utilizar os faróis convencionais, jamais deverá desligar as luzes de presença, pois elas ajudam a tornar o veículo mais visível para os outros motoristas.

Mas o motorista terá de responder a outras perguntas. A umidade no ar torna necessário o uso do limpador de para-brisa? O desembaçador também costuma ajudar. Em muitos casos abrir os vidros, ao menos parcialmente, também pode ser um bom auxílio ao permitir que o motorista escute a aproximação de outros veículos.

A pergunta mais importante a ser respondida, no entanto, diz respeito à velocidade ideal para se trafegar sob tais circunstâncias. É evidente, aqui, que a confiança do motorista sempre será um fator decisivo, mas é importante cuidar para que se tenha, no mínimo, três ou quatro segundos de visibilidade. Ou seja: que o motorista consiga ver o que se passa à sua frente três ou quatro segundos antes de passar por este mesmo ponto. Assim, ele terá tempo de reagir ao surgimento de algum obstáculo (animais ou outros veículos, por exemplo), quer seja freando ou desviando. Aliás, mudanças bruscas de velocidade ou de direção só devem mesmo ocorrer sob tais circunstâncias, a fim de se evitar choques com outros veículos também trafegando sob visibilidade prejudicada.

Passadas todas estas dicas, o melhor mesmo é evitar, sempre que possível, horários e locais nos quais a neblina costuma ser uma constante. Afinal, segurança nunca é demais.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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