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Motores dois tempos e quatro tempos: você conhece as diferenças?
Talvez os jovens de hoje em dia não estejam familiarizados com a nomenclatura, mas os motores a combustão podem ser divididos em duas categorias básicas no que se refere ao ciclo de trabalho: dois tempos (2T) e quatro tempos (4T). E se a expressão já não se faz tão necessária, é por uma razão muito simples: por questões de preservação ambiental, os motores dois tempos estão rapidamente sumindo do mercado.
Os motivos para isso são fáceis de compreender, a partir do momento em que entendemos as diferenças de funcionamento entre os dois tipos de projeto. O ponto principal a ser compreendido é que, para o melhor aproveitamento da mistura ar + combustível, cada cilindro deve produzir uma explosão a cada duas rotações dos pistões. Primeiro o pistão desce, com a válvula de admissão aberta. A expansão do volume gera sucção, que puxa a mistura para dentro da câmara de combustão. A válvula então se fecha, e toda esta mistura é comprimida até o fim do curso, quando a centelha disparada pela vela causa a explosão e empurra o pistão para baixo, ainda com as duas válvulas fechadas. Quando ele torna a subir, é a válvula de escape que está aberta, para expulsar da câmara a mistura já queimada. E então todo o ciclo de quatro etapas se reinicia. Obviamente, esta foi a descrição de um motor de quatro tempos.
Já no motor dois tempos, todas as vezes em que o pistão sobe ocorre uma explosão. Existem apenas duas fases, e isso significa dizer que um motor dois tempos aproveita quase duas vezes mais o mesmo espaço disponível (cilindrada) do que um quatro tempos. O quase aqui se deve à menor qualidade dessas explosões, inevitavelmente precárias, ainda que a vedação e a troca de gases se dê através de janelas, e não de válvulas.
Entre os carros, motores dois tempos já não são vistos há muito tempo. Os mais antigos, contudo devem se lembrar dos DKW, cuja propaganda à época dizia que o carro tinha três cilindros, que eram equivalentes a seis, justamente em função da multiplicação que vimos no parágrafo anterior. Já nas motos os nervosos motores 2T tiveram vida muito mais longa, e formaram uma legião de fãs aqui no Brasil.
Mas, se os motores 2T apresentam desempenho superior, então por que estão em extinção? A verdade é que existe uma série de razões secundárias para isso, mas o motivo principal é de ordem ambiental. Ocorre que estes motores não possuem cárter para óleo lubrificante, mas apenas um cárter seco que recebe pouquíssimo óleo. Por isso, é necessário que se adicione determinada quantidade de óleo ao combustível, tornando a queima muito mais poluente.
Com este texto encerramos uma série de análises básicas para o entendimento dos motores, que deve levar todo mundo a realizar compras mais adequadas e uma manutenção mais eficiente. A partir de nosso próximo encontro, no entanto, voltaremos os olhos para o futuro, e as certezas que ele nos reserva.
Até lá!
Márcio Madeira da Cunha
Sobre Rodas
O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas
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