Hábitos que mudaram com o tempo

sábado, 09 de dezembro de 2017

A constante evolução tecnológica aplicada a veículos pessoais vem alterando, aos poucos mas constantemente, alguns velhos hábitos que há muito estavam associados ao ato de dirigir, ou ao menos faziam parte do cânone não-oficial daquilo que significava ser um bom motorista.

Aliás, com a evolução dos sistemas de segurança as mudanças já começam antes mesmo do proprietário entrar em seu veículo. Atualmente, um número cada vez maior de motoristas já não precisa de chave para abrir as portas de seu carro, deixando no passado os dramas de quem enfrentava o desprazer de trancá-las do lado de dentro.

O velho molho também já não é necessário para iniciar o motor, dada a proliferação dos botões de start, nem tampouco é utilizado para abrir a tampa do bocal do tanque de combustível. As chaves, quando muito, servem para a identificação do condutor, e, claro, para disparar o check control, outra novidade que veio com o tempo.

A carga elétrica vem de baterias que há muito dispensam o complemento de fluido, e é bom que estejam sempre carregadas, porque com a popularização dos câmbios automáticos ou CVT, boa parte dos carros já não podem ser acionados no tranco. Recomenda-se, inclusive, que veículos com essas características tenham, sempre que possível, um arrancador carregado no porta-malas.

Com o aprimoramento das injeções eletrônicas, já não existe o risco de afogar o motor. Aquecer a máquina continua a ser necessário e importante, mas o carro irá funcionar bem mesmo que, por algum motivo, o motorista seja obrigado a encurtar essa etapa. No momento de desligar, também não será necessário dar nenhuma forte acelerada antes, como alguns costumavam fazer na época do carburador a fim de manter a cuba cheia de gasolina.

Também devemos à eletrônica a existência de carros movidos a mais de um combustível, incluindo o gás veicular. Época bem diferente de quando os postos de gasolina não funcionavam 24h, nem abriam todos os dias. E mesmo quando o motorista opta por utilizar sempre o mesmo combustível, ele ainda pode escolher entre compostos aditivados, sem metais pesados e de octanagens diferentes. Nada em comum com o período em que motores dois tempos pediam a adição de óleo à gasolina, e os jovens aplicavam “aditivos” por conta própria, como óleo de rícino ou naftalina, inspirados por lendas de origens incertas.

Na estrada, o piloto automático permite dirigir praticamente sem usar os pés, inclusive acelerando com as mãos. A comunicação visual, por sua vez, aos poucos perde espaço para outras formas de interação, como a proporcionada por celulares funcionando em viva voz. Atualmente, passageiros podem acessar a internet, conversar, ver filmes ou assistir televisão com o carro em movimento. Da mesma forma, os antigos guias em papel há muito deram lugar a equivalentes digitais, ou sistemas de GPS.

Em curvas, a aderência proporcionada pelos novos pneus (sem câmara), nas estradas quase sempre (mal) asfaltadas, já não justifica as pequenas guinadas no volante que os mais antigos usavam para gerar o chamado yaw, numa abordagem angulada, em derrapagem controlada, semelhante à que vemos nos ralis. Há muito tempo, a forma mais segura de manter as trajetórias é através de uma postura neutra, conservando a aceleração e o volante tão estáveis quanto possível.

E se surgir alguma emergência, diversos veículos já dispõem de sensores dedicados a auxiliar nos controles de estabilidade e tração. Na frenagem, o ABS já se tornou obrigatório, bem como a segurança dos air bags. Além desses, o motorista pode contar com o auxílio de sensores de chuva, de luminosidade, e de distância na hora de dar ré. Tarefa que, agora, também é auxiliada pelo emprego de câmeras de vídeo, por sensores de distância e pelos sistemas automáticos de estacionamento.

Entre tantas mudanças, geralmente positivas, chega a ser uma pena que outras tendências, como o agravamento de engarrafamentos e a escassez de vagas, tornem a tarefa de dirigir tantas vezes inviável ou sacrificante.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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