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E quando os pedais falham?
Vimos em nossos textos mais recentes diversas peculiaridades dos pedais em carros manuais, sobre as quais poucas pessoas param para refletir. Mas, e quando os pedais falham, como o motorista deve proceder?
Comecemos pelo acelerador, que certamente representa o menos dramático destes casos. Em diversos veículos mais antigos seu acionamento se dá através de cabo, que eventualmente pode se soltar do suporte no pedal. Quando isto ocorre o motor continua funcionando em marcha lenta, mas o pedal deixa de responder aos comandos do motorista. Muitas das vezes, no entanto, basta parar o carro de maneira segura e analisar o encaixe para tornar a conectar as partes. Em casos como o descrito, é o tipo de situação que pode ser resolvida facilmente, mesmo por um leigo no assunto.
A perda da embreagem, por outro lado, já representa uma situação bem mais complexa. A bem da verdade, trocar de marcha sem fazer uso deste pedal é possível – popularmente chama-se isso de passar a marcha “no tempo” –, mas estamos falando de uma técnica que pouquíssimas pessoas dominam de maneira satisfatória. Basicamente, o motorista precisa encontrar com exatidão qual a rotação do motor para aquela velocidade na marcha pretendida, antes de arriscar a troca. Se você não é piloto profissional, no entanto, não precisa se desesperar. Caso sua bateria esteja bem carregada, o motor de arranque deverá ser forte o bastante para fazer o carro pegar mesmo que engatado em segunda marcha, desde que não se encontre numa subida. Com o carro em movimento, procure o local seguro mais próximo para estacionar e pedir ajuda. Ao encontrar este refúgio, basta engatar o ponto morto (não haverá qualquer dificuldade extra nesta operação) e deixar o carro rolar até o ponto desejado, antes de desligá-lo.
O grande problema, a rigor, se dá quando o motorista busca o pedal do freio e seu acionamento não oferece qualquer resistência ao avanço do veículo. Falhas no sistema de frenagem não são tão raras quanto a maioria dos motoristas gostaria de acreditar, e por isso mesmo há que se evitar constantemente qualquer situação na qual seu uso torne-se decisivo para evitar um acidente. Como já dito anteriormente, os freios devem estar sempre bons e revisados, mas o motorista deve evitar ao máximo depender deles, fazendo uso sensato do acelerador e conservando uma distância segura em relação a quem vai à frente.
Em caso de falha nos freios, o procedimento mais eficiente é acionar levemente o freio de mão (o acionamento excessivo pode provocar o travamento das rodas traseiras e ocasionar uma rodada), utilizar o freio motor e reduzir progressivamente as marchas, bombeando o pedal do freio ao longo do processo, sempre que possível. De forma alguma, no entanto, o motorista deverá trafegar sem os freios além do necessário para estacionar o veículo em local seguro.
Há que se observar ainda que em alguns casos o freio pode sofrer danos em apenas uma das rodas. Se isso acontecer, o carro apresentará a tendência de virar para um dos lados a cada vez que o pedal for acionado. Diante deste sintoma, mesmo que sutil, não deixe de levar o carro para uma revisão o mais rapidamente possível.
Márcio Madeira da Cunha
Sobre Rodas
O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas
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