Distribuição de peso

domingo, 07 de janeiro de 2018

Janeiro no Hemisfério Sul é sinônimo de verão e férias escolares. Alta temporada para o turismo, o que – numa cidade sem aeroporto, como Nova Friburgo – significa dizer que muita gente pega a estrada, carregando na carona o que a vida lhes deu de mais precioso. Vale a pena, portanto, a gente lembrar alguns aspectos da manutenção preventiva relacionados à preservação do equilíbrio dinâmico, a fim de que o condutor tenha à sua disposição todas as condições de trafegar em segurança, mesmo em situações adversas. No primeiro texto desta série vamos abordar um tópico bastante simples, mas ainda assim determinante para o comportamento do veículo: a distribuição do peso.

Mas, antes das dicas, um pouco de teoria. A fim de reduzir ao máximo o chamado “momento polar rotacional de inércia”, que poderíamos traduzir como a resistência que um corpo apresenta a girar, o ideal para um veículo é ter o centro de gravidade no ponto central, onde as linhas imaginárias que dividem o veículo em quatro partes iguais se encontram. Ou seja, na metade do comprimento, e na metade da largura, distribuindo 25% do peso total do conjunto sobre cada roda.

Por sua vez, quanto mais baixo for este centro de gravidade, mais estável e seguro será o veículo, ao se tornar menos propenso a capotagens. Os leitores mais experientes devem se lembrar da minivan Towner, fabricada pela Asia Motors, que se popularizou como veículo de transporte alternativo no Brasil entre o fim dos anos 90 e o início da década seguinte, e que tinha a inusitada característica de ser mais alta do que larga. A viabilidade do veículo consistia na concentração mais baixa possível do centro de gravidade, gerando o chamado “efeito João-Bobo”, que, assim como no brinquedo, mantinha as cabeças apontadas para cima.

Certo, mas o que tudo isso quer dizer, na prática? Bom, quer dizer que o motorista deve levar o peso em consideração na hora de distribuir passageiros e malas pelo carro. Começando pelo fim, é importante colocar as bagagens mais pesadas sempre no fundo do bagageiro, no limite com o banco traseiro, e ordenadas verticalmente da mais pesada (por baixo) para a mais leve (por cima). Da mesma forma, no que diz respeito aos passageiros, evite – sempre que possível – que um lado do veículo concentre muito mais peso do que outro. Uma grande discrepância a esse respeito pode, em situações extremas, provocar instabilidade em frenagens ou em curvas acentuadas.

Em motos, por sua vez, sempre que possível o mais pesado deve ser o condutor, deixando a pessoa mais leve na garupa. Afinal, na situação inversa, a concentração de peso na traseira pode dificultar as frenagens e gerar a tendência a empinadas, sobretudo em subidas mais acentuadas.

Dito tudo isso, é óbvio que raramente o motorista conseguirá uma distribuição ideal do peso móvel dentro do veículo. Assim, é importante ter em mente quais as características momentâneas do carro ou da moto no momento de calcular a velocidade segura para cada circunstância, tomando especial cuidado para se manter longe das tais “situações extremas”, nas quais estes desequilíbrios podem vir a representar um problema concreto.

Ah, e antes que eu me esqueça: se houver uma grande concentração de peso na traseira, pode ser que os faróis também necessitem de uma regulagem especial.

Feliz 2018, e boa viagem!

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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