Celulares e pedestres: uma combinação perigosa

sábado, 02 de dezembro de 2017

Muitos textos já foram escritos a respeitos dos riscos e das penalidades atrelados ao uso de telefone celular por quem dirige. Da mesma forma, fora dos limites de nossa jurisdição, diversas análises dedicam-se a estudar os efeitos destes novos meios de comunicação que parecem aproximar quem está longe e afastar quem está perto. A rigor, ambos são temas quase que inevitáveis em suas respectivas searas. No entanto, o debate em torno dos riscos atrelados ao uso de smartphones por pedestres ainda é tímido, e na maioria das vezes condicionado à cobertura midiática de novas tragédias que poderiam – e deveriam – ter sido evitadas. Falemos sobre isso antes que seja tarde demais, portanto.

No último dia 25 de outubro entrou em vigor, na cidade de Honolulu, capital do Havaí, lei que proíbe que pedestres atravessem as ruas da cidade olhando no celular. A medida, aprovada em julho, visa conter os atropelamentos e inclui smartphones, videogames e laptops. Se for pego em flagrante pela polícia, o pedestre pode receber multas que variam entre US$ 15 (R$ 47) e US$ 35 (R$ 109) na primeira infração; de US$ 35 a US$ 75 (R$ 235) na reincidência, e até US$ 99 (R$ 310) no terceiro flagrante. A medida, tudo indica, deve em breve se tornar uma tendência legislativa mundial.

Não é preciso ir tão longe, no entanto, para ver essa situação de risco se manifestar. Basta escolher uma rua movimentada e ficar observando com discrição, aqui mesmo, em Nova Friburgo. A pauta, inclusive, foi sugerida por um motorista local que cansou de testemunhar esse tipo de situação. E foi corroborada pela visualização de diversas travessias sem a devida atenção ao longo dos últimos dias.

Levantar estatísticas precisas a este respeito não é tarefa fácil, uma vez que grande parte dos acidentados nega a utilização do celular no momento da ocorrência. Ainda assim, estudo da Universidade de Stony Brook, de Nova York (EUA), aponta que 60% das pessoas não conseguem andar em linha reta quando usam o celular na rua, aumentando o risco de atropelamento em até 400%.

Como se não bastasse o perigo evitável, é importante observar que, muitas vezes, o motorista que precisa lançar mão de alguma manobra evasiva para não colher um pedestre distraído acaba sendo atingido por outro veículo no processo. Em esquinas como as da Rua Monte Líbano, por exemplo, é fácil ver este tipo de situação: pessoas atravessando sem a devida atenção acabam obrigando motoristas a frear bruscamente, expondo-os a choques traseiros ou, na “melhor” das hipóteses, a sessões de buzinaço, como se o correto fosse sair atropelando a todos.

Soluções? Sim, há. A principal delas é combater o hábito/vício da conectividade, dando sempre a devida atenção a aquilo que se faz. É preferível adiar o envio de uma resposta do que ter a vida brutalmente abreviada. Mais do que uma decisão pessoal, todavia, tal postura deve ser difundida através de campanhas de conscientização, da mesma forma como nunca é demais lembrar a condutores que eles sempre devem se locomover em velocidade compatível, e conservando distância segura para que vai à frente ou aos lados.

Sem jamais se importar com a impaciência ou a buzina de quem vem atrás.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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