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Carros blindados: quais os níveis de proteção?
Ainda que em Nova Friburgo a frota seja proporcionalmente grande quando comparada ao tamanho de nossa população, o percentual de veículos blindados circulando por nossas ruas é bem menor do que em grandes centros nacionais, ou cidades nas quais a sensação de insegurança é mais elevada.
Um dado que, por isso mesmo, pode ser considerado positivo, mas que não nos impede de dedicar algumas colunas a estes veículos especiais e tão peculiares que têm proliferado muito rapidamente no mercado nacional, sobretudo entre os modelos de luxo ou grande porte.
De fato, existem diversas questões a serem abordadas quando se fala de blindados. Preço, burocracia, manutenção, mudanças na forma de conduzir... E, claro, os tipos de serviços oferecidos, tema que trabalharemos hoje.
Níveis de proteção
No Brasil, existem quatro níveis de proteção de blindagem: o I, II-A, II e III-A, numa escala crescente na qual o nível I é o mais barato, de menor peso e menos resistente, enquanto o III-A é o nível mais resistente, mais caro e de maior peso. Os padrões seguem as normas americanas, que especificam a quais projéteis um determinado nível de blindagem deve resistir, quando confrontado com até cinco tiros numa área de 20 centímetros quadrados:
Nível I: Resiste a disparos de armas calibre 32 e 38, mas é vulnerável a calibres maiores. Na prática é uma proteção que não resolve o problema, uma vez que o motorista precisaria analisar o tipo de arma que lhe é apontada para saber se o carro resistirá a ela, tornando complexa a tomada de decisão num momento já tão crítico.
Níveis II e II-A: Esses níveis, raramente oferecidos no mercado, resistem a armas de calibre 9 milímetros e à Magnum 357.
Nível III-A: Segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), o nível III-A tem uma resistência quatro vezes maior que o nível I e é a proteção adotada por 95% do mercado. É resistente a armas de mão de todos os calibres, inclusive a submetralhadoras (pistolas) 9 milímetros e à Magnum 44.
Existe ainda a tecnologia Udura, que não é uma blindagem completa, mas um composto balístico para ser usado na parte opaca. De acordo com o fabricante, ele é um fio de aramida baseado na fibra de carbono, que seria 20% mais leve que as mantas tradicionais.
Perfil nacional
Tamanha concentração de mercado por parte do nível mais alto de proteção, apesar dos consideráveis custos envolvidos, parece dizer muito a respeito do perfil de quem busca o serviço em território nacional.
Em meio a índices obscenos de concentração de renda e ao desgaste atrelado aos incontáveis exemplos de enriquecimento ilícito, ascender socialmente, no Brasil, é quase como colocar um alvo na própria nuca. Assim, o que se tem não é um cenário no qual simplesmente o cliente blinda porque tem condições de pagar por isso, mas também muitos casos nos quais o cidadão sente que precisa se proteger justamente por ter condições de pagar.
Ao longo das próximas semanas veremos mais alguns aspectos relacionados aos blindados. Até lá!
Márcio Madeira da Cunha
Sobre Rodas
O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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