Câmbio automático ou automatizado: conheça as diferenças

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A tendência é recente, mas tudo sugere que seja irreversível: são cada vez mais numerosos os motoristas brasileiros que, tendo experimentado a sensação de dirigir sem precisar fazer uso do pedal da embreagem, decidem-se a nunca mais comprar carros equipados com câmbio manual. Mas afinal, será que guiar um automóvel automático é mesmo assim tão simples? E os câmbios, são todos iguais?

A respostas para as duas perguntas é a mesma: não e não.

A questão central é que, apesar de todos os avanços em inteligência artificial, nenhum programa será capaz de extrair do ambiente todas as informações pertinentes e assim julgar qual a marcha ideal para cada situação com tanta eficiência quanto um bom motorista. Por este motivo, todos os câmbios automáticos possuem diferentes graus de interatividade que garantem ao condutor, no mínimo, a possibilidade de selecionar uma marcha específica para contar com o auxílio do freio motor durante uma descida, ou escolher a marcha mais adequada para enfrentar uma subida, sem a realização de trocas indesejadas na hora errada. Em casos mais abrangentes, no entanto, são oferecidas opções de trocas manuais na alavanca, e até mesmo através de borboletas atrás do volante. E é muito bom que o motorista saiba fazer uso de tais recursos.

Motivos para isso não faltam. Carros sem pedal de embreagem possuem a fama de beberrões, mas se o motorista aproveitar corretamente as possibilidades disponíveis, a diferença no consumo será mínima, causada, apenas, pelo maior peso do sistema e, no caso dos câmbios automáticos tradicionais, também pelo consumo de energia necessário ao funcionamento do aparato.

É igualmente importante saber o tipo de caixa utilizada por cada automóvel. Afinal, câmbios automáticos são equipados com conversores de torque, ao passo que câmbios automatizados utilizam uma ou duas embreagens de acionamento interno, em sistema semelhante ao de carros manuais. Na prática, isso significa que câmbios automáticos “roubam” um pouco de potência do motor e são mais caros de consertar. Carros equipados com câmbio automatizado, por sua vez, podem apresentar dificuldades ao motorista em situações como sair em ladeiras, ora apresentando aquecimento em função do desgaste do disco de embreagem, ora permitindo que o carro desça antes de efetivamente começar a tracionar.

Pelo mesmo motivo, carros equipados com câmbio automatizado de apenas uma embreagem são famosos pelos trancos que acompanham as lentas trocas de marcha, ao passo que carros automáticos ou de dupla embreagem trocam as marchas de maneira muito mais suave e rápida.

Em qualquer um dos casos — e mais ainda em carros automatizados —, sempre que fizer alguma parada longa, deixe o câmbio na opção neutro (identificada pela letra N, equivalente ao ponto-morto), em vez de manter em Drive segurando o avanço do carro através do acionamento dos freios. Deste modo, o desgaste do equipamento será muito menor no longo prazo. E, claro, cuide para que jamais se esqueça de como guiar um carro manual, caso isso venha a ser necessário!

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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