Disco Voador

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Há alguns meses, meu esposo retornou de uma caminhada na mata próxima ao local onde residimos e trouxe um objeto, que assim que foi avistado pelo nosso filho mais novo, já virou alvo de questionamento. ‘O que é isso, papai?’, perguntou. Prontamente, meu esposo respondeu: ‘É um fungo chamado orelha de pau’. No mesmo instante meu filhinho replicou: ‘Que nada, papai, é um disco voador!’. Pegou o fungo da mão do papai e saiu fazendo seu disco voador sobrevoar por toda casa.

Que interessante o pensamento das crianças, e quantas lições podemos aprender se observarmos com atenção. A mente deles é livre, ainda não foi encaixotada pelo terrível medo de errar. Usam e abusam de sua criatividade para resolver questões difíceis para os adultos. Pense que interessante, o olhar dele sobre o objeto foi o de um artista, que quando alguns enxergam uma pedra, aquele vê uma escultura. Dizem que uma pessoa inteligente vê 150 utilidades para um simples clip de papel.

Mas, e aí, como isso pode nos ajudar, hoje? Como essa subjetividade no olhar os ‘objetos’ pode estar ligada à sustentabilidade? Penso que esse modo de entender os objetos/coisas/resíduos pode ser uma medida importante para diminuir o volume daquilo que vai para o aterro sanitário. Não estou falando apenas de reciclagem, pois sabemos não ser mais capaz de resolver o problema sozinha. Estou falando daquele a mais, daquela pegada de permacultor. Vou citar um exemplo, experiências.

Tenho um amigo que não só separa o lixo nas três frações (orgânicos, resíduos e rejeitos), como também aproveita a maioria dos materiais mudando o seu uso habitual. As caixas de leite viram vasos para as sementes das frutas que eles comem e separam (separado do lixo orgânico), para fazer mudas. Perguntei-lhe, como ele arrumava uma terra boa e gentilmente me explicou todo o processo pelo qual ele produz húmus para as mudas, alimenta a horta, aduba as orquídeas e o jardim. Mostrou-me como separava as cascas dos ovos e das bananas, e as secava numa espécie de secador solar, e com isso alimentava os morangos plantados em vasilhames reciclados.

No quintal, esse amigo possui um minhocário, onde ele joga todo o resíduo orgânico produzido em sua casa, ou seja, o que sobra. Teve orgulho ao mexer no fundo daquela terra preta e me mostrar as minhocas fazendo seu serviço. Algo que me chamou atenção é que ele aproveitara uns pneus para fazer uma hortinha familiar, tudo muito bonito, organizado, com uma pequena variedade de hortaliças, como rúcula, couve, alface, almeirão, alguns temperos.

Em um espaço relativamente pequeno, acredito ter uns 500m², ele plantara inúmeras frutas, umas 35 variedades, condicionadas à sazonalidade, ou seja, sempre tem fruta no quintal. Havia mandioca, inhame, batata doce, variados chás, plantados por vários espaços numa pegada agroflorestal. Inúmeros pés de banana, cana, muita framboesa, uma variedade de plantas Pancs (plantas alimentícias não convencionais) cuidadas com os mimos das hortaliças tradicionais.

Chegamos a um pequeno cercado feito com materiais mesclados entre madeira, tela e objetos reciclados, um pequeno galinheiro, com nove galinhas, aliás não era um galinheiro, e sim uma usina de produção de adubo. Era um tipo de galinheiro autossuficiente. Havia um compartimento onde eram jogadas as folhas secas do quintal, para serem decompostas. Uma parte deste processo ficava ao alcance das galinhas e estas, por sua vez, alimentavam-se da microfauna que encabeça a decomposição das folhas.

Nessa residência, não se jogam fora: as folhas do quintal, o resíduo orgânico, as sobras de capina. As podas das plantas viram novas mudas, pneus viram canteiros. Pets, caixa de leite, vasilhames de limpeza viram vasos, com as mais variadas plantas. O lixo orgânico vira húmus, o húmus alimenta a horta, que alimenta a família.

E é assim que a vida acontece. Ou pelo menos deveria. Quase tudo pode ser reaproveitado e o que não pode, vai para reciclagem, separado, limpo e seco. Com exceção dos fungos que viram disco voador!

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Renata de Rivera

Meu Bairro Sustentável

O projeto do núcleo Meu Bairro+200 idealizado por Renata de Rivera visa tornar Nova Friburgo uma cidade sustentável. Sua coluna traz dicas de ações por uma cidade mais limpa, com menos lixo e poluição e uma vida mais saudável.

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