Contrariando a perspectiva do opinionista

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Há poucos dias passei por uma pessoa na rua que estava trajando uma camisa com a inscrição: “Friburgo sem rodeios”. Sei que existe uma polêmica sobre esse assunto e dessa forma busquei uma maneira de me localizar dentro deste tema e desenvolver uma opinião pessoal a respeito. Minha primeira pergunta foi: sou contra ou a favor de rodeio? Ao responder mentalmente essa questão percebi que, talvez por questões culturais, eu tenha uma simpatia por rodeios. Afinal até onde eu saiba os animais utilizados nas apresentações são sempre sadios, pressupondo um cuidado, ficam em baias limpas, possuem veterinário, ração balanceada, ou seja, a maior parte do tempo vivem muito melhor que os animais que são abatidos para alimento. Posso dizer que recebem até mesmo mais atenção que muitos seres humanos.

Porém o fato de eu ser simpática não me autoriza a legalizar essa prática e muito menos enquadrar os que não gostam com rótulos depreciativos. Eu, de fato, não poderia ser totalmente contra, porque ainda sou carnívora, uso produtos de origem animal, sei que inúmeros testes são utilizados em animais para desenvolver medicamentos e cosméticos dos quais eu me benefício. Em outras palavras, no meu caso, concordar significa não ser hipócrita, já que não posso desenvolver uma opinião relativista a esse respeito.

Entretanto, não é sobre o rodeio que pretendo falar nesse espaço, aproveito a introdução para denunciar uma prática muito comumente utilizada hoje em dia, o opinionismo. O que seria o opinionismo? É a pratica de tecer opiniões sobre qualquer assunto, com embasamento ou não, e que muitas vezes acaba por validar argumentos que estão na moda, ou seja, as opiniões tendem por seguir o raciocínio do que está em voga ao invés de discutir os pressupostos que justificam a própria tomada de posição.

São várias as questões que os opinionistas de plantão se referem, e pior, muitas vezes quando emito um parecer que contraria a perspectiva do opinionista a impressão que tenho, pela linguagem corporal do meu interlocutor contrariado, é que eu estou em um estágio inferior, como já escutei: digno de pena. Dá para acreditar que já recebi a “misericórdia intelectual” em um assunto que não me posicionei a favor do opinionista? E só percebi isso quando ele me disse: tenho pena de você e desse seu “pensamentozinho”.

Queridos leitores, uma coisa em falta no momento histórico em que vivemos é a compreensão de que opiniões discordantes não devem separar as pessoas, pelo contrário. Muitas vezes ao discutir sobre um determinado assunto, por exemplo, no caso do rodeio, não devemos confundir o entendimento que uma pessoa faz sobre a ideia de rodeio, com a pertença dessa mesma pessoa a um grupo que maltrate animais, seja a favor das touradas, ou mesmo que essa pessoa, da qual a opinião você discorda, defenda grupos que utilizam os animais apenas para servir aos desejos insanos do ser humano.

Às vezes, a pessoa tem apenas uma opinião e não uma religião, com bons argumentos todos podem se adaptar e alcançar novas compreensões. O que não podemos é enquadrar os que não concordam com a gente em estereótipos depreciativos, que não só rechaçam a liberdade de expressão individual como criam as divisões que nos afastam ainda mais dos consensos, tão necessários e urgentes à humanidade.

Concluo refletindo que não apresento a prática de dar opiniões como algo negativo, de forma alguma. Todos temos opiniões, embasadas ou não, ainda sim são apenas opiniões, e estas não nos tornam melhores ou piores, apenas diferentes. E quem quer ser igual? Já que na minha opinião, a beleza está na diversidade.

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Renata de Rivera

Meu Bairro Sustentável

O projeto do núcleo Meu Bairro+200 idealizado por Renata de Rivera visa tornar Nova Friburgo uma cidade sustentável. Sua coluna traz dicas de ações por uma cidade mais limpa, com menos lixo e poluição e uma vida mais saudável.

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