Colunas
Retornando
Para pensar:
“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.”
Guimarães Rosa
Para refletir:
“Os direitos do homem já há algum tempo se transformaram numa ideologia que mascara a ausência de um projeto político.”
Cornelius Castoriadis
Retornado
Após um curto - mas necessário - período de férias, a coluna retoma suas atividades a partir deste fim de semana.
E não poderia recomeçar de outra forma que não seja manifestando o mais profundo sentimento de gratidão aos leitores por tantas demonstrações de saudade em relação a este espaço, que efetivamente é de todos nós.
De fato, a coluna se mantém firme graças à responsabilidade que é tentar honrar toda esta confiança, dia após dia.
Dito e feito
O período de afastamento, contudo, não deve ter deixado os leitores desguarnecidos, uma vez que muito do que vem acontecendo nos bastidores de nossa política foi antecipado aqui mesmo, antes de nossa pausa.
Basta ler com atenção o que foi dito em nossos últimos encontros.
Sem escolha
Vimos, por exemplo, o “chefe do chefe” arquitetar sua própria saída, sob pretexto de ter recebido uma “proposta irrecusável” por parte da iniciativa privada.
O mais preciso, contudo, talvez fosse empregar a expressão “proposta que não se pode recusar”, como as que vemos nos filmes da série “O Poderoso Chefão”.
Porque, claro, se o sujeito tivesse permanecido apenas um dia a mais em seu cargo, o governo teria de lidar com mais um afastamento de secretário por vias judiciais.
A verdade, às vezes, não parece bonita o bastante para ser divulgada.
Última chance
Ainda a esse respeito, é importante observar que as próximas decisões a serem tomadas por parte do Palácio Barão de Nova Friburgo irão forçosamente determinar como deverá ser interpretada sua participação na zombaria que foi a passagem de Dute pela administração pública.
Em português claro, continuar sob sua zona de influência significa estar disposto a afundar junto.
Encosto
A essa altura, todo mundo já sabe quem é vilão e quem é mocinho nessa novela.
E não é porque o sujeito deixou de integrar os quadros oficiais que sua presença deixou de ser sentida.
Assim como o personagem Alexandre, de “A Viagem”, tem encosto que continua querendo azedar o ambiente mesmo estando noutro plano, entende?
Até mesmo porque quem já o psicografava em vida ainda continua na ativa.
Geleia
Aliás, no plano inferior, a chegada do novo fantasma também já causou alvoroço entre as almas penadas que rondam a prefeitura.
A rigor, trata-se de um problema de fundo matemático: zero não pode ser dividido por dois.
Ora, como então pode haver dois ministros sem pasta?
TACs
Também precisamos falar a respeito dos TACs firmados entre a prefeitura, MPT e MPF.
Essa, claro, era uma das notícias que a coluna tinha sob embargo havia algum tempo, e que infelizmente só foi liberada para divulgação após o início de nossas férias.
O colunista tem visto muita desinformação a esse respeito, e entende que vale a pena esclarecer alguns pontos.
Pedágio
A coluna sempre se posicionou de forma absolutamente contrária à gestão da Saúde pelas chamadas OSs (Organizações Sociais), por questões conceituais incontornáveis.
Primeiro, porque a terceirização insere um intermediário a mais entre o dinheiro de impostos que deixa os cofres públicos e o serviço que é prestado ao contribuinte, e esse intermediário tem sim ambições lucrativas e poder para buscar esse fim.
Sem sentido
E depois porque a justificativa para a presença de tal intermediário é a de que a administração pública é incapaz de gerir com a mesma eficiência, e esse é um pressuposto que o colunista não pode tolerar, sob risco de se ver questionando a própria necessidade de haver um estado como o conhecemos.
Ora, qual a necessidade de pagarmos alguém para que terceirize os problemas da administração?
Não seria então melhor pagar diretamente a este administrador privado?
Moralizando (1)
É evidente, no entanto, que o posicionamento do colunista - e de parte importante do MP em nossa cidade - choca-se frontalmente com as ambições de nossa atual gestão municipal, que sempre manifestou o desejo de terceirizar a Saúde e o estacionamento rotativo, entre outras “parcerias”.
E o que a Justiça fez foi propor condições rígidas para que se siga este tipo de expediente, as quais certamente hão de tornar muito menos “interessante” a opção por terceirizar a gestão, ao menos nos moldes atuais.
Moralizando (2)
A farra das nomeações, por exemplo, está com os dias contados, e isso já tem tirado o sono de muita gente.
É claro que o remédio é amargo, mas quem conhece com alguma proximidade os quadros municipais sabe que existe muita, muita gordura a ser cortada antes de chegarmos à carne de fato.
Aliás, uma boa dica seria começar pela distribuição das gratificações.
Se puxar esse fio, sai muita coisa interessante...
Mãos amarelas
Ainda, portanto, que mantenha seu posicionamento contrário à gestão terceirizada, o colunista aplaude a iniciativa do MP, e convida a sociedade a ficar atenta a qualquer manifestação contrária (ou de sabotagem) aos TACs.
Porque nos bastidores, meus amigos, tem muita gente passando atestado a respeito do tamanho do cabide que andou pendurando.
Sem moral
Bom, falamos brevemente sobre o estacionamento rotativo, não é?
A coluna aproveita o gancho, portanto, para reafirmar seu entendimento de que Nova Friburgo não tem moral alguma, nesse momento de sua história, para efetuar tal cobrança.
Muito menos por vias terceirizadas, num momento em que muitas perguntas precisam ser respondidas a respeito deste tipo de relação.
Não justifica
Ora, todos nós sabemos que existem abusos ocorrendo em nossas ruas.
Vendedores de veículos que fazem uso comercial e indevido das vagas, flanelinhas, e por aí vai.
Tudo isso incomoda muito, e de fato precisa acabar.
Mas nada disso justifica que o cidadão seja punido duplamente pela falta de um plano decente de mobilidade urbana, que ofereça a todos transporte coletivo previsível e eficiente, e opções alternativas de locomoção, como ciclovias seguras.
Condição
Porque uma coisa é cobrar pela pessoa que tem tais opções e ainda assim está disposta a pagar para ter a comodidade de ir trabalhar usando seu veículo pessoal.
Isso é muito justo, e até necessário.
Outra, completamente diferente, é tirar dinheiro do contribuinte que não tem outra opção de locomoção, e já paga um preço muito caro por isso.
Isso, no entendimento deste colunista, é inaceitável.
Quer cobrar? Então faça antes o dever de casa...
Tudo a seu tempo
Bom, é evidente que estamos com muitos assuntos represados, e teremos muitas pautas espinhosas para destrinchar nos próximos dias.
A Saúde, por exemplo, renderia um livro inteiro.
Mas estamos voltando de férias, não é?
Deixemos os temas mais pesados para os próximos dias.
Fala, leitor!
“Os barulhos das motos com escapamento aberto estão cada dia piores. Pelo visto a fiscalização terminou e, portanto, elas voltaram, deixando Friburgo com uma terrível poluição sonora. O pior de tudo é que essas motos não têm hora para passar, o que só constata a total falta de educação e respeito ao próximo, pois só pensam em si mesmos (se é que pensam). Às 6h da manhã eu deveria acordar com o canto do galo, mas não, acordo com os barulhos que já começam a atormentar a cidade, só melhorando lá por volta das 23h (sendo que ainda tem alguns que andam de madrugada).”
Segue
“Eles andam em alta velocidade (deve ser proposital para fazer mais barulho ainda), cortam os carros, fazem o que querem nas ruas. Resumindo: não tem mais fiscalização e muito menos educação desses motoqueiros. Não só esses motoqueiros, mas também os motoristas que largam o carro em qualquer lugar (isso pelo menos sempre vejo fiscalização). Os pedestres que ‘se jogam’ na frente do carro para atravessar a rua (sendo que o sinal do pedestre está fechado), etc. Depois ainda querem cobrar alguma coisa dos políticos, mas os políticos são apenas o reflexo da nossa sociedade egocêntrica.”
A mensagem é assinada pelo leitor Gustavo, que pediu para ter o sobrenome preservado.
Imperdível
A próxima sexta-feira, 7, dará início a um feriadão, mas o friburguense tem um excelente motivo para permanecer por aqui na noite de quinta-feira, 6.
Afinal, nossa conterrânea Ilona Szabó subirá a serra para lançar seu segundo livro, “Segurança Pública para virar o jogo”, escrito em parceria com Melina Risso e publicado novamente pela Zahar, com prefácio do ministro do STF Luís Roberto Barroso.
Onde e quando
A obra chegou nesta sexta-feira às livrarias de todo o Brasil, e Nova Friburgo será uma das primeiras praças no país a sediar seu lançamento.
O evento acontece no auditório da CDL a partir das 18h30, e é compromisso imperdível para qualquer um que queira debater com a principal referência brasileira no que se refere a segurança pública.
Aliás...
Ilona, por sinal, foi a entrevistada da última quinta-feira, 30 de agosto, no programa de Roberto D’Ávila, na Globo News.
Quem tiver oportunidade de conferir, vale muito a pena.
É isso, amigos.
Estamos de volta, e seguimos juntos!
Massimo
Massimo
Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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