Mau sinal

sexta-feira, 08 de março de 2019

Para pensar:

“O coração da mulher, como muitos instrumentos, depende de quem o toca.”

Saint Prosper

Para refletir:

“A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova.”

Leon Tolstói

Para lembrar:

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.”

Simone de Beauvoir

Mau sinal

Os leitores habituais da coluna já sabem bem que existe uma relação questionável entre alguns de nossos (problemáticos) sinais de trânsito e práticas bastante controversas adotadas recentemente no âmbito da Secretaria de Meio Ambiente.

Pois bem, ao que parece podemos dedicar algumas palavrinhas com atualizações atreladas aos dois extremos desta relação.

Sem sinal

Quanto aos semáforos, este colunista não se lembra de ter visto a cidade tão privada deles quanto nestes dias finais do carnaval.

Exceto, é claro, pelos dias que se seguiram à tragédia climática de 2011.

Seja qual for a explicação, há que se aprender com o que ocorreu, para que não volte a se repetir.

Sobretudo para os pedestres, a situação trouxe riscos inaceitáveis.

Denúncia aceita

Já em relação à Secretaria de Meio Ambiente, a coluna pode confirmar que no dia 2 de março o juiz criminal Marcelo Alberto Chaves Villas recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público, que a coluna descreveu semanas atrás.

O que significa dizer que, a partir de agora, nosso secretário é um réu denunciado.

Vai sozinho?

Já faz tempo que a coluna vem chamando atenção para as implicações de algumas atitudes, mas certas situações parecem não despertar o interesse que merecem.

Ao que tudo indica, no entanto, isso deve começar a mudar em breve.

Afinal, a tendência é que a Justiça pegue também outros peixes ao lançar esta rede.

É esperar para ver.

Legislação aberta

Já faz algumas semanas que Wanderson Nogueira deixou de ser deputado estadual, mas um importante resquício de seu mandato se concretizou há poucos dias.

Trata-se do projeto Legisla Aqui!

Através dele, qualquer pessoa poderá apresentar um projeto, e este terá que ir a plenário caso venha a receber o necessário apoio na forma de assinaturas eletrônicas.

Segunda geração

A nova ferramenta, que amplia sensivelmente as possibilidades de participação popular, é ela própria tributária de iniciativa de caráter semelhante.

Afinal, sua inspiração nasceu de ideia apresentada pela parlamentar juvenil Larissa Wastfal.

Ou seja, é a participação a serviço da participação.

Além de Wanderson, também assina o projeto o presidente da Alerj, André Ceciliano.

Olha aí...

Eis que o colunista recebe um vídeo feito por um ex-vereador, ainda suplente, no qual ele mostra um caminhão da prefeitura atuando sob sua orientação, em operação de apoio à iluminação pública em localidades no distrito de Amparo.

O significado de toda a cena é absurdo, e ainda assim tudo é tratado não apenas com naturalidade, mas até mesmo com orgulho.

Afinal, a intenção é que seja visto pelo maior número possível de pessoas, não?

Miopia

Trata-se obviamente um exemplo cristalino do tal assistencialismo patrocinado pelo Executivo, que tantas vezes já criticamos aqui, mas fica evidente que o autor do vídeo age como quem se acredita um benfeitor.

E certamente receberá votos por parte de quem entende que seja mesmo este o papel a ser desempenhado por vereadores.

Em português claro, é o sistema favorecendo aos seus.

Honra

Não é todo dia que a coluna tem a honra de ser complementada por um acadêmico do quilate de Robério José Canto.

“Lendo sua coluna com o interesse de sempre, me detive no comentário a respeito do ditado ‘Quem tem boca vai a Roma’, que ultimamente vem sendo ‘corrigido’ para ‘Quem tem boca vaia Roma’. A primeira forma, no entanto, é consagrada pelo uso e perfeitamente lógica.”

Exemplo

“No livro Viva a Língua Brasileira (Companhia das Letras, 2016), Sérgio Rodrigues faz a seguinte observação: ‘Ditos existem há séculos. Quem tem boca vai a Roma é registrado em muitos dicionários portugueses e brasileiros. Apenas um exemplo: em seu Dicionário de Provérbios, Raimundo Magalhães Jr. afirma o seguinte: ‘O sentido desse provérbio é o de que não é difícil ir a um lugar longínquo e desconhecido pela primeira vez, quando não se tem o acanhamento de pedir informações constantemente sobre o rumo a seguir’.”

Outras versões

Creio que do mesmo dito ainda se pode concluir que, a respeito de qualquer assunto, podemos obter os esclarecimentos de que necessitamos, se nos dispusermos a fazer as perguntas necessárias. Na obra citada, há ainda três ditados que expressam a mesma ideia do nosso “Quem tem boca vai a Roma”. No português antigo: “Quem língua tem, a Roma vai e vem”, no espanhol: “Perguntando se va a Roma” e, no francês: “Qui langue a, à Roma va”. Também é inegável que “ir a Roma” faz mais sentido do que “vaiar Roma”.

Gratidão

Neste dia dedicado às mulheres, geradoras, protetoras, educadoras - e tantas vezes vítimas - da humanidade, o colunista aproveita para manifestar sua infinita gratidão.

E também sua vergonha pela forma como tantos homens - felizmente não todos - ainda se portam.

Sem extremismos, sem generalizações, sem jogar mais gasolina na fogueira, a coluna gentilmente abraça suas leitores, e reforça o compromisso diário de ajudar na busca pela igualdade naquilo que esteja a seu alcance.

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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