Massimo — 14/04/2016

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Transparência (1)
A sessão específica desta terça-feira, 12, na Câmara Municipal não tratou de transparência apenas no discurso.
A rigor, ela serviu como exemplo de muitas questões que — às vezes sem o devido destaque — desenham contornos importantes de nosso cenário político.

Transparência (2)
De sua parte, o governo — especialmente através do próprio prefeito Rogério Cabral e do secretário de Fazenda, Juvenal Condack — admitiu sem melindres que a transparência ainda tem vários pontos a serem melhorados ou construídos, que o projeto do portal ainda está em sua fase inicial, e que sim, ainda existem importantes zonas sombreadas na prestação de contas à população, apesar dos inegáveis avanços e esforços recentes.

Transparência (3)
Um olhar atento também irá notar que — talvez por coincidência — algumas das vozes mais críticas ao governo nunca estão presentes no plenário quando o prefeito comparece à casa legislativa.
Tudo devidamente justificado, é verdade.
Mas ainda assim digno de registro, dado o patamar de reincidências.

Transparência (4)
E já que o assunto é transparência, também cabe questionar o papel desempenhado por aquele bem conhecido grupo de parlamentares adeptos da velha prática de negociar cargos e práticas assistencialistas em troca de votos, comprometendo no útero materno o dever constitucional que têm de fiscalizar.
Tudo, claro, funcionando com as bênçãos de uma grande fatia da população, eternamente disposta a trocar seus próprios votos por favores pontuais.

Transparência (5)
Da mesma forma, há que se registrar com certa frustração o pequeno comparecimento popular, num dia em que a tão necessária “voz do povo” poderia ter dado importante respaldo a questões relevantes, como o andamento da linha de crédito do Pmat, as receitas e a utilização do Fundo de Compensação Tarifária, a melhor forma de disponibilizar - sem exposições excessivas ou desnecessárias - a folha de pagamento do funcionalismo, e a apresentação de detalhes sobre relações de alto valor, como aquela mantida com a Caminhos Dourados.

Fala, leitor!
No clima de prestação de contas, o leitor Carlos Thuler aproveita e pergunta: “quais os resultados práticos até aqui do projeto Cidade Inteligente? Quantas irregularidades flagrou, quantas multas aplicou? Houve diminuição da criminalidade?”
Espaço aberto ao governo, caso queira responder através da coluna.

Não fazem greve
Um verdadeiro crime o que o governo estadual está fazendo com seus pensionistas e aposentados.
Anunciar assim, na data já anteriormente postergada de seus vencimentos, que o depósito que lhes é devido será feito apenas daqui a um mês… Francamente, é algo que não pode ser tolerado pela sociedade.

Pagaram adiantado
É inadmissível que pessoas que contribuíram durante todas as suas vidas sejam forçadas a contrair dívidas graças à debilidade técnica e moral de pessoas que representam o que a classe política tem de pior.
Cá entre nós, se a população não vai às ruas por um motivo como esse, então não precisa ir para mais nada.

CPI
A esse respeito, aliás, o deputado estadual Wanderson Nogueira defendeu na Alerj a instauração de uma CPI para auditar as contas do estado, além da suspensão dos contratos de publicidade, do pagamento das dívidas com bancos e até mesmo considerar declarada a moratória.
As duas primeiras medidas, em especial, têm todo o apoio deste colunista.

Briga de gente grande
Engenheiros de longa data, Joelson Martins e Ivison Macedo — respectivamente presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal e secretário municipal de Meio Ambiente — não andam falando a mesma língua, sobretudo no que diz respeito aos procedimentos relacionados a movimentos de terra.
Enquanto o primeiro diz que a burocracia é excessiva e favorece a ilegalidade, o segundo afirma que em nenhum lugar a legislação permite a movimentação de terra sem a devida autorização da administração municipal.

Componente política?
Há quem afirme ainda que o recente veto do Executivo a projeto de lei sobre a matéria, justamente de autoria de Joelson, poderia ter uma importante componente política, uma vez que o parlamentar deixou a base governista há alguns meses.
Será?

Abacaxi
O cenário é complexo, e aparentemente não será fácil encontrar um meio termo sobre a questão, entre uma e outra trincheira.
A Secretaria de Meio Ambiente promete se manifestar abertamente sobre o tema muito em breve, e, dentro de poucos dias, os mesmos vereadores que aprovaram o projeto por unanimidade terão de dizer se derrubam o mantêm o veto do prefeito.

Enquanto isso...
Joelson cita como exemplo a dificuldade que estaria enfrentando para fazer um pequeno movimento de terra “para melhoria da estrada de Rio Grande, para atender aos moradores quanto ao novo itinerário dos ônibus”.
Essa votação promete ser interessante...

Incentivo fiscal
A Firjan divulgou estudo apontando que o Rio pode perder R$ 42,6 bilhões em investimentos com o fim dos incentivos fiscais.
O apontamento surge num momento em que diversas vozes, vejam só, afirmam que o excesso de incentivos fiscais foi justamente um dos rombos pelo qual escoaram os recursos do Palácio Guanabara.

Ponto de vista
Ao que parece, é uma questão de ponto de vista.
Para quem deixa de pagar, é sempre uma maravilha. Para quem deixa de receber, às vezes compensa, às vezes não.

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Massimo

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Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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