Massimo — 10/05/2016

Cenário nacional

A semana na qual o próprio comando do país está sendo decidido a partir de temerosas interpretações políticas sobre situações de exceção e conflitos regimentais começou mergulhada em dúvidas sobre o próprio andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional.

As incertezas, claro, acabam por representar um problema em si mesmas, e ajudam ainda mais a escrever uma agenda autorreferente, na qual a principal preocupação do governo é saber se, e como, poderá se sustentar.

Cenário estadual

Ao mesmo tempo, no Rio, a mensagem passada aos municípios é para não contarem com nenhum recurso estadual.

O tipo de contexto que, em Nova Friburgo, não apenas gera apreensão entre funcionários e aposentados estaduais, que nunca sabem ao certo quando irão receber, mas também põe em risco a própria condição de funcionamento do futuro hospital de oncologia, por exemplo.

Afinal, se não paga a UPA há mais de um ano, como o estado irá sustentar o hospital?

Cenário municipal

Navegando em águas para lá de turbulentas, nos resta lembrar a todos que o barco continua a navegar enquanto se discute quem deve assumir o leme, e que números e estatísticas, em última análise, se refletem em impactos de grande importância sobre a vida de pessoas de carne e osso.

Um governo que se dedique a questões externas a si próprio continua sendo necessário, e os problemas de ordem local continuam a encerrar o testemunho mais concreto desta constatação.

Prioridade

Sob este prisma, merece destaque especial uma iniciativa recente do governo municipal.

Em esforço para dar tratamento a um dos maiores desafios friburguenses às vésperas do bicentenário, a Prefeitura de Nova Friburgo criou o Comitê Interdisciplinar da Pessoa em Situação de Rua.

A notícia é muito bem-vinda, e o colunista torce para que gere os frutos esperados.

Detalhes (1)

De acordo com a nota divulgada pela Subsecretaria de Comunicação, “um dos maiores desafios da Prefeitura é abordar a questão da população em situação de rua de modo interdisciplinar e intersetorial, garantindo dignidade aos diversos atores. O objetivo é o atendimento à população nessa situação nas diversas instâncias de trabalho, através de serviços de acolhimento e proteção, bem como a necessidade de avaliação dos mesmos e a implantação de novas modalidades de atendimento e metodologias que respondam as atuais demandas desse público”.

Detalhes (2)

“O comitê prima pela constituição de uma Rede Integrada de Atenção à População Adulta e ou Idosa em Situação de Rua, que pressupõe a gestão intersetorial. Dessa forma, se tem a proposta para a construção do vínculo, do acesso e do acolhimento na rede, pautados na Política Nacional de Assistência Social/Suas e buscando a garantia dos seus direitos humanos fundamentais.”

Integrantes (1)

O comitê é formado através da gestão da Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Trabalho, de Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), além da Subsecretaria de Comunicação Social, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad), da Guarda Municipal e da equipe de Saúde Mental do Hospital Municipal Raul Sertã.

Integrantes (2)

Recentemente também foram convidadas as secretarias de Saúde (setores da Coordenação de Saúde Mental, Coordenação do Programa de Saúde da Família [PSF] e Chefia de Enfermagem do Hospital Municipal Raul Sertã), Ordem e Mobilidade Urbana, Serviços Públicos, Política sobre Drogas, clínica psiquiátrica Santa Lúcia, Corpo de Bombeiros, PM e Ministério Público.

Clima pesado

O vereador Ceará registrou boletim de ocorrência na tarde de segunda-feira, 9, em razão de ameaças que teriam sido feitas a ele, vejam só, por nome de alta patente na administração da saúde pública municipal.

Um segundo vereador o acompanhou e foi arrolado como testemunha.

Ceará deve convocar uma coletiva de imprensa nos próximos dias para dar mais detalhes sobre a situação.

Cá entre nós...

As divergências em questão são antigas e profundas.

Já houve outros momentos de grande tensão, e resta esperar que todos os envolvidos consigam expressar suas discordâncias dentro de um espírito construtivo, no qual os diferentes pontos de vista sejam respeitados e possam se somar pelo bem do interesse público.

Escorregamento (1)

O vereador Professor Pierre continua a levantar e encaminhar à Justiça informações a respeito do contexto que antecedeu ao lamentável escorregamento de terra em São Lourenço, em janeiro deste ano.

Após a confirmação de que não foi emitida qualquer autorização para que fosse realizado movimento de terra no local onde uma escola e um posto de saúde foram profundamente atingidos, agora foi a vez do Inea ter seu laudo divulgado.

Escorregamento (2)

De acordo com relatório técnico datado de 4 de março, foi constatada a presença de uma tubulação de PVC na área que sofreu intervenções.

Ainda segundo o texto, é possível que um vazamento em tal tubulação possa ter contribuído para o desmoronamento.

Aspas

“Um fato que chamou a atenção e pode ter relação direta ou indireta com o fato diz respeito à tubulação identificada no interior da voçoroca. Se esta já estivesse instalada no terreno antes do deslizamento, como parece ser o caso, é possível que um vazamento tenha causado a saturação do solo em seu entorno tornando esta área mais vulnerável durante a ocorrência de uma precipitação mais elevada de chuva. É possível que a área, já saturada por um eventual vazamento de água, fosse a mais afetada, principalmente se considerarmos a declividade de encosta.”

Quem paga?

A soma das informações levantadas até agora dá robusto suporte ao argumento de vereador, de que “os custos com a reconstrução do patrimônio público perdido e com a indenização à família que teve a casa destruída, não podem ficar com o povo friburguense. O dinheiro não pode sair dos cofres públicos, ou seja, do bolso da população.”

As evidências serão encaminhadas ao Ministério Público para avanços na investigação do inquérito civil 06/16.2.