Eleições

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Para pensar:

"Democracia é a arte de, da gaiola dos macacos, gerir o circo."

H. L. Mencken

Para refletir:

“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”

Winston Churchill

Eleições

No último domingo, 28, o friburguense foi às urnas eleger governador e presidente da república e, como já era esperado, manifestou vontade semelhante às maiorias, tanto em esfera federal quanto estadual.

Nos dois casos, inclusive,

Percentuais

Para comandar o Palácio Guanabara nossa cidade indicou Wilson Witzel (PSC), com 69,85% dos votos (62.737 ao todo).

Já para chefiar o Palácio do Planalto, 72,83% dos votos válidos por aqui (71.859 ao todo) escolheram Jair Bolsonaro (PSL).

Eduardo Paes (DEM) e Fernando Haddad (PT), respectivamente, representaram a escolha de 30,15% (27.084 ao todo) e 27,17% (26.805 ao todo) do eleitorado friburguense.

Cenários diferentes (1)

Quem presta a devida atenção à matemática deve ter notado nestas estatísticas que o número de votos válidos para presidente foi maior do que para governador.

Uma constatação que aponta para algumas interpretações.

A primeira é de que a intensa polarização em esfera federal levou muitas pessoas a optarem pelo voto, mesmo que não se sentissem necessariamente representadas pelo candidato escolhido.

Cenários diferentes (2)

Já a segunda sugere que, na esfera estadual, sem o mesmo viés ideológico, muitos eleitores tiveram dificuldades para estabelecer o que seria o melhor (ou “menos pior”).

O silêncio eleitoral de tantos parece gritar que, ao menos na corrida pelo governo estadual, ninguém empolgou o eleitorado de fato.

O mais provável, contudo, é que as duas hipóteses tenham se manifestado simultaneamente.

Impacto local (1)

Ainda parece cedo para avaliar os impactos locais de tais eleições.

Ainda assim, alguns desdobramentos são de fácil antecipação.

É evidente, por exemplo, que o contingente de políticos locais ligados à chapa encabeçada por Eduardo Paes era muito maior do que aquele ligado ao novo governador eleito.

Ainda assim, a eleição de Wilson Witzel pode repercutir por aqui.

Impacto local (2)

A chance de que o vereador Sérgio Louback - também do PSC - assuma uma cadeira na Alerj ou algum cargo estadual, por exemplo, aumentou sensivelmente.

Para tanto, basta que algum dos deputados eleitos pelo partido assuma uma secretaria estadual, ou que Louback, primeiro suplente da sigla, seja aproveitado em algum cargo de confiança.

A se confirmar tal possibilidade, sua cadeira na Câmara Municipal seria ocupada pelo ex-vereador e ex-secretário de Saúde, dr. Luís Fernando.

Impacto local (3)

Já na esfera federal os ecos não devem ser tão próximos.

Mas é de se esperar que o recém-eleito deputado federal Luiz Lima, mais votado em nossa cidade e filiado do PSL de Bolsonaro, exerça o papel de ponte entre as demandas locais e o Palácio do Planalto.

A parte boa

De modo geral a eleição correu bem em Nova Friburgo.

Ao contrário do primeiro turno, quando algumas seções registraram filas de mais de 90 minutos, neste domingo a espera foi muito menor.

A parte má (1)

O colunista já disse, em algumas oportunidades, que evidentemente a distância entre as ações, nos dois extremos de nosso espectro político, é muito menor do que nos discursos.

O maior problema, todavia, é que os discursos legitimam comportamentos extremados por parte de alguns eleitores, digamos, mais suscetíveis.

Os quais existem, é bom sublinhar, tanto num lado quanto em outro.

A parte má (2)

Ainda na noite de domingo, por exemplo, o colunista começou a receber fotos de pessoas portando armas em paisagens friburguenses.

Não havia, nas imagens, uma comprovação a respeito da data, embora seja óbvia a sugestão de que foram feitas durante a celebração do resultado das eleições.

Tal confirmação, todavia, acaba não sendo tão relevante, uma vez que a mera circulação de tais imagens já chama a atenção para a existência de pessoas, não apenas aqui, que realmente não entenderam a delicadeza do momento.

Credibilidade

Um dos riscos com os quais o brasileiro flertou nos últimos dias foi o do não reconhecimento do resultado apontado pelas urnas.

Poucos se dão conta, entre a imensidão de pessoas que compartilharam teorias da conspiração no momento mais inoportuno e com base em achismos, do tipo de risco a que nos expusemos.

Resta ver, agora, se o assunto será debatido de maneira coerente no período entre pleitos, ou se será apenas retomado de maneira leviana às vésperas da próxima eleição.

Carência

Terminado um período eleitoral marcado por discussões infrutíferas, estereótipos, mentiras, intolerância, rejeição, medos, rompimentos entre amigos e familiares, e até mesmo um atentado contra um dos candidatos, parece evidente que o Brasil vive uma profunda carência de novas lideranças conscientes, comprometidas e, acima de tudo, coerentes e dispostas a defender suas ideias respeitando quem pensa de maneira diferente.

O Brasil hoje, sob vários aspectos, é um grande mal-entendido.

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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