Com calma

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Para pensar:

“O cinismo destrói a eficácia.”

Alphonse Allais

Para refletir:

“Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.”

Sêneca

Com calma

Dado o curto espaço de tempo entre o fim da coletiva de imprensa dos vereadores Johnny Maycon, Zezinho do Caminhão, Wellington Moreira, Professor Pierre e Marcinho (com o fundamental respaldo do sempre isento presidente Alexandre Cruz), e o fechamento da edição de A VOZ DA SERRA, a coluna de ontem, 18, não teve condições de aprofundar adequadamente alguns desdobramentos de tudo o que foi apresentado.

Conversemos com mais calma, portanto.

Dívida

De imediato, é evidente que precisam se manifestar os signatários dos pareceres que - no último dia do prazo estabelecido para conclusão da cotação - condenaram a qualidade de produtos oferecidos por potenciais vencedores de concorrências.

À sociedade são devidas algumas explicações, tais como: onde, quando e como foram realizados os testes que levaram a tais conclusões, e em que elas se basearam?

Como pudemos desconhecer, até agora, que Nova Friburgo tinha toda esta estrutura capaz de desacreditar órgãos como o Inmetro?

Perguntas

Por que as manifestações ocorreram neste momento específico, e por que - se os problemas de qualidade foram identificados de fato - nenhuma medida foi tomada no sentido de suspender a utilização de tais insumos nas unidades de saúde da rede municipal, nem tampouco nenhum comunicado foi direcionado aos fabricantes, nenhum procedimento foi levado adiante para recuperar o investimento em produtos inadequados, ou mesmo nenhum alerta foi emitido às milhares de outras praças que fazem uso destes mesmos produtos?

Quer dizer: há riscos mas é segredo?

Português claro

Sejamos claros aqui: os indícios são muito fortes de que tais pareceres foram encomendados a fim de justificar compras nocivas ao erário.

A outra hipótese, contudo, consegue ser ainda pior, ao redundar num enorme descaso com a saúde e a vida de pacientes.

Assinar um parecer sob tais circunstâncias e não vir a público prestar os devidos esclarecimentos é comportamento incompatível com a confiança pública.

Siga o dinheiro

A coluna também não teve tempo de desenhar o resultado prático das opções que foram seguidas.

No somatório de apenas quatro dos 408 itens cotados, a diferença de preço chegou a R$ 529 mil.

Agora, imagine o leitor qual terá sido o montante total.

Marca registrada

Cá entre nós, para quem acompanha a política friburguense com a devida proximidade há tempo suficiente, todo este episódio não chega a surpreender.

Afinal, a elaboração de justificativas cínicas (uns diriam até mesmo cretinas) para situações mal disfarçadas, em flagrante desrespeito à inteligência da população, é marca registrada da atuação do responsável direto pelos processos ora denunciados.

Desinformado

Foi assim, por exemplo, quando ele declarou não conhecer previamente o conteúdo do material apócrifo que recebeu em 2014, e que seus assessores transportavam em enorme quantidade onde e quando um derrame dos mesmos panfletos havia acabado de ser identificado.

Último a saber

Foi também assim quando apoiou a terceirização do estacionamento rotativo no governo Rogério Cabral, até mudar de postura a partir do momento em que o tema se tornou maldito, levando adiante uma emenda à antiga Lei Orgânica de forma tão sincera, para não dizer o contrário, que até mesmo seu futuro suplente teve carta branca para ajudar a derrubá-la, quando tal possibilidade foi cogitada pelo plenário.

A alegação para a mudança de postura? Ele não sabia até aquele momento que a intenção era terceirizar...

Pelas costas

E a mesma marca estava lá novamente, quando um de seus assessores buscou respaldo de hackers para invadir os servidores de A VOZ DA SERRA e retirar de nossos arquivos uma notícia que não lhe era favorável, às vésperas das eleições em 2016.

Afinal, quem no mundo iria nomear novamente o mesmo assessor poucos meses depois, se esta pessoa tivesse mesmo exposto todo o gabinete e agido de forma tão irresponsável sem o conhecimento e a autorização de seu chefe?

É assim que deve ser tratado quem age dessa forma, como quem é pago para guardar segredo?

Isso tem nome

E vem sendo assim há alguns meses, desde que o acesso a informações de valor estratégico lhe rendeu poder de barganha suficiente para nomear muitas dezenas de pessoas, acumular secretarias, fazer a própria comunicação e costurar apoios para os planos de uma candidatura a prefeito, sem o menor pudor de alegar que tais privilégios se devem - vejam só! - à própria competência, cujos sinais temos visto com clareza, e sentido pesadamente em nossos bolsos.

Menos

Falando francamente, o secretário superestima a própria inteligência, tanto quanto subestima a da população.

Repetidas vezes nos trata como burros, e está convicto de que vai voar alto agindo desta forma.

Menos, secretário.

Menos.

Rota política

Em tempos de campanhas eleitorais a coluna registra que Molon e Beto Chaves, candidatos pelo PSB a deputado federal e estadual, respectivamente, cumprem agenda nesta quinta-feira, 20, em Nova Friburgo.

Os compromissos incluem caminhada na Avenida Alberto Braune às 15h30 e encontro com apoiadores na cobertura do edifício 99 da mesma via, a partir das 18h30.

Inesquecível

Quem estava vivo há exatos 100 anos tinha boas razões para acreditar que estava se cumprindo o livro do Apocalipse.

Afinal, foi a partir de setembro de 1918, quando o mundo se encontrava exaurido pela maior guerra já vista até então, que a segunda e mortífera onda da chamada gripe espanhola contaminou nada menos que 20% da população mundial, ceifando 2,5% deste contingente.

Por aqui

Por alguma razão difícil de compreender o episódio não costuma ter o destaque histórico que faz por merecer.

Na contramão deste esquecimento, a coluna abre espaço a nossos competentes historiadores a fim de que dividam conosco os efeitos que a gripe teve por aqui.

Quem quiser ajudar a recontar essa história, sinta-se incentivado a escrever.

Respostas (1)

De forma compreensível, os leitores que identificaram a imagem de um dos leões expostos nas alturas, próximos ao Centro de Arte, à Academia Friburguense de Letras e à Fundação Dom João VI, não se limitaram a enviar a resposta correta ao nosso mais recente desafio fotográfico.

Quase todos disseram ter fotos de infância em cima das afetivas obras de arte, lamentando que elas hoje estejam distante das crianças ou carecendo de cuidados.

Respostas (2)

Até o fechamento desta edição, haviam se manifestado os leitores Leonardo Verbicário, Raquel Souza, Mariza Cardoso de Oliveira, Manoel Pinto de Faria, Gilberto Éboli, Alberto Corrêa e Rosemarie Künzel.

Parabéns a todos!

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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