Clima atípico

Para pensar:

“Uma pessoa humilde é aquela que não diminui o outro para crescer.“

Mário Sérgio Cortella

Para refletir:

“Sem o gato, o rato não tem limites."

Provérbio russo

Clima atípico

Quem estava pelo Centro de Nova Friburgo na tarde de domingo, 1º, testemunhou o que muitos consideram uma chuva de verão.

Pancada forte e rápida, como costumamos ter por aqui entre dezembro e março.

Mas, ainda que o fenômeno seja atípico para esta época do ano, o Massimo não ficou surpreso não.

Anote aí: este promete ser o mês de julho mais quente dos últimos anos.

Indo ou vindo?

Aliás, sabe aquele coisa de ver o relâmpago e contar os segundos até a chegada do trovão?

Pois é, o colunista já está em algumas contagens simultâneas aqui em aberto, para ver se a tempestade está chegando ou indo embora.

Frankenstein

Dentro do prazo que havia sido estipulado, ficaram prontas as propostas de emendas à redação da nova Lei Orgânica Municipal.

E adivinhem: o colunista estava certo quando previu que nossa LOM seria submetida a experiências dignas da imaginação de Mary Shelley.

Mas, cá entre nós, não era preciso nenhum conhecimento de futurologia não.

Bastava ver os sintomas com atenção.

Degeneração

Afinal, as propostas nasceram nas obscuras vilas marginais da Alberto Braune, da mente de um cidadão que já não engana mais ninguém, e a partir da pena de um consigliere designado especificamente para a missão.

Basta notar as semelhanças das propostas

As intenções eram evidentes, e o colunista teria muita vergonha de assinar tal documento.

Dez vereadores “de boas”, contudo, o assinaram sem aparentes dilemas.

Comparações

Mas, é claro, o leitor deve julgar por si mesmo, e por isso a coluna pretende, ao longo dos próximos dias, mostrar alguns trechos específicos numa comparação direta, do tipo “como estão propondo”.

E, claro, se algum vereador assinou sem ler, pode aproveitar e conhecer um pouco mais do texto também.

Viajando (1)

O caso das viagens do prefeito parece revelador.

O artigo 107 da atual Lei Orgânica Municipal estabelece que prefeito e vice-prefeito não podem se ausentar do município por período superior a 15 dias sem a devida licença da Câmara Municipal, sob pena de perda do cargo ou de mandato.

Guarde esse número.

Viajando (2)

Já a nova LOM, em seu artigo 144, aprimora essa redação ao determinar que é competência exclusiva da Câmara Municipal autorizar o prefeito a ausentar-se do município, quando a ausência exceder a 15 dias consecutivos ou para se ausentar do país em qualquer lapso temporal.

Cabe salientar que tanto a nova LOM quanto a atual encontram-se em conformidade com o que estabelece o artigo 83 da Constituição Federal em relação ao presidente da República.

Viajou

Eis então que o artigo 48 da emenda proposta “pelos vereadores da base” defende que a Câmara só precisará autorizar a ausência do prefeito e seu vice quando o prazo for superior a 30 dias, justificando que essa sempre foi a exigência.

Hã?

E note que encontram-se atualmente no Executivo tanto o relator quando o sub-relator da atual LOM…

Prestação de contas

Além disso a redação da nova LOM também estabelece, em seu artigo 184, que no prazo de 15 dias após viagens oficiais, prefeito ou vice-prefeito deverão enviar à Câmara Municipal relatório a respeito dos resultados da viagem.

Uma medida de transparência bastante compreensível, uma vez que é direito da população saber quais os desdobramentos de ações financiadas com dinheiro público, para exercício do mandato.

Desnecessário dizer que o pacote de emendas também quer acabar com essa inovação.

Estrella forte

O geólogo Guilherme Estrella, “pai do Pré-Sal” que há mais de 20 anos habita entre nós, vem sendo sondado a respeito da possibilidade de se candidatar a vice-governador, na chapa petista que deve ser encabeçada por Márcia Mora.

Estrella tem o apoio do grupo liderado pelo deputado Gilberto Palmares, ao passo que Annyeli Damião Nascimento parece ser o nome favorito do presidente estadual da sigla, Washington Quaquá.

Reboot

A ascensão da cultura nerd tem acrescentado algumas palavras de origem estrangeira ao nosso léxico.

Reboot é uma delas.

A partir do termo empregado originalmente na informática, quando faz-se necessário reiniciar o sistema do computador, a cultura pop adotou o mesmo verbete para situações narrativas nas quais uma história é recontada desde o início, incorporando uma ou outra alteração.

Vanguarda

Nos últimos anos temos visto muitas vezes o cinema de massas recorrer a esse tipo de recurso, na falta de (coragem para apostar em) bons roteiros originais.

Na política, no entanto, reboot tem um quê de novidade, e Nova Friburgo parece estar fazendo escola.

Filho bonito

O caso dos R$10 milhões e 40 reais (valor estranho, não é?) para a Saúde é bom exemplo disso.

Em conformidade com o que a coluna havia antecipado há cerca de um mês, a mesma história nos foi contada duas vezes, de maneiras diferentes.

A primeira delas, apenas com rostos municipais colhendo os louros da conquista.

A segunda, após dura bronca nos bastidores, incluindo deputado, ministro e secretário estadual.

Aliás,,,

A rigor, o reboot por aqui foi levado até um passo à frente, terminando em apoio de secretário à candidatura a deputado, em troca de apoio para a cobiçada candidatura a prefeito daqui a dois anos.

Isso, é claro, se a Justiça não determinar a inelegibilidade de ninguém até lá... Não é?