Celebrar e refletir

quarta-feira, 08 de janeiro de 2020

Para pensar:

"O macio é mais forte do que o duro. A água, mais forte do que a rocha. O amor, mais forte do que a violência.”

Hermann Hesse

Para refletir:

“Quem mais demora a fazer uma promessa é quem a cumpre mais rigorosamente.”

Jean Jacques Rousseau

Celebrar e refletir

O amigo Girlan Guilland, sentinela das datas históricas friburguenses, lembra ao colunista um marco super importante: hoje, 8 de janeiro de 2020, Nova Friburgo celebra os 130 anos de sua elevação à categoria de cidade.

Já estavam lá

Interessante observarmos que alguns dos patrimônios arquitetônicos ou culturais que ajudam a definir a identidade friburguense, como as bandas Euterpe e Campesina, o Colégio Anchieta ou a Catedral São João Batista, entre vários outros, são anteriores a essa data.

Mais uma razão, portanto, para que tais instituições - que mantêm vivo o legado de nossos antepassados - sejam devidamente reconhecidas e valorizadas.

Reflexão

Da mesma forma, a data também representa um convite irrecusável à reflexão, que levou este colunista a abraçar o mesmo desafio que foi proposto aos leitores, em meio à virada de ano: tentar expressar, em alguma medida, o que acredita que Nova Friburgo esteja precisando, não apenas para 2020, mas também no médio prazo.

Os leitores, como de hábito, devem se sentir convidados a complementar ou questionar esse pequeno ensaio.

Seriedade

Quando se consideram fatores como o enorme déficit de faturamento em relação aos serviços prestados junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) o grande volume de bloqueios judiciais para aquisição emergencial de medicamentos ou para o custeio de internações em instituições particulares, além do enorme passivo trabalhista (e suas notórias perspectivas de aumento, como no caso da rescisão devida aos funcionários da UPA de Conselheiro), dos precatórios, das multas e processos judiciais já existentes, fica evidente que Nova Friburgo precisa, urgentemente, de um compromisso coletivo em favor da seriedade.

Não dá mais

Não há mais margem para interesses menores, pessoais ou de grupo, tantas vezes manifestados em nomeações ou gratificações de natureza política; ou na falta de empenho no sentido de planejar compras ou contratações com antecedência, evitando processos emergenciais ou outras alternativas claramente danosas ao erário; ou ainda através de leis ou determinações de tal forma voltadas a favorecer grupos específicos que por vezes chegam ao ponto de serem elaboradas em conjunto com as partes interessadas.

Não dá mais para manter o interesse coletivo apenas nos discursos.

Em círculos

Não dá mais para admitir gastos eleitoreiros, promessas levianas ou a falta de articulação entre representantes em esferas diferentes, simplesmente porque seus interesses eleitorais são conflitantes.

O principal objetivo de uma administração ou de um mandato não pode ser a sua própria perpetuação, e as urnas friburguenses têm sido muito claras a esse respeito, há pelo menos 15 anos.

Continuidade

De mesmo modo, não se pode tolerar que dívidas e passivos sejam contraídos de maneira irresponsável, diante da consciência de que gestões futuras é que terão de arcar com eles.

Ao contrário, há que se pensar o quanto antes em continuidade, em planejamento de longo prazo, em metas suprapartidárias, definidas em diálogo com as mais diversas representações sociais, mediante o compromisso de que sejam acatadas pelas próximas administrações, sejam elas quais forem.

A elaboração de uma “carta friburguense” para os próximos 20 ou 30 anos é questão urgente.

Legislativo

Também já não temos tempo para um Legislativo em grande parte de aluguel, representante de lobbies, afeito ao tráfico de influência, assistencialista, que gosta de falar em economicidade e em financiar obras, mas representa um enorme custo ao município, quer seja pelas demandas atreladas ao “toma lá, dá cá”, quer seja pela prevaricação no dever de fiscalizar.

Não há espaço para apoio cego, nem tampouco perseguição conveniente e leviana.

Precisamos, com urgência, de mais vereadores comprometidos sim com a governabilidade, mas independentes, fiscalizadores e isentos.

Austeridade

Já passou do momento da gestão municipal valorizar servidores de carreira e se mostrar devidamente austera em relação a nomeações e gratificações de natureza política ou qualquer outro gasto que possa ser cortado sem prejuízo da qualidade administrativa.

Urge aumentar a base de arrecadação através da regularização fundiária, combater o comércio informal, ajustar o código tributário (não para favorecer “parceiraços”, mas para aumentar a arrecadação interna de forma justa), e informatizar a rede de Saúde, de modo a aumentar o respaldo nacional aos custos arcados pela municipalidade.

Segurança

Precisamos de mais segurança, quer seja ela estrutural, voltada a prevenir perdas com chuvas e incêndios; patrimonial, cumprindo o importante (e tantas vezes negligenciado) papel da municipalidade na prevenção à violência; ou em termos de saúde, assegurando, por exemplo, que UTIs móveis e estratégias de saúde da família alcancem satisfatoriamente mesmo as comunidades mais isoladas.

A Educação, evidentemente, também cumpre papel fundamental neste quesito, e precisa ser valorizada como tal.

Mobilidade

Já perto do fim, precisamos também elaborar - e refinar constantemente - um plano de mobilidade pensado para o presente e para o futuro, que não sirva apenas para cumprir uma determinação de Lei Orgânica, mas oriente, de fato, a efetivação de alternativas ao transporte individual, dando respaldo moral para que se possa aplicar, por exemplo, o estacionamento rotativo.

Aqui também devem entrar ações de acessibilidade, revitalização e padronização de calçadas e a ampliação de espaços reservados a pedestres.

Nossa cidade precisa ser bonita e funcional.

Grandes projetos

Por fim, com contas saneadas e o básico sendo atendido, não podemos deixar de sonhar, de pensar em obras de grande impacto sobre a qualidade de vida - ou a autoestima - da população.

A ousadia talvez seja o traço mais marcante da personalidade histórica friburguense, e não se pode permitir que os anos de desilusão terminem por nos roubar aquilo que nos define, e que foi honrado a alto custo pelas gerações que nos precederam.

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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