Apimentada

Para pensar:

“Não existe melhor cura que a prevenção.”

Sandro Kretus

Para refletir:

“Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.”

Confúcio

Apimentada

A sessão de terça-feira, 18, na Câmara Municipal, prometia ser rápida e tranquila, mas acabou ganhando fartas doses de pimenta no apagar das luzes.

Comecemos, no entanto, pela ordem do dia.

Ordem dos fatores

Diz o ditado de cunho matemático que a ordem dos fatores não altera o produto.

Bom, nem sempre.

Nesta terça-feira o plenário aprovou por unanimidade projeto de lei apresentado pelo vereador Cascão, a pedido dos moradores da Rua Terra Nova, no Loteamento Vale da Montanha, em São Geraldo, para que a via passe a se chamar Nova Terra.

Vai alterar o produto

A princípio a inversão no nome pode parecer mais um daqueles casos tantas vezes criticados de mudança em nomes de ruas, que desperdiçam esforços do Legislativo em ações que quase sempre criam transtornos ao contribuinte.

Mas, definitivamente, não é o caso desta vez.

Apoio

Ocorre que o nome Terra Nova passou a ser fortemente associado ao conjunto habitacional em Conselheiro Paulino, e isso tem causado muitos transtornos aos moradores, sobretudo no que diz respeito a serviços de entrega.

A coluna registra a aprovação da mudança, parabeniza o vereador Cascão, e espera que ela possa melhorar um pouco a qualidade de vida da comunidade local.

Luz amarela

O clima no plenário só começou a mudar quando o líder do MDB, Isaque Demani, encaminhou à Mesa Diretora carta em nome do bloco que a sigla compõe junto ao PSC, abdicando do direito de indicar componente à CPI que irá investigar o contexto por trás das inaceitáveis reincidências de contratos emergenciais para fornecimento de alimentação hospitalar em nossa cidade.

Direcionado

Na prática, a medida impede a participação do vereador Wellington Moreira, presidente da Comissão de Saúde, que já havia manifestado publicamente, em sessão anterior, o desejo de integrar a comissão.

Qualquer um que acompanhe a política friburguense com a devida proximidade sabe que, apesar de ser filiado ao MDB, Wellington integra o grupo de vereadores que tem efetivamente fiscalizado a administração municipal.

Parênteses (1)

Não custa lembrar que o principal investigado pela CPI será o ex-secretário de Saúde Christiano Huguenin, filiado ao MDB e titular da cadeira ora ocupada pelo vereador Maguila.

Maguila, por sinal, declarou muito francamente que a opção partidária foi uma medida de proteção a um membro da sigla, sob um pretexto de isenção que, neste caso específico, soa meio cabotino.

Parênteses (2)

Afinal, a chance de Wellington se posicionar contra o relatório que será apresentado pelo relator Zezinho do Caminhão tende a zero.

Ademais, o “risco” de um improvável voto contrário de sua parte ser atribuído à filiação partidária chega a ser risível, diante da forma como ele jamais se prendeu à cartilha determinada por sua sigla.

A rigor, o “problema” é justamente o contrário.

Compreensível

Wellington, de forma compreensível, ficou transtornado com a opção de seu partido, e ofendido com a justificativa dada.

Em seu desabafo seguinte, inclusive, alguns sentiram que ele passou do ponto ao não dar, ao menos no início, o devido direcionamento às pesadas críticas que teceu.

Mau sinal

Francamente, esta pareceu uma discussão menor, até mesmo porque ele foi bem claro a esse respeito ao fim de sua fala.

O fato é que, para a sociedade, teria sido muito positiva a participação de Wellington na CPI.

E também para os investigados, caso não tenham nada a esconder, dada a credibilidade que seria agregada à investigação.

Porta aberta

Afinal, a ausência do parlamentar desenha um cenário de maioria governista na comissão, abrindo as portas para expedientes como a proliferação de votos contrários ao relatório apresentado, ainda que, neste caso específico, tal recurso se exponha ao risco de ser desmascarado pela investigação paralela tocada pela Polícia Federal.

Preto no branco

Enfim, na prática é tudo muito simples.

Não tem o que esconder?

Então trate de colaborar com as investigações e aguarde pelo devido reconhecimento.

Qualquer coisa que saia desses trilhos entra para o longo rol das justificativas cretinas que a coluna listou ontem,19.

De olho

O mais curioso, para encerrar o assunto, é que a imensa maioria dos vereadores não querem tomar parte na CPI.

E o que quer, é impedido.

Aos que vão participar, portanto, importa esclarecer que medidas como a desta terça-feira só confirmam a necessidade de que a sociedade acompanhe com atenção os trabalhos que serão realizados.

Até porque, como todos sabem, o cheiro de pizza vai longe…

Prazo

O prazo para definir a composição da CPI se encerra na próxima sexta-feira, 21, às 18h.

Rota política

Nesta sexta-feira, 21, Nova Friburgo recebe os candidatos do PSTU ao governo estadual e ao Senado Federal.

Dayse Oliveira e Cyro Garcia, respectivamente, farão corpo a corpo no Cordoeira das 8h30 às 10h; panfletagem na Metalúrgica Isero (a princípio das 12h às 13h); panfletagem em frente à Caixa, na Avenida Alberto Braune, das 17h às 18h; e participarão de debate no Sindicato dos Têxteis das 19h às 22h.

Tragédia anunciada

Perdoem o desabafo, mas o colunista já não sabe mais o que dizer aos muitos leitores que escrevem pedindo ajuda para tentar convencer a prefeitura a respeito da urgência de instalar ao menos um traffic calming na Rua Augusto Spinelli, em especial nas proximidades da esquina com a Rua Monsenhor Miranda.

De fato, o encontro de crianças e veículos nos horários de maior movimento é um barril de pólvora, que só não estourou até agora por pura sorte.

Apelo

Aos colegas da imprensa, em especial os canais de televisão, a coluna sugere a pauta.

Basta ligar a câmera e esperar por alguns minutos para registrar cenas para lá de angustiantes.

Juntos, podemos ajudar a evitar que algo muito triste aconteça ali.

Desde já, o colunista agradece por qualquer ação de apoio.

E aí?

E a concessão do transporte coletivo, hein?

Três dias para se encerrar, e contando…

O colunista se pergunta nessa altura se alguém no Palácio Barão de Nova Friburgo ainda teria a coragem de dizer que a coluna exagerou ao apontar os descalabros cometidos pelo abominável secretário das vilas marginais.

E então, vão dizer que não sabiam?