IMPRESSÕES - 22/11/2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Linha do tempo

"Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se a si mesmo como o gato.”

(Artur da Távola)

 

O tempo parou

O ator, diretor e fazedor do sorriso nos lábios dos amantes do cinema, Charles Chaplin, em seu personagem Carlitos, não imaginou que seu filme Tempos Modernos se transformaria numa parábola, cunhando uma mensagem que, desde aquele tempo (1936) mostrou que o homem, 78 anos depois, não mudou muito no século XXI.    

Pobreza, desemprego, greves, intolerância política, desigualdade econômica, tirania das máquinas (robótica) e narcóticos continuam dominando a cena de um tempo sem rebeldes nem vítimas, mas sim, como escreveu Chaplin magistralmente "almas vivas em um mundo de autômatos”. O homem ainda não compreendeu que a ganância, o lucro e a falta de responsabilidade social não nos levam a um mundo melhor.


Onde vamos parar?

Rui Barbosa tem uma frase célebre que não vou escrevê-la totalmente, mas apenas o início e o fim. "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra.......tenho vergonha de ser honesto”. Isto vale como nunca no mundo de hoje, é de uma atualidade atroz. Infelizmente, tenho vergonha de ser honesto.

Um exemplo? Tenho vários para dizer. Escândalos financeiros, impunidade, deslealdade, infidelidade, soberba, preconceitos. Qualificativos que denigrem a figura humana revelando o que há de pior na nossa pobre existência. Guerras, matanças, trapaças, vergonheira. Estamos caminhando para um ponto não de mutação, mas sim de extinção. Caminhamos a passos largos na estrada que não vai dar em nada.

 

Fábula

Pobreza – divindade alegórica, filha do Luxo e da Ociosidade ou da Preguiça. Alguns dizem que era mãe da Indústria e das Belas Artes. Representa-se com um ar pálido e mal vestida. Algumas vezes também é semelhante a uma fúria esfaimada, feroz e pronta a se desesperar.

Preguiça - divindade alegórica, filha do Sono e da Noite. Foi metamorfoseada em tartaruga por ter dado ouvido às lisonjas de Vulcano. O caracol e a tartaruga lhe eram consagrados.

(Dicionário da Fábula – Livraria H Garnier – Paris)

 

Quem irá nos salvar?

Três fatos mostram-nos como caminha a humanidade quanto à proteção e amparo às crianças e jovens em todo o mundo. São fatos isolados, mas que revelam, na essência, o desprezo e a falta de cuidado com aqueles que serão, em breve, os construtores do mundo.

Faixa de Gaza – Mais de 500 crianças foram mortas nos bombardeios de Israel contra os palestinos este ano, numa das maiores incursões militares naquele território. Uma matança, segundo dizem, com a intenção de não permitir que se formasse uma juventude raivosa transformada em potenciais homens-bomba. 

Brasil – Desde abril de 2012, lei federal 12.564 garante que os adolescentes infratores internados nas unidades da Fundação Casa terão direito à visita íntima, desde que comprovem ter uma união estável. Para ter o benefício, o infrator deve comprovar à Justiça namoro ou casamento.

Os que são a favor acham que é preciso que essa medida não seja vista de forma vulgarizada e sim como uma medida socioeducativa. Os contrários acham que o estado passa a fazer uma concessão absurda, não apenas por permitir que internos obtenham o direito impensável, bem como se cria mais um enorme problema, possibilitando não apenas "um lazer” descabido, como o que é muito mais grave, a concepção de bebês sem qualquer estrutura familiar.

Quênia – Meninas choram em cerimônia de mutilação genital no Quênia. Fotógrafo da Reuters acompanhou o passo-a-passo do ritual da tribo Pokot num vilarejo rural em Baringo. A mutilação genital feminina (FGM, na sigla em inglês) é uma prática que consiste em retirar parte ou todo o órgão sexual de mulheres e crianças. Nos casos mais extremos, a mutilação total é realizada nos lábios vaginais e clitóris (processo chamado infibulação).

A ONU estima que, hoje, 150 milhões (eram 129 milhões no início do ano) de mulheres ao redor do mundo sofrem ou já sofreram com a prática. 


Cine Ditadura

Uma verdadeira paranoia atacou um grande número de brasileiros, após a eleição deste ano, pedindo a volta dos militares ao poder, em função da instabilidade política que vivemos atualmente. Trata-se de uma atitude extremada que beneficia apenas os conservadores e fundamentalistas oportunistas. Para que não esqueçamos os anos de chumbo que vivemos por mais de 20 anos (1964-1985) vale a pena lançar mão dos filmes que tratam deste assunto nefasto e, acima de tudo, indesejável. 


01- Manhã Cinzenta (Olney São Paulo – 1969)

02- O Que é Isso, Companheiro? (Bruno Barreto, 1997)

03- Cabra Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984)

04- Pra Frente, Brasil (Roberto Farias, 1982)

05- Marighella (Isa Grinspum Ferraz, 2012)

06- Cidadão Boilesen (Chaim Litewski, 2009)

07- Hércules 56 (Silvio Da-Rin, 2006)

08-O batismo de sangue (Helvecio Ratton, 2006

09- O Dia que Durou 21 Anos (Camilo Tavares, 2012)

10- Memórias do Chumbo – O Futebol nos Tempos do Condor (Lúcio de Castro, 2012)







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