O Zum zum zum das montanhas

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Uma semana de fortes emoções. Inicialmente pelo lançamento do livro infanto-juvenil, “Zum-Zum-Zum das Montanhas”, fruto de minha parceria com a escritora e presidente da Academia Friburguense de Letras (AFL), Tereza Malcher. Trata-se de um livro de contos que tem como público-alvo os alunos do ensino fundamental, elaborado dentro do contexto da história de Nova Friburgo.

Em parceria com a querida e renomada escritora de livros infanto-juvenis, escolhemos as montanhas de Nova Friburgo como personagens para contar a sua história. A narrativa se desenvolve na forma de diálogo utilizando o humor, o suspense e notadamente o conteúdo histórico. Não obstante o livro estar inserido no ramo literário, todas as informações levadas ao texto são reais, objeto de pesquisa que contempla a fauna e a flora da região, o indígena, a escravidão, a geografia, o trem, os povos formadores, a industrialização, enfim, temáticas seletivas abordadas de forma simples para compreensão do leitor.

O livro objetiva estimular os alunos para a história local e regional como igualmente despertar o interesse na geografia, com destaque para as montanhas que possuem 1.500 quilômetros de extensão. São muitas as montanhas de Nova Friburgo como a Pedra do Capacete, o Morro do Ronca Pedra, a Pedra Cabeça de Dragão, a Pedra da Mariana, a Pedra da Boa Vista, a Pedra Garrafão, a Pedra do Faraó, a Pedra de São Caetano, a Pedra da Babilônia, as Pedras Catarina Pai, Catarina Mãe e Catarina Filho, o Morro do Gato, a Pedra do Chapéu da Bruxa, o Pico da Sibéria, a Pedra da Pirâmide, o Pico do Von Veigl, a Pedra Janela das Andorinhas, o Morro das Duas Pedras, a Pedra da Benfica, a Pedra do Porcelet, a Pedra do Eco, a Pedra do Imperador, a Pedra dos Maffort, o Morro da Cruz, a Pedra Riscada, a Pedra Eller, o Morro São João, o Pico do Filó, a Pedra de Santa Luzia, o Morro do Shangrilá e a Pedra do Cão Sentado.

Com tantos morros, pedras e picos em Nova Friburgo foi criado o Centro Excursionista Friburguense, no ano de 1935, estimulando a prática do montanhismo entre os friburguenses.

Tereza Malcher e eu não teríamos como desprezar tamanha riqueza de nossa geografia e não colocar as montanhas como testemunhas destes mais de dois séculos da história de Nova Friburgo. O lançamento do livro será amanhã, 23, na Academia Friburguense de Letras, a partir das 18h. Já no domingo, 25, às 16h, no antigo fórum da cidade, André Bohrer e eu faremos uma exposição de nossas experiências no documentário “Para onde vão as águas de Nova Friburgo”.

Fecharemos o festival de cinema Fricine Socioambiental que já está na sétima edição, graças ao empreendedorismo de Pedro Cavalcanti, que nos brinda a cada ano com documentários de diversos países com a temática do meio ambiente. Para onde vão as águas de Nova Friburgo é um documentário que tem como objetivo apresentar a Bacia Hidrográfica Rio Dois Rios que compreende os rios Bengalas, Grande, Negro e seus afluentes.

Para responder a essa problemática iniciamos nossa trajetória no maciço do Caledônia, em Nova Friburgo, mostrando o caminho percorrido pelos rios em diversos municípios, seus encontros, até finalmente alcançar Atafona, em São João da Barra, onde o Rio Paraíba do Sul se lança no mar. Apresenta igualmente as relações do homem com os recursos hídricos e demonstra como a bacia hidrográfica é fundamental para a agricultura, a indústria, a pecuária, a geração de energia e para a sobrevivência dos indivíduos em seu cotidiano. 

Para realizar esse documentário André Bohrer e eu percorremos 12 municípios do Centro-Norte fluminense coletando imagens e depoimentos da população ribeirinha inseridos nessa bacia hidrográfica. Esse documentário não poderia ter se realizado sem o apoio do Comitê de Bacias Hidrográficas Rio Dois Rios e da Luau TV, que acreditaram no projeto. Dessa parceria resultou um trabalho disponibilizado no youtube e que pode ser utilizado em salas de aulas. Assim, convido os leitores de A VOZ DA SERRRA para esses dois eventos que me deram imenso prazer de realizar nesse ano, com dois grandes parceiros como Tereza Malcher e André Bohrer. 

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  • Com relação ao artigo publicado nesta coluna na semana passada, “O desabafo de Vanor Tassara Moreira – A traição de Heródoto Bento de Mello”, familiares enviaram ao jornal o texto que transcrevemos a seguir:   

Família defende o ex-prefeito Heródoto: “Homem íntegro, incapaz de traição”

A filha Inês destaca que o pai era guiado por altos valores morais

A família do engenheiro e ex-prefeito Heródoto Bento de Mello se mostrou surpresa e entristecida com as declarações contidas na coluna “História & Memória” publicada na página 6 da edição de 15 e 16 de novembro do jornal A VOZ DA SERRA. Segundo Inês Maria Mello Barros, filha de Heródoto, falecido em 29 de abril deste ano, o fato envolvendo seu pai narrado por Vanor Tassara Moreira, em entrevista transcrita na coluna, não corresponde à versão que ela ouviu em casa durante toda a vida.

Inês assegura que o pai, por ter norteado sua caminhada pessoal e pública por valores morais, jamais cometeria um ato de traição, nem mesmo contra adversários. Ela observa que, em 1964, Heródoto era vice-prefeito, cargo para o qual obtivera mais votos do que o prefeito, já que as eleições, desvinculadas, não exigiam formação de chapa. Inês rememora que o pai contava estar no Rio de Janeiro, tratando de assuntos profissionais, quando soube da decretação de intervenção militar no país. Dias depois da notícia, foi convocado para reunião com o diretor do Sanatório Naval de Nova Friburgo, que praticamente lhe deu um ultimato.

“O diretor falou que o prefeito seria afastado de qualquer maneira e, se meu pai não assumisse, ele faria uma intervenção no governo municipal. Papai achou por bem assumir, dada a situação política conturbada. Ele dizia que tinha recebido votação expressiva e queria trabalhar pela cidade. Nunca passou ninguém para trás, não era o feitio dele, um homem íntegro e honrado”, sustenta Inês.

Inês acrescenta que, em conversas na intimidade, Heródoto classificava de injustos episódios ligados a ele transcorridos no governo militar, como cassação de políticos da cidade. Embora percebesse a dificuldade de desmontar a crença em sua participação nesses eventos, ele esclareceu por diversas vezes, ao longo dos anos, as reais circunstâncias dos fatos.

“Meu pai sempre manteve conduta reta, ele não se distanciou disso. Ensinou aos filhos princípios como amor, fraternidade, honestidade e fidelidade. Em nenhuma hipótese ele seria capaz de trair alguém”, assinala a filha.

Inês Barros frisa que Heródoto Bento de Mello dedicou seis décadas de sua existência a Nova Friburgo, cidade que escolheu para viver e iniciar sua trajetória profissional nos idos de 1940. Para além das polêmicas, ela ressalta as grandes obras que o pai realizou, como prefeito ou diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), e que deixaram seu nome gravado na história de Nova Friburgo e dos friburguenses.

Inês enumera construção do viaduto (atual Avenida Geremias de Mattos Fontes) e de casas populares, idealização do Circuito Serramar, abertura da Estrada Serramar, inauguração do eixo rodoviário, urbanização e modernização da área urbana, implantação de tarifa única integrada dos ônibus (que evitou êxodo da área rural), criação da escola agrícola Ibelga e da Queijaria-Escola, entre muitas outras. “Por essas obras é que meu pai será lembrado. O legado dele para Nova Friburgo é enorme”, conclui Inês.

  • Foto da galeria

    Debate no Fricine Socioambiental sobre a questão dos rios

  • Foto da galeria

    Filmagem no encontro do Rio Paraíba do Sul com o mar

  • Foto da galeria

    Livro de história Infanto Juvenil

  • Foto da galeria

    Heródoto Bento de Mello em 2008, no dia em que venceu a eleição para o governo municipal

  • Foto da galeria

    Em seu último mandato como prefeito, o engenheiro visita obras da UPA em Conselheiro Paulino

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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