Fazenda do Canteiro - O agronegócio - Última parte

quinta-feira, 04 de outubro de 2018

Nas matérias anteriores, foi apresentado João Antônio de Moraes, o primeiro Barão das Duas Barras. Mineiro, migrou para Cantagalo no início do século 19. Chegando a possuir 22 fazendas, sua fortuna correspondia a terras, escravos, pés de café, ganhando dinheiro igualmente como usurário. A Fazenda do Canteiro foi uma das propriedades do primeiro Barão das Duas Barras. Seus descendentes se mudaram para Nova Friburgo na segunda metade do século 19, em busca de um estilo de vida urbano e escola para os filhos. Já o segundo Barão das Duas Barras construiu um palacete em Nova Friburgo que está na posse atualmente da Faculdade de Odontologia da UFF.

Depois de sucessivas transmissões hereditárias ao longo de décadas, o último herdeiro da Fazenda do Canteiro, entre os Moraes, foi Flávio Linch. Dedicou-se à pecuária leiteira, como todas as fazendas do Centro-Norte fluminense que migraram do plantio do café para essa atividade econômica.

Em 1983, Linch vende a fazenda ao casal Roberto Wellem Etz e Teresa Cristina Vieira Machado Etz, que cultiva na propriedade variados tipos de frutas, legumes e hortaliças, se dedica à pecuária de corte, enfim ao agronegócio, colocando a Fazenda do Canteiro como uma propriedade altamente produtiva. Foi a partir dos anos de 1970, com a política de modernização da agricultura que se começou a falar mais explicitamente da existência de uma agricultura capitalista no Brasil, de empresas e de empresários rurais. Com a importância assumida pelas exportações de produtos agropecuários e agroindustriais, a atividade empresarial no campo e as grandes propriedades produtivas passaram a ser responsáveis pelo desenvolvimento do país.

Nos anos de 1980, começa-se a substituir a palavra agropecuária por agroindústria. O aumento expressivo das exportações de produtos agrícolas e agroindustriais, bem como o uso de máquinas e insumos modernos, levou à adoção da expressão agronegócio. Por ser a principal atividade econômica do país, o governo federal passou a se preocupar com o escoamento dos produtos agropecuários, investimentos em pavimentação de estradas, na construção de ramais ferroviários e no aumento da navegação fluvial. O papel do Estado, embora minimizado pelos críticos da dinâmica do agronegócio, permanece atuante, seja por meio de políticas setoriais, seja por intermédio de políticas de infraestrutura e ainda pelo estabelecimento de um marco regulatório nas relações de trabalho e meio ambiente.

O agronegócio é o que sustenta a economia do Brasil. Mas para os empresários é um setor extremamente tributado, uma atividade que paga muito imposto em comparação com os outros países. No Centro-Norte fluminense, a topografia não permite a mecanização, e por isso, depende-se muito da mão de obra que está cada vez mais difícil. Para uma atividade agrícola em alta escala, somente o sistema de parceria, como a meação, tem logrado êxito.

A paisagem da Fazenda do Canteiro é de uma beleza extraordinária com um paisagismo que dá um toque sofisticado ao ambiente rural. Não se vê nessa propriedade muita erosão nos morros provocado pelo outrora plantio do café, muito comum na paisagem dessa região devastada pela falta de tratamento da terra pelos cafeicultores do período do Império. Há uma tendência de as fazendas históricas abrirem suas portas ao público e a Fazenda do Canteiro está aberta à visitação. O visitante poderá percorrer uma trilha nos arredores da fazenda encontrando árvores centenárias e possivelmente velhos pés de café. Além de desfrutar de uma atmosfera histórica, o visitante conhece uma propriedade em plena atividade produtiva. Mais informações podem ser obtidas com Gustavo Etz pelo telefone (22) 9 8110 2783.

  • Foto da galeria

    Imóvel para hospedagem na Fazenda do Canteiro

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    Não se vê nessa propriedade erosão nos morros provocado pelo plantio do café

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    O fogão inglês é uma das preciosidades da Fazenda do Canteiro

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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